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Review: Lemonheads
avaliação:

Nada mais adequado para um recomeço do que lançar um disco auto-intitulado, e é exatamente isso que fez o Lemonheads no seu improvável retorno passados exatos dez anos de seu último álbum inédito. Retorno improvável porque, primeiro, Evan Dando vinha de um disco solo relativamente bem recebido e, segundo, porque o Lemonheads nunca foi exatamente um estouro comercial, não havia nenhum clamor popular pela volta da banda, longe disso. O próprio Evan havia declarado na época do lançamento de seu álbum solo que não tinha intenção em ressuscitar o nome Lemonheads, que, na realidade não passa disso mesmo, um nome pelo qual Evan Dando vinha lançando seus discos desde a separação da formação original da banda ainda no final dos anos 80.

Sabe-se lá o que motivou essa mudança de rumo, não se descartaria até a hipótese de um mero impulso nostálgico, porém, o mais provável seria um raciocínio simplista, mas que faz sentido: tem mais peso na guitarra? É Lemonheads. Não tem? É Evan Dando solo. Porque é basicamente isso, como o cara quis fazer um disco com mais agito e menos introspecção, mais coerente seria creditar o novo álbum à banda que o consagrou do que promover uma mudança de rumo de 180º na recém lançada carreira solo.

E assim como Baby I'm Bored, o tal álbum solo de 2004, é um disco bastante consistente e homogêneo. Novamente Dando conta com o apoio de músicos de gabarito, se o álbum solo tinha o pessoal do Calexico, agora a formação atual do Lemonheads inclui dois ex-Descendents, de alto pedigree punk, além da participação do honorável J Mascis em duas faixas.

Embora não conte com músicas arrasa-quarteirão que arrebatem o ouvinte logo de primeira, o disco é cheio de pequenos destaques. “Pittsburgh” é um deles, com uma das melhores melodias de guitarra da carreira do Lemonheads. Músicas rápidas como “Black Gown”, “Poughkeepsie”, “December” e “Steve’s Boy” garantem o peso e estabelecem o tom e o pique do álbum, sem perder o apelo pop que sempre caracterizou o Lemonheads. Apelo pop que aparece mais escancarado em “Let’s Just Laugh” e “Become The Enemy”, que não por acaso foi escolhida como single. “In Passing” é outra faixa muito interessante, começa na levada “padrão” da banda, mas um refrão bastante inusitado chama a atenção. O único “porém” seria a fraquinha “Baby’s Home”, de ascendência country-rock. Até funciona no todo do disco como um necessário respiro entre as músicas mais rápidas, mas Evan já canalizou a inspiração country em músicas muito melhores. Não anula o mérito do disco, mas quando não se tem outro adjetivo que não “fofo” para descrever uma música é sinal de problemas.

No geral, quem esteve presente aos atabalhoados shows do cara no Brasil em 2004 talvez não esperasse um disco tão enxuto e bem executado. Pois Evan Dando conseguiu com esse The Lemonheads o seu segundo lançamento convincente na década e começa a virar o jogo para quem dava o cara como acabado no final dos anos 90.

 

Alexandre Luzardo
dezembro/2006