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Esse disco nasceu da
turnê que o Jane’s Addiction fez em 1997,
chamada I-Its M-My Party Tour, 6 anos depois da banda
ter terminado oficialmente. Essa renunião da
banda só não contou com o baixista original
Eric Avery, mas isso não tirou o brilho da volta
do Jane’s, uma vez que para substitui-lo, foi
chamado ninguém mais ninguém menos que
Flea, companheiro do guitarrista Dave Navarro no Red
Hot Chili Peppers. |
"Kettle Whistle"
pode ser considerado uma coletânea dessa banda cult
de Los Angeles, que lançou três discos irrepreensíveis
em sua curta carreira ("Jane’s Addiction"
de 1987, "Nothing’s Shocking" de 1988 e "Ritual
de lo Habitual" de 1990). O álbum é um
conjunto de músicas tiradas das históricas apresentações
ao vivo do conjunto, algumas canções inéditas,
algumas demos e outras canções que não
sairam oficialmente em nenhum disco da banda. Mas os destaques
ficam por conta mesmo das canções já
conhecidas do grupo, em versões ao vivo de tirar o
fôlego.
Henry Rolins (vocalista Rolins
Band), que é amigo de Perry Farrel, acertou em cheio
ao dizer no texto que encontramos no encarte do disco que
o Jane’s Addiction era essencialmente uma banda de palco.
"Jane’s was a band that needed to be seen to be
heard the full impact" diz ele. "It was a chapter
of your life" completa logo depois. Claro que não
podemos ter uma idéia completa do que Henry realmente
quer dizer apenas ouvindo as músicas ao vivo no CD
player, mas dá pra entendermos pelo menos uma fração
da eloquência com a qual costuma-se referir-se ao Jane’s
"on stage". "Three Days", "Ain’t
No Right", "Up the Beach" e "Stop",
todas retiradas de um show gravado em 1990 nos EUA corroboram
as palavras acima. É incrível a energia que
emana dessas faixas: seja na agressividade e no feeling de
"Ain’t No Right" e "Stop", seja
nos solos delirantes de Dave Navarro e na batida "tribal"
de Stephen Perkins em "Three Days", ou na beleza
quase paupável da incrível "Up the Beach".
Aliás, essas duas últimas músicas citadas
são os grandes destaques do álbum: "Three
Days" é realmente delirante, uma obra prima de
13 minutos de viagem e feeling puro e "Up the Beach"
é lindíssima, difícil não se emocionar
com a atmosfera criada pela sua melodia refinada e trabalho
de guitarra fenomenal.
As outras canções
ao vivo ajudam a darmos razão a Henry Rolins, entre
elas, "So What", "Whores", e as belas
"Slow Divers" e "Jane Says", com seus
arranjos criativos e harmonias cativantes. Das músicas
inéditas, destaque para a faixa que dá nome
ao disco, com sua linha de baixo compassada e melodias levadas
pela guitarra resultando em um clima exótico e sombrio.
Para aqueles que não
conhecem o Jane’s Addiction e seu importante papel na
história do rock alternativo, esse disco pode ser uma
ótima pedida, principalmente pelas faixas ao vivo.
E são também essas faixas que fazem o disco
ser indispensável aos velhos fãs da banda. |