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Review: This Is My Truth Tell Me Yours

avaliação:
Lançado em 1999, este é o quinto álbum dos galeses do Manic Street Preachers. Seu nome é uma frase utilizada pelo socialista galês Aneurin Bevan ao final de seus discursos. A banda costuma mesclar letras extremamente pessoais e outras de cunho político/social, com um instrumental afiado que vai de músicas quase sinfônicas a porradas cruas, no melhor estilo punk rock.

Enquanto a parte instrumental é composta pelo guitarrista e vocalista James Dean Bradfield e pelo baterista Sean Moore, as letras são escritas pelo baixista Nick Wire. A segunda faixa deste disco, If You Tolerate This Your Children Will Be Next, foi o primeiro single do grupo a chegar ao número 1 da parada inglesa, e é uma balada maravilhosa, que chega a emocionar com a sua simplicidade. A letra fala da Guerra Civil Espanhola, e o título da música, que também é o refrão, era o grito de guerra das Brigadas que combatiam o governo do General Franco, compostas por muitos voluntários oriundos de outros países.

"If I can shoot rabbits, then I can shoot fascists"

A seguir vem You Stole the Sun from My Heart, um rockão que parece trilha-sonora de propaganda de cigarro, e que é um misto de dor de corno com um olhar mais complacente para o futuro. Duas estrofes não-sequenciais que merecem uma reprodução:

"I paint the things I want to see
But it don't come easy
I love you all the same

I have, I've got to stop smiling
It gives the wrong impression
But I love you all the same"

Tsunami fala das irmãs gêmeas June e Jennifer Gibbons, que, em meio à pobreza em que viviam no Reino Unido nos anos 80, cometeram vários atos de vandalismo, entre outros crimes. Internadas num hospital psiquiátrico, e com uma pesada medicação, desenvolveram uma comunicação própria, indecifrável para os outros. Segundo consta, quando uma delas morreu, a outra se viu na necessidade de voltar a comunicar-se com o mundo. Descrito como um tsunami pessoal, isto teria como paralelo o que aconteceu com Nicky Wire, que, após o desaparecimento de Richey James (guitarrista dos Manics), se viu como único letrista da banda.

My Little Empire é uma pequena obra-prima, que parece falar do umbigo que nós teimamos em achar tratar-se de um quasar que eventualmente sugará a tudo e a todos. Um refrão no mínimo revelador, com uma tradução porquíssima:

"Em meu pequeno império
Estou ficando doente de estar doente
Em meu pequeno império
Estou cansado de de estar cansado
Em meu pequeno império
Estou chateado de estar chateado
Em meu pequeno império
Estou feliz de estar triste"

Com apenas uma guitarra acústica, um acordeão e a voz de James Dean Bradfield, Born a Girl é a música deste disco que acaba com todas as outras. Nela parece haver várias referências à adolescência dos membros da banda, que na época eram os únicos em sua cidade que vestiam-se e se maquiavam no melhor estilo glam, ou mais similar às bandas farofa, já que eram os anos 80. Para muitos, o refrão tem uma cara de música "de transformação". Para mim, é a sensação de absoluto fracasso por parte de um cara:

"Yes I wish I had been born a girl
And not this mess of a man
And not this mess of a man
And not this mess of a man"

Há vários outros belíssimos sons que ao menos merecem menção, como Be Natural, I'm Not Working, You're Tender and You're Tired e The Everlasting.

Na realidade, o álbum inteiro é uma coletânea de músicas para se lavar a alma com muito estilo. Composições em grande parte bucólicas e belas, e letras quase sempre com algo pertinente a dizer. E, mesmo quando não há "pertinência", você acaba encaixando-a em algum aspecto de sua vida, fazendo com que ela ganhe importância.

Para finalmente fechar a resenha, o refrão de Nobody Loved You:

"Ninguém amou você, ninguém fez você se sentir tão solitária"

***

Em tempo: Fiquei sabendo de várias informações aqui contidas graças a integrantes da comunidade Manic Street Preachers Brasil, no Orkut (http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=187728). Outras tantas peguei no melhor site de fãs da banda, o completíssimo Manics NL (www.manics.nl). Este site é perfeito para quem quer conhecer as letras e referências que os Manics utilizam em suas canções.

Ricardo Malta Barbeira
outubro/2005