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Review: A Rush Of Blood To The Head

avaliação:

O Coldplay é hoje um dos maiores expoentes do rock inglês. Bastou apenas um disco, Parachutes, lançado em julho de 2000, para que a banda caísse nas graças da crítica e público nos quatro cantos do mundo. Canções de letras simples, com temática de predomínio romântica e arranjos bem cuidados foram os ingredientes para o disco decolar no exigente mercado fonográfico europeu.

Porém, o segredo do conjunto parece transpor fórmulas fáceis de sucesso e melhor ficar explicado no talento e erudição musical do vocalista Chris Martin e sua trupe. Após o sucesso repentino do primeiro CD, as expectativas para seu sucessor cresceram e tomaram espaço da mídia especializada.

A expectativa tornou-se constatação com a chegada de A Rush Of Blood to The Head. Em linhas gerais, o trabalho passeia com habilidade entre a linha tênue que divide o bom gosto do exagero. O novo trabalho pode ser encarado também como uma viagem pelas principais influências do bom e velho rock inglês. As 11 faixas do CD fazem citações a referências clássicas do rock britânico, indo do psicodelismo dos anos 60, passando pelo som progressivo (70), ao pop rock (80) e flertando com o despojamento do grunge (anos 90).

A Rush Of Blood abre com a simples e direta Politik, com uma bateria socada e o vocal despretensioso de Chris Martin. Na seqüência, In My Place mostra uma das mais marcantes influências do grupo, fazendo referência à sonoridade da fase inicial U2, em idos da década de 80. No entanto, é a partir da terceira música, God Put A Smile Upon My Face, que o disco mostra sua força. Na música, o vocal se mostra em perfeita sintonia com o violão, enquanto o riff da guitarra completa um par perfeito com a linha de bateria. Já nasceu hit.

Sim, os Beatles também deixam sua influência na belíssima The Scientist, composta com uma abertura no piano bem ao estilo de Let it Be e Imagine (Lennon). Em Daylight, uma sonoridade psicodélica lembra mais uma vez os arranjos com cítaras elaborados pelo George Harrison em meados dos anos 60. O lado mais progressivo do conjunto pode ser conferido nas faixas Warning Sign e A Whisper, mostrando guitarras cheias no melhor estilo floydiano e arranjos grandiosos que poderiam figurar em um disco do Radiohead.

Muito além da reprodução de influências obrigatórias do rock inglês, o Coldplay soube dar identidade também à sua música. Talvez, o grande mérito e importância para o estilo de A Rush Of Blood to The Head, esteja justamente na habilidade que o conjunto teve em fazer de suas principais influências os ingredientes básicos na construção de uma nova obra musical. Afinal, um bom disco é feito de muitos outros.

Guilherme Prezia set/2004