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Review: Boggy Depot

avaliação:

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Enquanto o Alice In Chains permanecia no seu eterno masasmo, Jerry Cantrell, guitarrista da banda (e seu principal compositor ao lado de Layne Staley), lançou seu primeiro álbum solo em 1988. E trata-se de um disco que em geral tende a agradar em cheio aos fãs do Alice in Chains, pois a sonoridade não difere muito. 

Aliás "Boggy Depot" até poderia representar um exercício do que seria o Alice in Chains sem a presença de Layne Staley, que assegura ao som da banda uma carga mais emocional e depressiva. Está presente a parede de guitarras e a característica sobreposição dos vocais que marcam a sonoridade do Alice In Chains. 

Mas o disco também reserva algumas surpresas. "Boggy Depot" inicia com 'Dickeye', um hard rock simples e direto, mostra a que veio sem rodeios. Longe de ser inesquecível, mas é competente e agrada ao ouvinte, abrindo caminho para 'Cut You In', que foi escolhida como primeiro single e se tornou a música mais conhecida da carreira-solo de Jerry Cantrell. E 'Cut You In' merece o posto, trata-se de uma música marcante, de riff bastante inspirado, onde Jerry parece usar uma afinação absurda em sua guitarra, tal a estranheza causada pelo riff inicial. A música segue num clima claustrofóbico, presa em si mesma até explodir num refrão vigoroso, onde a presença de metais (muito bem colocados) só aumenta a sensação de urgência transmitida pela melodia. Um grande momento, sem dúvida. Mas, na seqüência, o disco perde um pouco a força. 'My Song' é uma balada que inicia com um interessante trabalho de guitarra, mas depois se perde num tom arrastado até chegar a um refrão que não empolga muito. 

Jerry Cantrell parece armar um certo clima de "suspense" nas suas baladas, onde as músicas começam se arrastando, criando a expectativa de um grande clímax no decorrer da música. Mas, na maioria das vezes, o recurso não funciona, como na cansativa 'Breaks My Back' e 'Jesus Hands'. Em 'Settling Down', o refrão até é bem interessante, prende o ouvinte, mas é difícil agüentar o pianinho muito clichê que acompanha a música. O disco começa a empolgar de novo em 'Devil By His Side', quando Jerry volta a atacar de hard rock, direto e sem enrolação. Está nessa música talvez o melhor refrão do disco. 'Keep the Light On' é excelente, o riff pesadão relembra o Alice In Chains dos velhos tempos de Facelift, empolgante. Mas em seguida afunda nas baladas, "Satisfy" e "Hurt a Long Time", que não chegam a ser ruins, mas ficam longe de emocionar. 

A verdadeira surpresa é 'Between', numa levada country e surpreendentemente positiva/otimista. Nunca Jerry Cantrell ou o próprio Alice in Chains em seu trabalho anterior tinha sequer dado pistas de fazer uma música assim. E Jerry não faz feio, 'Between' é imediatamente acessível, de refrão assobiável e pegajoso. No refrão é destaque também a lead guitar que acompanha a melodia, num agudo que lembra o efeito e-bow, característico de bandas como REM no "New Adventures in Hi-Fi" e Smashing Pumpkins no 'Machina", referência pouco usuais em se tratando de Jerry Cantrell/Alice in Chains. A música que encerra o disco, 'Cold Piece' é demasiadamente arrastada e longa, mas tem alguns bons momentos fragmentados em meio a uma certa monotonia. 

Para terminar, "Boggy Depot" é um disco de erros e acertos, com alguns momentos entusiasmantes, porém insuficientes para consagrar a carreira solo de Jerry Cantrell e minimizar a quase eterna expectativa por um álbum novo do Alice In Chains.

Alexandre Luzardo