A
primeira experiência solo de Black Francis, vocalista do Pixies,
foi uma turnê pelos Estados Unidos em 1989 onde ele era acompanhado
somente por um violão. Desde então surgiu a intenção de gravar
um álbum solo, o que se materializou em 1993, com o anúncio
do fim dos Pixies e da mudança de seu nome para Frank Black.
Lançado pela gravadora 4AD, a mesma dos Pixies, Frank Black
(o álbum) foi elogiadíssimo pela crítica, com um som bastante
trabalhado e inovador, misturando várias influências tão disconexas
como surf music, psicodelia e folk, com arranjos bem pesados
mas com um grande apelo pop. Frank Black contava com o apoio
do tecladista Eric Drew Feldman e do ex-guitarrista do Pixies
Joey Santiago. Mas de certa forma, o disco foi ignorado pelo
público, sendo ofuscado pelo sucesso do álbum Last Splash
do Breeders, a banda da ex-baixista do
Pixies Kim Deal.
Um ano depois, Frank Black repete a fórmula com Teenager Of
The Year, outro bom disco ainda mais variado que o anterior,
também contando com o apoio de Feldman nos arranjos. Ao longo
das 22 faixas de Teenager, se encontram desde músicas hardcore
até reggae (!?!?), em meio a grandes melodias pop de grande
potencial radiofônico. Mas talvez não fosse essa a intenção
de Black e sua gravadora, que trabalharam muito pouco na divulgação
do disco, que mais uma vez, se deu melhor com a crítica do
que com o público.
Em 1996, Frank Black lança seu terceiro álbum solo, The Cult
Of Ray, onde ele abandona a parceria com Eric Drew Feldman
e opta por um hard rock mais básico e convencional. O disco
foi lançado pela gravadora American, uma das grandes do mercado
americano. Desta vez, nem a crítica recebeu positivamente
o disco, que foi muito mal de vendas e levou a um rompimento
nada amigável com a American. Alguns entraves judiciais depois,
Frank Black já tinha um novo álbum pronto mas não podia lançar
pois ainda tinha vínculo com a American, que se negava a lançar
o disco.
Frank Black rebatizou sua banda de apoio no álbum The Cult
Of Ray como The Catholics e o disco Frank Black and the Catholics
foi lançado em 1998 na Europa e no Brasil (pela Natasha records)
antes do lançamento nos Estados Unidos. O disco foi gravado
ao vivo em dois canais, com uma produção bastante simples
que lembra uma demo, no entanto a qualidade do som é inquestionável
e o disco foi bastante elogiado. No fim de 1998, Frank Black
finalmente consegue lançar seu disco em sua terra natal, assinando
contrato com a gravadora independente spinART.
Em 1999, é lançado Pistolero, o segundo álbum de Frank Black
and the Catholics, gravado pelo mesmo método do álbum anterior,
seguido da coletânea de sobras de estúdio Oddballs (lançada
apenas na internet em 2000) e Dog In The Sand, álbum inédito,
lançado em 2001 já por uma nova gravadora, a What Are Records.
Em Dog In The Sand, Frank Black retoma a pareceria com Eric
Drew Feldman e Joey Santiago (ex-Pixies), o que resulta numa
sonoridade mais trabalhada, embora Frank não tenha abandonado
o método de gravar em dois canais, sem overdubs e efeitos
de estúdio.
Em 2002, Frank volta em dose
dupla, lançando simultaneamente os discos Black Letter
Days e Devil's Workshop. Black Letter Days é o mais
ambicioso, abrindo e fechando com versões distintas
de Black Rider, música de Tom Waits. Já Devil's
Workshop é um trabalho mais simples e curto. Ambos
os discos contam novamente com as participações
de Eric Drew Feldman e Joey
Santiago e foram lançados pelo selo SpinArt.
No ano seguinte, Frank Black segue firme em turnê e
entra em estúdio, anunciando seu próximo lançamento
para setembro, o álbum Show Me Your Tears. Tudo seguia
tranquilamente até que em junho, Black ganha as manchetes
pela repercussão de uma entrevista concedida a uma
rádio londrina, onde ele afirma que uma volta do Pixies
é possível, que ele sonha com isso, e que inclusive
os integrantes tem se reunido em ensaios informais.
Em setembro, uma semana antes do lançamento de Show
Me Your Tears, um fonte confirma para a MTV que o Pixies realmente
irá se reunir para uma turnê, sem descartar um
possível novo álbum. Nenhuma fonte oficial confirmou
a notícia e numersos boatos surgiram desde então.
Em meio a esse burburinho, Show Me Your Tears chega às
lojas. No disco, Black conta com a mesma formação
dos Catholics e as participações de sempre,
Joey Santiago e Eric Drew Felman, além de uma contribuição
do multi-instrumentista e arranjador Van Dyke Parks e outros
músicos. Muitas músicas de Show Me Your Tears
mostram temas mais emocionais, o que, segundo Black, surgiram
a partir de sua terapia com um analista.
Frank Black, acompanhado dos Catholics, esteve em extensiva
turnê durante outubro e novembro para divulgar o novo
álbum. Até o final de 2003 nenhum show havia
sido marcado para 2004, mantendo no ar as dúvidas sobre
a volta do Pixies.
Em 2004, aconteceu: a volta
do Pixies. O retorno, apesar dos temores dos fãs, foi
no mínimo divertido, com direito a shows no Curitiba
Pop Festival em maio. No fim do mesmo ano, Frank Black aproveitou
o gancho e lançou Frank Black Francis, um disco solo
com diversas regravações e versões diversas
de clássicos do Pixies. No ano seguinte solta Honeycomb,
disco inteiramente gravado em Nashville, ao lado de Spooner
Oldham (tecladista), Steve Cropper (guitarrista) e Billy Block
(baterista).
Em 2006, mais um disco solo:
gravado no mesmo esquema de Honeycomb, em sessões de
estúdio cheias de convidados ocorridas nos intervalos
entre os shows do Pixies ao redor do mundo, Fast Man Raider
Man traz 27 músicas em dois discos, com novas influências
de blues e R&B.
Alexandre Luzardo
atualizado por Fabrício Boppré
e Natalia Vale Asari
última atualização: outubro/2006 |