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Review: Vol. 1 - Road Rock

avaliação:

Registros ao vivo têm uma utilidade bastante interessante: o fato de podermos consignar como tal artista ou banda, na qual nos debulhamos de escutar em discos de estúdio, se comporta no palco. Sem traquinagens de estúdio, sem costuras e remendas e sem playback (exceto uma Britney Spears da vida), um disco ao vivo é a crueza da banda destilando toda a sua potencialidade moldada de acordo com a emoção do público presente.

Um disco ao vivo só é bom quando é puro, sem modificações posteriores encobridoras além do estritamente necessário. Um exemplo de disco ao vivo bom, é o que se segue, Road Rock, do nada menos nada mais do que o grande Neil Young. Uma das figuras do rock 'n' roll da qual nunca vi alguém ter a insolência de "xingar" é o Neil Young. Absoluto, incontestável, irrepreensível, Neil Young é Neil Young e ponto final. Qualquer cria que saia das mãos deste homem (se é que um ser tão supremo ainda possa ser chamado assim) pode ser com certeza aproveitada para alguma coisa. E, para nosso deleite, geralmente suas crias só servem para nos proporcionar algumas horinhas de êxtase roqueirístico. "Road Rock" nos faz sentir como que presentes no show, na platéia, acompanhando com as palmas a ovação estabelecida já na primeira música, na qual os acordes da guitarra soam repletas de vigor, fúria e "vontade de arregaçar" que são difíceis de encontrar num senhor de cabelos grisalhos. Isso nos faz constatar que o rock de Neil ainda é "young", aliado a uma tremenda dose de experiência, sabedoria de anos e anos de viver. "Cowgirl in the Sand" ainda se estende por inebriantes 18 minutos e abre o disco confirmando que o cara não está lá para brincadeiras.

O disco continua trespassando por várias pérolas pinçadas ao longo da belíssima discografia de Neil Young, algumas já clássicas e outras nem tanto, mas de igual grandeza. Ademais, não cabe no momento me prolongar na descrição das mesmas, uma vez que uma simples análise não reflete a satisfação de ouvi-las plenamente. Melhor do que perder tempo com minhas bobices, o melhor a ser feito agora é escutá-las para tirar suas próprias conclusões, já que certas músicas aparecem com algumas variações com relação as versões originais.

Todas a faixas que se seguem demonstram que além do gênio quase
"deus" de Neil Young, por trás do som acachapante há uma banda incrível, dotada igualmente de cabelos brancos, mas com a mesma sede de rock. São esses vovôs que realmente salvam a nossa classe, pois o que tem sido feito por cabeludos que mal curaram suas espinhas ultimamente é de desmantelar qualquer um. Na falta de uma "nova salvação do rock", que parece ser anunciada toda semana (principalmente pela imprensa inglesa) assim que aparece uma ou outra bandinha competente do gênero, ficamos com a nossa trupe de "old rock" pois é com eles que temos a certeza de que o rock 'n' roll nunca vai morrer. Torcemos ainda para que os remanescentes de "bandas das antigas" se animem (o que já está acontecendo) e voltem com força total para mostrarem para as atuais e futuras gerações como é que se faz rock de verdade. Nessa onda da terceira idade por aí, na qual nossos velhinhos trocam seus passatempos prediletos (cruzadinhas, bingo, brincadeiras com os netos) por algo mais dinâmico, nada melhor do que pegar na outrora abandonada e empoeirada guitarra e sair esbanjando qualidade de vida por aí.

Ah, voltando ao disco, ele termina com uma homenagem ao hino "All Along the Watchtower" (com participação de Chrissie Hynde, aquela do Pretenders) de autoria de outro exemplo vivo de longevidade e supremacia no rock, o igualmente gênio quase "deus" Bob Dylan.

Maurício Chan Lee