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Os discos que marcaram o 2005 da Dying Days

Depois de seis anos no ar, a Dying Days sucumbiu à tentação de publicar listas de preferidos do ano. A esta altura você já passou por pelo menos uma dezena delas, está com a cabeça tão povoada de sugestões que está misturando nome de banda com nome de disco. Por que diabos a Dying Days resolveu entrar nessa? Por que o planeta precisa de mais uma lista virtual?

Nosso coletivo de sete colaboradores estreiou no ano passado o espaço "Vitrola", que está propositalmente escondido na capa do site. Na época, o intuito foi único e exclusivo de promover uma troca de sugestões de bandas e discos que iam sendo digeridos e, pelo motivo que fosse, mereciam algum tipo de menção. Com o cuidado de fugir da pretensão da palavra divina, sem depender da estrutura do site, promovendo uma maior interação entre todos que freqüentam o espaço. Depois de um ano e meio na brincadeira, resolvemos enfim passar a régua no ano e trocar as sugestões definitivas, os discos que cada um acredita que não podem virar o ano em branco.

Que seja pela diversão dispensável de fazer listas ou pela curiosidade de saber o que o coletivo escutou, são sete discos de cada um dos sete colaboradores. Se não nos arrependermos, em 2006 sai de novo.

Nota: O “Funeral” do Arcade Fire foi lançado em 2004, mas no Brasil saiu somente em 2005. Cada um ficou livre para considerar se incluía em sua lista ou não, dependendo de quando veio de fato a ouvir o disco.

Alexandre Lopes
Alexandre Luzardo
Ana D. M.
Fabricio Boppré

Francisco Marés
Natalia Vale Asari
Vicente Moschetti


Alexandre Lopes

Selecionar os 'sete melhores discos de 2005' pode ser uma tarefa meio falha, principalmente quando você tem dado maior atenção a discos de anos passados (Flaming Lips, Pink Floyd e Syd Barrett foram alguns dos nomes que mais ouvi ultimamente). Mas ao relacionar os discos atuais que transitaram aqui pelo meu Winamp, percebi que talvez eu não esteja tão estagnado como pensei...


Queens of the Stone Age - "Lullabyes to Paralyze"

Tá certo, o QotSA debandou um pouco sem as porralouquices e berradeiras espontâneas do Nick Olivieri, deixando espaço para algumas passagens longas e viajadas demais do Josh Homme. Mas acontece que 'Lullabyes to Paralyze' ainda é um dos álbuns mais consistentes que ouvi em 2005; boas melodias ("This Lullaby", "I Never Came") rocks eficientes ("Medication", "Little Sister") e riffs que te levam a praticar air guitar ("Tangled Up In Plaid", "Everybody Knows That You're Insane"). Não é absolutamente perfeito, mas ainda assim é o melhor que eu achei dentro do time dos 'medalhões' atuais (levando em consideração os discos fracos de Dandy Warhols e Billy Corgan, por exemplo). E Josh Homme ainda é o melhor riffeiro da atualidade pra mim, ponto final.


The Mars Volta - "Frances The Mute"

Depois de assistí-los no TIM Festival de 2004, fiquei seco para ouvir este disco. De cara, o excesso de viagens do Mars Volta pode te dar uma indigestão, um estranhamento inicial. É compreensível: o som da banda é algo como se o Led Zeppellin desse uma cria bastarda junto ao punk, para em seguida o tal filho revoltado flertar um pouco com a eletrônica e ritmos latinos. Uma comparação dessas chega a dar medo, certo? Mas depois que essa primeira impressão é ultrapassada, é impossível não colocar "Frances The Mute" nesta listinha. Só "L'via L'viaquez" já vale o disco inteiro. E nem precisa usar drogas pra viajar junto.


Sleater-Kinney - "The Woods"

O disco inicia com "The Fox", uma faixa que começa primorosa, barulhenta, para depois adicionar um ritmo mais quebrado, somente para retornar à quebradeira novamente. Essa é basicamente a tônica de todo disco de rock empolgante, mas o Sleater-kinney não pára por aí; ao longo das faixas, as moças adicionam algo mais melodioso e cadenciado aqui e ali, com guitarras de timbre simples, mas que diferem de dezenas de outras bandas pela pegada e arranjos inventivos. Ao ouvir este disco, eu posso dizer seguramente que o Sleater-kinney é a melhor banda feminina que eu tenho conhecimento - apesar de não gostar de vocais femininos estridentes.


Wolf Parade - "Apologies To The Queen Mary"

Eis um disco ligeiramente 'estranho', mas bem legal de escutar. Podem ter sido os 'ecos de Frank Black' emulados pela voz principal, mas posso dizer que me surpreendi com o Wolf Parade. Não sou muito fã de teclados, mas em 'Shine a Light' eles são uma atração à parte, e os arranjos poucos convencionais contribuíram bastante ao clima alegre da faixa. Um bom disco para se ouvir sem compromisso.


Oasis - "Don't Believe The Truth"

Quando ninguém mais acreditava que esses caras poderiam fazer algo decente, eis que eles resolvem gravar algo que vale o download. Não é nenhuma sofisticação em relação aos discos anteriores, mas a simplicidade de canções como "The Importance Of Being Idle" e "Mucky Fingers" faz jus aos fãs e fama que eles conseguiram anteriormente. E o engraçado é que as faixas cantadas pelo Noel Gallagher acabaram ofuscando o vocal (e a arrogância) do irmão Liam. Demorou pro Noel sair em carreira solo.


Alice Cooper - "Dirty Diamonds"

Estranho tia Alice estar aqui no meio de discos alternativos? Nem tanto: este álbum tem uma sonoridade bem garageira, e não chega a soar forçado. Valeu pela espontaneidade, e pelo cover que destoa completamente do resto do disco: "Pretty Ballerina". E eu ainda arrisco a dizer que o riff de "Dirty Diamonds" lembra bastante Black Rebel Motorcycle Club.


Massacration - "Gates of Metal Fried Chicken of Death"

Isso é sério! Se um dos 'mandamentos' do rock é divertir, este álbum cumpre (e bem) esse propósito. Puxe este disco, ouça e perceba se não estou certo...


Alexandre Luzardo

Não tenho a pretensão de escolher os melhores discos do ano, tanto que a minha lista sequer está em ordem. No entanto, acho válida a idéia de trocar impressões sobre alguns dos diversos discos lançados em 2005. Entre os meus sete escolhidos estão representantes distintos de diferentes universos, de novidades aos nomes consagrados, que freqüentaram o meu playlist durante o ano. A começar por um disco que é simplesmente bom, em qualquer contexto:


Black Rebel Motorcycle Club – "Howl"

Com certeza o disco mais surpreendente do ano. Acho que ninguém poderia esperar que o BRMC viesse com um disco como esse depois de seus dois primeiros trabalhos. Confesso que nunca tive mais do que simpatia pelo BRMC. Com todo o respeito que o Jesus And Mary Chain me merece (e eu gosto bastante da banda), acho que a banda dos irmãos Reid não é suficiente para justificar a existência de um seguidor tão fiel como o BRMC era até então. Mas com Howl a história muda. Irretocável, da primeira a última faixa, é incrível como a banda conseguiu se voltar ao passado, a música americana de raiz, e ainda assim soar absolutamente genuíno. Não tenho idéia se foi um mero exercício de estilo ou se a banda achou sua identidade e vai seguir esse caminho no futuro, mas no mínimo "Howl" é uma prova de versatilidade dos músicos do BRMC. Independente do que vier por ai, por si só e pelos seus méritos, "Howl" é um disco para deixar marcas definitivas em quem ouve.


Foo Fighters - "In Your Honour"

Eu queria escolher pelo menos um cachorro grande (alguns diriam cachorro morto) para compor a lista e confesso que a escolha não foi fácil. Não que faltaram discos bons do povo que freqüenta as paradas, pelo contrário. O problema é que nenhum foi exatamente marcante. O novo do Beck é muito bom, mesmo sem nada revolucionário. O Oasis também fez um belo disco (“The Importance of Being Idle” foi uma das músicas que mais ouvi esse ano). Até o Audioslave, que eu esperava que fosse afundar pela mostra do primeiro single (“Be Yourself”), mas me surpreendi positivamente. Em todo caso, optei pelo Foo Fighters pela ambição. O Foo Fighters queria fazer ‘o disco’ com "In Your Honour". Talvez não tenha conseguido, pois o resultado ficou um pouco maçante, mas a banda precisava dar uma sacudida depois do decepcionante "One By One", e mostrou que continua sendo um dos poucos nomes que podem ser levados a sério no mainstream. O conceito do álbum me convenceu, aquela história de homenagear o povo que ia aos comícios de Jon Kerry onde o Foo Fighters tocou, se faz presente em músicas como “Best of You” e a faixa título. Já o disco acústico valeu especialmente pelas surpresas, o dueto com Norah Jones ficou bacana, e “Cold Day In The Sun” (com Taylor Hawkins no vocal) é excelente. Agora, se a motivação para fazer o disco foi o sucesso multi-milionário do álbum conceitual do Green Day, aí eu fui enganado completamente e cá estou eu fazendo papel de palhaço.


Greg Dulli - "Amber Headlights"

Um lugar nessa lista estava reservado para um herói do passado. Billy Corgan desperdiçou sua chance com seu "TheFutureEmbrace", disco que até hoje não entendi (e olha que eu tentei). Já Greg Dulli fez a alegria de um fã do Afghan Whigs das antigas. É um disco de guitarra, com um pique roqueiro que nunca ouvi no Twilight Singers. Não chega a ser um disco que vá marcar o ano de 2005 até porque não traz exatamente nada de novo, mas aquela seqüência inicial de “So Tight”, “Cigarrettes” e “Domani” é de arrepiar quem passou anos ouvindo o "Gentlemen".


John Frusciante – "Curtains"

"Curtains" fez parte da seqüência de seis álbuns em seis meses, iniciada em 2004, mas como foi lançado em janeiro de 2005, pôde ser considerado para a lista. Nem é o melhor disco da série (a honra provavelmente fica com "The Will to Death"), mas ainda assim figura fácil entre os melhores desse ano. Basicamente é apenas John Frusciante na voz e guitarra e nem precisaria mais. A musicalidade desse cara é extraordinária. Basta ouvir “Anne” e comprovar.


Los Hermanos – "4"

Entre os nacionais tem várias novidades pintando, mas ainda nenhum nome conseguiu me empolgar mais que os cariocas do Los Hermanos. Cada vez mais isolados musicalmente, o LH apresenta em "4" um disco ainda mais introspectivo. Das primeiras vezes que ouvi fiz uma relação um tanto absurda, mas que para mim até hoje faz sentido: o "4" está para o Los Hermanos como A Ghost Is Born está para o Wilco. No disco seguinte a um trabalho consagrador como foi "Ventura", o Los Hermanos veio mais contido, mais esparso, com muitos detalhes a serem explorados com calma pelo ouvinte. Trocando “Ventura” e “Los Hermanos” por “Yankee Hotel Foxtrot” e “Wilco”, a frase acima é a mesma. E assim como a banda de Jeff Tweedy mostrou no recém lançado disco ao vivo (e no show do Rio que eu não fui), as músicas novas do Los Hermanos ficam muito bem ao vivo.


Posies - "Every Kind of Light"

O Posies está entre as bandas veteranas que, longe do sucesso comercial e já sem qualquer hype no mundo indie, segue fazendo bons discos. Nada Surf e Teenage Fanclub também estão na mesma situação e igualmente lançaram bons discos (o do Teenage Fanclub é especialmente despretensioso, demora um pouco para encantar), mas optei por "Every Kind of Light" para figurar nessa lista. Um disco sem nenhuma música fraca; na minha opinião o Posies conseguiu fazer um de seus melhores trabalhos depois de 15 anos de carreira.


Sufjan Stevens – "Illinoise"

Eu não sou exatamente o tipo que se rende fácil a novidades, já que eu só consigo me entregar depois de uma identificação maior com o artista ou banda, o que normalmente só vem depois de dois ou três discos. Mas 2005 foi um ano repleto de bandas novas e eu até acompanhei bastante as novidades graças às facilidades da vida moderna (leia-se p2p e mp3 player). De todos, Sufjan Stevens, que não é exatamente um estreante, foi o que mais me empolgou. O requinte das melodias e a riqueza dos arranjos certamente me convenceram a acompanhar a série dos estados americanos do rapaz com interesse daqui pra frente. Também gostei da excentricidade do Decemberists e seu "Picaresque", da psicodelia infantil do Arquitecture in Hensinki e Okkervil River e Wolf Parade têm os seus grandes momentos, mas no todo, deu Sufjan Stevens, disparado. Ainda que eu não compartilhe do mesmo entuasiasmo de quem ouviu e se apaixonou, já que pra mim o disco é um pouco longo demais, não consigo ter pique para ouvir todo. O que não quer dizer nada, já que o do Foo Fighters está nessa lista e é duplo.

Resmungos: infelizmente o "Funeral" tecnicamente é de 2004, pois foi um dos discos que mais ouvi durante o ano. Por outro lado, duas das bandas mais cotadas do desse ano eu sequer cheguei a escutar: Animal Collective e My Morning Jacket.

Ana D. M.

Os Bons, os Maus e os Insípidos

O ano de 2005 em termos de álbuns lançados, pode saber, é o que provavelmente será chamado de um 2000s típico. Sei que é meio cedo pra dizer o que significa isso, mas por exemplo, a marca mais forte é que a maioria das boas bandas vêm aparecer por via não-oficial. Só vem conhecido por gravadora grande o que já era assim antes. O resto do povo coloca o material na rede, e você sai atrás pra conhecer por indicação, atrás de alguém que diga “ó, isto aqui parece com...”. E aí vem alguma referência batida pra tentar definir um pouco melhor o som da banda, o que às vezes se torna algo bem difícil. É cada vez mais raro ficar conhecendo alguma coisa nova e boa pelo rádio, pior ainda pela MTV.

Bom, como já comentei antes, não ando exatamente atrás da “nova salvação do rock” e ouvi poucos dos discos lançados em 2005. A maioria dos trabalhos “locais” que peguei já são de 2004 ou antes ainda. E dos álbuns que estão nesta lista, não achei nenhum, nenhum mesmo, exatamente “inovador”. O denominador comum é: pouca coisa nova, muita continuidade de trabalho. E isso não é necessariamente ruim. Este ano foi pra shows, não pra álbuns.

Mas entre aqueles que dão dor de cabeça ou não... pra não cometer a injustiça de apontar melhores quando não escutei coisa suficiente pra apontar melhores, 7 bons álbuns deste ano (Obs.: Não incluí coletânea, nem disco ao vivo. Senão, seria obrigada a pôr nesta lista no mínimo do mínimo o "Telluric Chaos", dos Stooges e o "Minimum / Maximum", do Kraftwerk.), isentos de sujeira melódica:


Cowboy Junkies – "Early 21st Century Blues"

Inclui covers de John Lennon e Bob Dylan, só pra citar os “grandes”. Trilha sonora pros cretinos anos 2000, é perfeito.


The Fall – "Fall Heads Roll" // New Order – "Waiting For the Siren’s Call"

É... só que material novo vindo de banda que tocava na mesma época não cheira a requentado. E na contabilidade deste século, pra pobre sempre 2 = 1 mesmo.


Neil Young – "Prairie Wind"

Não sou exatamente a maior fã do mundo do Neil Young, nem mesmo quando o tiozão fez sua colaboração pra tirar o Pearl Jam da linha no tempo do "No Code", mas este álbum ficou tão deite-e-escute-sossegado que teve que entrar na lista.


Arcade Fire - "Funeral"

Sei que ele tinha sido lançado em 2004, mas também teve versão lançada em 2005 e ouvi em 2005, então tá na lista. O Arcade é uma das poucas bandas que consegue fazer uma apresentação com o David Bowie e não ser ofuscada, até porque o som tem bastante afinidade. E o álbum é grudentíssimo; Rebellion/Lies é extremamente grudenta.


Fiona Apple - "Extraordinary Machine"

Por mais que o álbum tenha sido “expelido” por causa da pressão dos fãs – corria a história de que ele estava pronto, mas a Epic não queria liberar porque “não era comercial”, quando isso é apenas parte da história, sendo que era a própria Fiona que não estava muito feliz com o que já tinha gravado e vazado na net no começo deste ano – ele não é bem um álbum “incompleto”. O som na versão final não é exatamente difícil, como as versões que tinham vazado, apesar de mais cru instrumentalmente que o "When The Pawn Hits The Conflicts He Thinks Like A King", de 1999. Pelo contrário, é alguma coisa que dá pra deixar tocando horas e horas, até cair a ficha das letras...


Garbage – "Bleed Like Me"

Um pouco de eletrônico, um pouco de distorção, pouco de revival anos 80, som típico do Garbage. É um disco quase inteiro de faixas “tocáveis em rádio”, só que em outros tempos, haha.


Juliette and the Licks - "...Like a Bolt of Lightning"

Mallory Knox, ops, Juliette Lewis. Pra 2ª desgraça da banda (a primeira é a vocalista ser atriz), chegou a ser apontada como a "nova salvação do rock" pela Metal Edge. Mas o disco é bem legal, não se mete a inventar nada e acaba que desce “redondinho”. Juliette Lewis já tinha gravado covers da PJ Harvey, mas com os Licks é algo bem diferente, com guitarras cheias; lembra um pouco o Concrete Blonde no comecinho, apesar de ser meio que um pecado comparar as letras dos Licks com as da Johnette Napolitano.

P.S. Obrigada aos outros escribas que me ajudaram a juntar boa parte do material de 2005 pra ouvir. Vocês são uns anjos da darknet!

Fabricio Boppré


Black Rebel Motorcycle Club - “Howl”

Já elogiei tanto esse disco que sinto que não há nada que eu possa acrescentar sem me repetir. É de longe a coisa mais marcante e inspirada que eu ouvi em 2005, por isso está aqui no topo. Mas o resto que segue não tem ordem de preferência.


Nada Surf - “The Weight is a Gift”

Boa surpresa (ao menos para mim, que nunca tive o Nada Surf em altíssima conta), um disco de execução simples mas empolgante, cheio de boas melodias e refrões redondinhos. Em termos de quantidades de audições, deve perder só para o “Howl”. Não que isso signifique alguma coisa muito importante - mas tendo sido uma fonte tão recorrente de diversão, merece estar aqui.


Trail of Dead - “Worlds Apart”

Talvez em função da alta expectativa inegavelmente frustrada em um primeiro momento, esse disco demorou um pouco para me ganhar. Mas aos poucos fui me afeiçoando e logo já estava considerando-o um discaço espetacular. Uma bela seqüência para a obra-prima “Source Tags and Codes”.


Cream - “Royal Albert Hall”

Disco duplo resultante da recente reunião de uma das bandas mais importantes de todos os tempos. O primeiro power trio da história mantém ainda uma impressionante química ao vivo, mesmo passadas mais de três décadas após a separação, detonando em clássicos como Sunshine of Your Love, Spoonful e NSU. Ginger Baker, Jack Bruce e Eric Clapton, estes são os caras.


Six Organs of Admittance - “School of the Flower”

Destas eleitas, é a única banda (na verdade, é uma one-man-band) que eu conheci somente esse ano. Mas devido a esse disco singular, de sonoridade ora acústica, ora turbulenta, todo envolto em uma atmosfera sombria e solene, sua presença na minha listinha é obrigatória.


Iron & Wine e Calexico - “In the Reigns”

Formidável EP gravado em parceria por Samuel Beam (aka Iron & Wine) e o Calexico. Os estilos, já naturalmente similares, se combinam muito bem e rendem um punhado de canções sublimes.


Bonnie "Prince" Billy e Matthew Sweeney - “Superwolf”

Outra parceria rendendo um disco irrepreensível. My Home Is The Sea, a primeira música, podia ser a única também, que mesmo assim a existência desse álbum já estaria plenamente justificada.

Francisco Marés

2005 foi um ano bom para a música? Vamos analisar: o rap-farofa conseguiu fazer mais barulho do que no ano passado, isso sem nenhum hit tão bacana quanto “Hey Ya” (até acho aquele rap francês do est-que-tu-m’entend-é-oh legalzinho, mas precisa tocar o dia inteiro?). Novos rebentos da nova geração de recicladores conseguiram ultrapassar as barreiras do rock “alternativo”, onde ninguém mais tem saco para suas reinvenções baratas, e bandas de qualidade duvidosa (ou, para ser franco e direto, latas de lixo com guitarras penduradas no pescoço) como Bravery e The Killers, além dos nada mais que razoáveis Bloc Party, Franz Ferdinand e Kaiser Chiefs, caíram na boca do povão e viraram a ultima bolacha do pacote do dia para a noite. Bandas como os favoritos da casa Delgados e os babacas mais legais do País de Gales McLusky apareceram de um dia para o outro no colo do urso e hoje são ex-bandas. Parece que foi mais um ano perdido, assim como na política, na economia... Será?

Em que outros anos tivemos tantos shows internacionais de qualidade (Weezer, Mercury Rev, Pearl Jam, Sonic Youth, Arcade Fire, Wilco, Manu Chao, etc, etc, etc.) em Terra Brasilis? O ano de 2005 pode ter revelado o território brasileiro para o circuito mundial de shows de uma forma intensa, e, ainda por cima, incluiu cidades tradicionalmente deixadas de lado como Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre. Além dessa euforia local, mais do que bem explicada, tivemos o lançamento de discos excelentes, incluindo os que eu citarei agora e os que foram citados pelos meus colegas acima (e abaixo). Creio que esse ano os bons lançamentos vieram num número bem maior do que no ano passado, e ainda revelaram grandes nomes para o futuro, como Cidadão Instigado e Arcade Fire, além de terem confirmado o talento de veteranos como o Mercury Rev.

E o que nos espera em 2006? É difícil dizer. Nem uma lista de possíveis lançamentos adianta muito. Espero, porém, que sejamos novamente surpreendidos, seja por quem for, em qual ritmo for.


Sigur Ros - "Takk"

Antes de ouvir o disco, havia escutado dois comentários distintos sobre o disco: um dizia que este era uma seqüência mais experimental do disco anterior, enquanto o outro afirmava que, com esse disco, o Sigur Rós virara “pop”. Por mim, não foi nada disso. A banda escolheu um caminho um pouco diferente daquele traçado em Agaetis Byrjun e (), um pouco mais alegre e mais solto, e com canções que quase esbarram no “pop” (“Gong”, “Hoppipolla” e a lindíssima “Glosóli”), mas a essência é o bom e velho Sigur Rós de sempre, com melodias poderosas encobertas por uma suavidade e uma beleza única. Talvez esteja um grau mais acessível que seus antecessores, mas quem nunca gostou não vai gostar como sempre. [recomendadas: “Glosóli”, “Gong”]


The Mars Volta - "Frances The Mute"

Lembro-me de uma descrição do disco “Are You Experienced?”, do Jimi Hendrix, no qual o autor afirmava que cada nota de sua guitarra massageava um ponto diferente no cérebro. Guardadas as devidas proporções e óbvias diferenças de estilo, essa descrição serve mais que bem para Frances The Mute. O novo disco do Mars Volta é uma profunda viagem aos confins mais distantes do cérebro humano. Mais que um disco, Frances é um painel formado por viagens instrumentais nos limites do minimalismo, fusões inusitadas de ritmos, melodias poderosas e letras enigmáticas; e todos esses elementos são estruturados de uma maneira única, fazendo que cada uma das longas músicas do disco atinjam ápices arrebatadores. Um disco certamente difícil, mas que vale muito a pena ser decifrado. [recomendadas: “L’Via L’Viazquez”, “Miranda That Ghost Just Isn’t That Holy Anymore”]


Sufjan Stevens - "Illinoise"

O cantor, compositor e instrumentista polivalente americano Sufjan Stevens fez do segundo capítulo de sua epopéia americana – 50 discos para 50 estados – um clássico instantâneo. Aprimorando idéias já presentes em Michingan, o disco anterior, Stevens dá uma nova roupagem para velhas idéias da música americana, com exemplos variados da música local, que vão desde o folk intimista de “John Wayne Gacy, Jr.” até o Ray Conniff estilizado de “Come On, Feel The Illinoise!”, passando por pérolas caipiras e até algumas evocações do rock “muderno” de Strokes e companhia. Discaço, sem sombra de dúvidas. [recomendadas: “The Man Of Metropolis Steals Our Hearts”, “Come On, Feel The Illinoise!”]


Arcade Fire - "Funeral"

Esse talvez tenha sido o ano do Arcade Fire. Poucos conseguiram unir sucesso de público e crítica com tanta intensidade, e poucos foram tão onipresentes nas listas de melhores do ano, isso sem levar em conta que muitas vezes a ausência deveu-se ao fato de que o disco já estava disponível em 2004 na gringolândia. Mas isso é irrelevante: o que importa é que Funeral é uma senhora estréia. Grandes melodias, climas intensos, refrões épicos, instrumental único, são só alguns motivos pelo qual o Arcade Fire conquistou o mundo. Esse disco sozinho compensou por todas às vezes que tive o desprazer de ouvir The Killers esse ano. [recomendadas: “Neighborhood #1 (Tunnels)”, “Rebellion (Lies)”]


The Decemberists - "Picaresque"

Ao contrário de muitos outros artistas, que se rendem ao normal e aceitável após alguns anos de carreira, Colin Meloy e seus parceiros vão cada vez mais fundo em sua loucura e nostalgia. O foco, além dos contos de piratas – tema recorrente do universo mitológico dos Decemberists – e guerras sangrentas do início do século passado, cai também sobre a coroa espanhola e seus rituais peculiares, romances folhetinescos do século XIX e até o futebol americano. Um disco estranho, porém fascinante, excelente para exercitar sua imaginação. [recomendadas: “The Mariner’s Revenge Song”, “Eli The Barrowboy”]


Cidadão Instigado - "Método Tufo de Experiências"

Esse foi, para mim, o grande disco brasileiro do ano, provando que é possível fazer discos independentes no Brasil de qualidade tão boa ou melhor do que os discos de major – talvez até melhor, parece-me que os independentes tratam sua música com mais carinho. É um disco difícil, melodicamente falando; não raro, o cearense Fernando Catatau (o tal Cidadão Instigado) abusa de experimentações, mudanças de andamento ou barulheira pura e direta, chegando até a existir uma comparação com o Mars Volta. Mas sua poesia é simples, com significados universais, que vão desde o preconceito sofrido por ele, um nordestino em São Paulo, até interpretações sagazes das leis de Deus. [recomendadas: “Os Urubus só Pensam em te Comer”, “O Pobre dos Dentes de Ouro”]


Mercury Rev - "The Secret Migration"

É verdade o que eu disse há um tempo atrás: esse disco decepcionou em um primeiro momento. Mas fui injusto com o mais novo rebento do Mercury Rev; não se trata de uma obra-prima irrepreensível como o mágico “Deserter’s Song”, não conta com nenhuma canção arrebatadora como “The Dark Is Rising”, de “All Is Dream”, mas é um disco muito bom sim. A banda parece estar mais alegre e as melodias mais soltas e despretensiosas do que nos discos anteriores, revelando até uma certa afinidade entre os Revs e os Beatles que não haviam transparecido antes. Mostra, acima de tudo, que uma banda pode transformar seu som e buscar novos caminhos mesmo depois de quinze bons anos de carreira. [recomendadas: “In A Funny Way”, “Vermillion”]

Natalia Vale Asari

Eu nem sabia que eu tinha ouvido tantos discos de 2005 em 2005. A lista abaixo apenas enumera os que caíram nos meus ouvidos e os marcaram. Menção honrosa para o do Eugene Kelly e o do Eels. Mas tentar me convencer que 9 = 7 já pretensão demais.


Arcade Fire - "Funeral"

Datas não podem ser tão importantes assim, nem mesmo em um apanhado de discos de fim de ano. Portanto, me dei ao luxo de trazer esse disco de 2004 para a lista de 2005. O "Funeral" ganhou todo um sabor especial depois de presenciar o Arcade Fire ao vivo no Tim Festival. As músicas Tunnels, com o seu quê nabokoviano, e Rebellion (Lies) são indiscutíveis.


Black Rebel Motorcycle Club - "Howl"

O primeiro disco do Black Rebel Motorcycle Club era meu queridinho. Não mais: "Howl" tomou o posto. Trilha sonora perfeita para filmes dos irmãos Coen, desbancando certos discos do Nick Cave.


Trail of Dead - "Worlds Apart"

Quem esperaria encontrar uma música como "To Russia My Homeland" em um disco do Trail of Dead? Uma música dessas, dentro de todo o barroquismo das vinhetas do grupo, é a improbabilidade que faltava. Misturada às costumeiras rasgações viscerais, foi decisiva para evitar as comparações desleais com "Source Tags and Codes". Nesse louco e obscuro lado da terra, claro.


Billy Corgan - "TheFutureEmbrace"

Proclama-se por aí que o Billy Corgan mudou, converteu-se e enlouqueceu. Dizem que este solo dele é uma reciclagem mais atrevida das eletronices do "Adore". Fala-se em ressurreição de Blissed and Gone. Tudo verdade. O problema é que ele continua fazendo músicas como Mina Loy.


Okkervil River - "Black Sheep Boy"

Me recomendaram Damien Jurado, acabei ouvindo Okkervil River. Músicas tristes me fazem feliz, que o diga o Mogwai. Mas uma folga dentro de um disco vem a calhar.


Elbow - "Leaders of the Free World"

Protegido da casa. Derruba paredes com aqueles gritos infernais e a dicção imperfeita. Como diria a propaganda, é um estilo Elbow de ser. A música Mexican Stanoff é uma dessas típicas, com barulhinhos, perfeitinha. No estilo Elbow, claro.


Iron and Wine & Calexico - "In the Reigns"

Com o perdão da palavra, é fofo. Só que não é enjoado, e está mais para Iron and Wine do que para Calexico. Bom para fechar o dia. O ano.

Vicente Moschetti

[sem ordem de preferência]


Los Hermanos – "4"

Talvez o disco mais controverso lançado no país em 2005, "4" inovou ao apresentar as novas propostas da banda, assim como não surpreendeu ao mostrar o quarteto novamente fugindo de seus passos anteriores. Enquanto Camelo apresentou uma esperada entrega à MPB (no jeito LH de fazê-lo), Amarante mostrou ainda mais talento em suas composições, conseguindo criar músicas inigualáveis que reforçam sua verve particular de composição. Regado de sensibilidade, o álbum foge de tudo o que acontece na música brasileira, brilhando em um universo paralelo que a banda vem construindo desde o assassinato de Anna Júlia, onde hoje eles e apenas eles têm o privilégio de existir. Arrastado e recheado de texturas, "4" dá pouca chance para o pula-pula do "Bloco" ou para as palmas de "Ventura", obrigando o ouvinte a conter-se na aura cinzenta de faixas inspiradas no mar. Um single com apenas as belíssimas guitarras de "Primeiro Andar" e a doce melancolia de "O Vento" já salvaria a música brasileira de 2005. Graças aos cariocas, "4" tem ainda mais pérolas em sua concha. [recomendadas: "Primeiro Andar" / "O Vento"]


The Mars Volta – "Frances The Mute"

Em uma década onde as novas bandas apostam na economia e na comunicação instantânea de suas músicas, o The Mars Volta optou pela contramão. Pegaram o ponto onde o álbum anterior tinha parado e mergulharam ainda mais na elaboração sonora, fazendo de "Frances The Mute" um dos discos mais amados/odiados do ano. Vestido de uma aura progressiva (músicas com subtítulos, longas jams, ênfase nos instrumentos), o disco superou seu anterior apesar da dificuldade de absorção nas primeiras audições. Sem recorrer a hits instantâneos, o monobloco intercala longos momentos de criação de climas que por vezes é amassado por rocks furiosos e certeiros. O convidado John Frusciante humilha com um solo em "L'Via L'Viaquez", Omar Rodriguez recheia o disco de idéias mirabolantes, Cedric Zavala entra apenas nos momentos necessários, geralmente passando o rodo como na parte final de "Cassandra Gemini". Mesmo com alguns exageros, "Frances The Mute" provou que é possível desafiar uma parcela do público tão acostumado com Franz Ferdinands e cia., mesmo que isso pressuponha um pouquinho de esforço. [recomendadas: "Cygnus.... Vismund Cygnus" / "L'Via L'Viaquez"]


Sufjan Stevens – "Illinoise"

Em tempos onde muitos artistas consagrados suam sangue para reunir uma dezena de canções relevantes que muitas vezes sequer conseguem fustigar o interesse do ouvinte, Sufjan Stevens gravou 74 minutos de generosas idéias musicais. Abusando de arranjos bem elaborados e caprichados, produziu um disco agradabilíssimo de ser escutado, onde ricas melodias são o pano de fundo para estórias sobre personagens do folclore do Estado de Illinois. Sufjan faz músicas pulsantes, vivas, que escancaram talento de composição e elaboração de melodias. Banjos, pianos, percussões, xilofones e irretocáveis backing vocals angelicais: tudo é magistralmente conduzido e direcionado para as canções, fazendo com que "Illinose" cruze a linha do folk, encontrando uma resolução mais universal e suficiente para justificar os resultados como dos melhores do ano. [recomendadas: "John Wayne Gacy Jr." / "They Are Night Zombies!!"]


Fantômas – "Suspended Animation"

Já que o Lightning Bolt não acertou a receita em "Hypermagic Mountain", o disco de noise de 2005 foi o novo do Fantômas. Depois de alguns anos experimentando com vários artistas inusitados, Mike Patton finalmente conseguiu forjar um som que aproveitasse todo o lado bom dessas colaborações. Dominando como nunca a parafernália eletrônica, Patton deixou a banda a ponto de bala e jorrou muitos samplers por cima da quebradeira, numa combinação impressionante. A banda criou seus discos bastante distintos entre si, sendo o nonsense o único fio condutor entre eles. "Suspended Animation" quebra essa tendência, apontando mais para o debut de 1999, porém muito mais bem pensado, composto e executado que a estréia. Samplers, frenesi, anime, peso e noise perfeitamente misturados ou intercalados fizeram do disco a melhor pedrada na janela de 2005. [recomendadas: "04-02-2004 Saturday" / "04-10-2005 Sunday"]


Wolf Parade – "Apologies To Queen Mary"

Parece quase inevitável ser apresentado a uma banda nova que não tenha seu som enraizado nos anos 80. Do parentesco direto como o do Interpol aos leves toques como os do Arcade Fire, a música dos anos 80 se faz perceber nas batidas sintetizadas, nos teclados onipresentes ou mesmo na referência direta a ícones como o David Byrne. Gravar um disco que partisse dessa conjugação para chegar num resultado consistente e, melhor, com personalidade própria transformou-se numa tarefa digna de reconhecimento. O disco do Wolf Parade pode ter sido a grande iniciativa nesse sentido, mesmo que não seja um primor tão memorável como, digamos, "Funeral" foi no ano anterior. O mais interessante aqui é a roupagem acessível que a banda dá para canções que não são assim tão assimiláveis: as composições são quebradas, incomuns, inquietas. Ainda por cima, ambos os vocalistas têm maneiras peculiares de cantar, podendo afugentar de cara os ouvintes menos pacientes. Mas a cobertura expressiva de teclados/sintetizadores e as guitarras desleixadas suavizam tudo, criando uma receita palatável e interessante. [recomendadas: "We Built Another World" / "Shine A Light"]


John Frusciante – "Curtains"

O disco que finalizou a série de trabalhos solo de Frusciante foi gravado em 2004, mas lançado em 2005. Passando a régua com um trabalho mais calmo, o guitarrista debruçou-se sobre violões, mas muito longe de formatos popularescos que gostaria uma MTV. Cheio de andanças, as faixas transpiram sentimentos, Frusciante se entrega às canções e encontra uma interessante harmonia entre sua voz ríspida e a riqueza dos arranjos, dando continuidade a seu exercício com backing vocals, cada vez mais belos. De vez em quando, lança pinceladas dissonantes como o solo de "Anne". Ao mesmo tempo, faixas como "The Real" e "Time Tonight" são sensibilidade em estado bruto, num disco que encanta com sua combinação de crueza e ricas melodias. [recomendadas: "Anne" / "The Real"]


Animal Collective – "Feels"

Emparelhado com o também ótimo "The Runners Four" do Deerhoof, "Feels" responde pela volumosa geração difundida pela internet, que aposta numa maneira de se comunicar com o ouvinte sem abrir mão de suas linguagens particulares. Com um currículo de álbuns bem inacessíveis, o coletivo começou a buscar a simbiose entre suas peripécias e a acessibilidade em seu disco anterior, "Sung Tongs", sendo "Feels" um passo ainda mais significativo nessa direção. Ainda que não seja primoroso, o disco guarda uma série de pequenos detalhes que se revelam nas sucessivas audições, embalados por uma dezena de melodias viciantes. A ininteligibilidade que eles fazem questão de aplicar em suas letras é balanceada por sonoridades vibrantes, universais, que tomam a mente do ouvinte e teimam em partir. Até as mais tortuosas experimentações psicodélicas ("Bees", "Daffy Duck") guardam uma expectativa de comunicação. É essa conexão quase sensorial que faz de "Feels" um álbum excêntrico e intrigante, adjetivos estes que são sempre bem-vindos. [recomendadas: "Did You See The Words" / "Banshee Beat"]