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Review: On My Way

avaliação:

Com seu segundo álbum, On My Way, Ben Kweller repete a boa impressão causada na estréia, com boas e simples canções que passam seu recado sem muita pompa e circunstância. É um disco leve e bem resolvido, onde Kweller conseguiu equilibrar a dose nos arranjos, conseguindo ao mesmo tempo um som cheio sem perder a espontaneidade.

Esses traços de espontaneidade já ficam evidentes logo na primeira faixa, "I Need You Back", que transita no território power pop bem conhecido do cara. Kweller canta solto, como se estivesse num ensaio. O vocal dele chega a falhar feio no segunto 'heey' do refrão, mas sem comprometer, muito pelo contrário. Em tempos de Pro Tools, chega a ser uma bênção ouvir um momento humano num álbum tão caprichado. A seqüência inicial continua com mais duas músicas na medida para quem gostou do primeiro álbum do cara, Sha Sha. A esquizofrênica "Hospital Bed" é mais pop colorido, misturando com pianinho tosco com guitarras rock, enquanto "My Apartment" talvez seja a melhor melodia do disco. O único porém é a letra bobinha, mas ao se deixar levar pela melodia a música entusiasma. No segundo verso, quando a segunda guitarra baixa o tom é um momento marcante, acentuado quando entra o teclado iluminando o refrão. Depois de ganhar a torcida com a tríade que abre o disco, Kweller dá um tempo no power pop e encara um momento voz e violão na faixa título "On My Way". Tem inclinações mais para o country do que folk, citado como influência do guri, mas não é particularmente inspirada. A letra mantém o pique contando historinha mas a melodia cansa fácil.

E é a partir de "The Rules" que Ben Kweller surpreende mostrando um rockzão vigoroso e pesado. Pesado para os padrões Ben Kweller, naturalmente. "The Rules" mostra também que o cara está antenado ao que anda rolando, já que a música traz os ecos no chamado 'novo rock', com o riff curto e durão, próximo a bandas como o Kings of Leon. "Down" segue essa linha rock n' roll, mas é mais solta, com o instrumental lembrando uma jam em alguns momentos. Ainda há "Ann Disaster", talvez a melhor dele nessa linha roqueira, mas antes surge "Living Life", um baladão ao piano. Muito apropriado para quebrar a seqüência. E sim, isso é ironia. Enfim, "Living Life" não chega a destruir corações e ensanduichada entre as faixas mais rock perde completamente o impacto. E depois temos a já citada "Ann Disaster" que é o tipo da música que conquista pela insistência. Kweller enfia goela abaixo suas guitarradas com confiança e entusiasmo, acompanhado de bateria quebradeira.

O que sobra são mais baladas. "Believer" tem um boa levada mas não chega a ser especial. Ben Kweller se mostra um estudioso das manhas de compositor, em "Believer" ele domina todos os macetes para levar a uma música apenas mediana a seu pleno potencial. É só ouvir o finalzinho onde ele se deixa levar pelo refrão para marcar bem a melodia. "Here Me Out" talvez seja a mais fraquinha, Kweller usa a harmônica para dar um colorido diferente, mas a música é repetitiva e novamente não empolga. A balada que encerra o disco é a que vale por todas as outras. "Different But The Same", de arranjo requintado levado no piano, belas harmonias e um refrão primoroso, longo, vai crescendo e envolvendo o ouvinte com facilidade.

No mais, Ben Kweller conseguiu um belo disco que para se ouvir quando se procura por diversão sem compromisso. É possível que On My Way conquiste apenas a beirada das famosas listas de melhores do ano, se tanto, mas não é para isso que o som de Ben Kweller se propõe. E antes de tudo, é um disco que credencia manter os olhos abertos para o futuro do cara, que vem demonstrando talento e pela sua juventude ainda tem uma longa caminhada pela frente. É cedo para fazer observações definitivas. Ainda não dá para dizer se Ben Kweller é um estudioso que será capaz de emular influências com precisão ou vai seguir um caminho cada vez mais autoral e próprio, que é o que vem acontecendo.

Alexandre Luzardo
agosto/2004