O
Mondo Generator pode ser descrito como a veia punk do “stoner
rock”. Pode parecer um tanto esquisito, mas explica
exatamente a proposta da banda que tem sua história
centrada na figura de Nick Oliveri, ex-baixista do Kyuss e
mais conhecido no Brasil como “o peladão do Rock
in Rio III”.
Logo após gravar o
álbum conceitual “Blues For the Red Sun”
ao lado de seus companheiros de Kyuss, Nick Oliveri deixou
a banda pelas diferenças de caminhos que estavam seguindo:
o Kyuss sendo mais experimental, e Nick sentindo a necessidade
de mais agressividade, seguindo um caminho mais voltado ao
punk, como dos tempos de “Wretch”, o primeiro
disco da banda. Nick, então, se juntou ao vocalista
e enchedor-de-saco-profissional Blag Dahlia, tornando-se membro
da banda punk tosca e depravada de Los Angeles, The Dwarves.
Adotando o pseudônimo de Rex Everything, ele participou
das gravações dos dois últimos álbuns
da banda: “Dwarves Are Young and Good Looking”
e “How to Win Friends and Influence People”, sendo
também co-autor de várias canções.
Após várias turnês,
em 97, Nick decide dar um tempo e se reaproxima dos ex-companheiros
de Kyuss, que se juntaram a ele em estúdio para gravar
algumas canções num projeto que ele estava realizando
com alguns amigos músicos do Texas. O projeto, batizado
de Mondo Generator (nome tirado da última música
que Nick escreveu nos tempos de Kyuss e que fecha o álbum
“Blues for the Red Sun”), saiu fazendo pequenos
shows pelos EUA para construir uma base de fãs. Em
1998, após um show da banda no Texas, Josh Homme (o
ex-guitarrista do Kyuss, que havia acabado de finalizar o
álbum marcando a estréia de sua nova banda,
o Queens of the Stone Age) convida Nick para fazer parte da
recém-formada banda. Ele prontamente aceita e com isso
deixa seu projeto na geladeira e as fitas de gravação
do que seria o primeiro álbum do Mondo Generator ficam
engavetadas enquanto os dois se dedicavam exclusivamente às
turnês de divulgação da nova banda.
Certo dia, Nick voltou a escutar
as fitas e achou potencial nelas. A gravadora Southern Lord
logo mostrou interesse em lançar o material, que finalmente
vê a luz do dia 3 anos após ter sido gravado.
O resultado é “Cocaine Rodeo” de 2000,
um disco que mostra exatamente no que consiste o Mondo Generator,
com toda a agressividade de Nick e faixas não muito
diversas sonoramente, carregado de um som punk sujo e sem
economizar no peso dos instrumentos. O disco vendeu bem na
cena underground e a banda ganhou status de cult com seus
raríssimos shows ao vivo (devido às intensas
turnês do QotSA). Além disso, a faixa de abertura
de “Cocaine Rodeo” chamada “13th Floor”
foi reaproveitada pelo QotSA com o título mudado para
“Tension Head”, no álbum “Rated R”.
Com shows esporádicos
nos intervalos de Nick nas atividades do Queens, o Mondo só
volta ao estúdio em 2003 entre as turnês do terceiro
álbum das rainhas, “Songs for the Deaf”.
O sucessor de “Cocaine Rodeo” é baseado
em idéias que não foram aproveitadas ou que
simplesmente não se encaixavam no álbum do QotSA,
por isso fazer uma ligação entre os dois discos
é bem comum. Nick chamou Brad Cook e Blag Dahlia para
a produção do álbum, o deixando mais
livre para se concentrar apenas na composição
das canções. Ele ainda contou com as colaborações
de Molly McGuire [The Spores, Yellow #5 e Earthlings?], Dave
Catching [Earthlings?, QotSA, Yellow #5], Brant Bjork, Mark
Lanegan [Screaming Trees, QotSA] participando com vocais na
belíssima “Four Corners”, John Freese [A
Perfect Circle], entre outros e mostra um Mondo mais experimentalista,
com uma produção mais limpa, canções
mais dispersas e de certa forma com uma aura mais alegre,
ainda que boa parte das canções fale sobre frustrações
amorosas (Nick se divorciou durante a concepção
do álbum). Uma evolução em relação
ao som punk cru de “Cocaine Rodeo” é apresentada
em “A Drug Problem That Never Existed”, lançado
pela Ipecac (o já conhecido abrigo de artistas malucos
chefiado por Mike Patton, ex-Faith No More) ainda em 2003.

Nick Oliveri comandando seu Mondo Generator
Dessa vez Nick decidiu fazer
uma turnê para promover o álbum e montou uma
banda para os shows, o que lhes garantiu um lugar no segundo
palco do festival alternativo Lollapalooza. Sempre com shows
imprevisíveis, e certas vezes até “explosivos”,
é muito difícil sair decepcionado de uma apresentação
deles. Várias pequenas turnês européias
foram arranjadas até que Nick teve que voltar novamente
a divulgação do álbum do Queens.
Em 2004, logo após
as turnês, Nick é demitido do QotSA por Josh
Homme devido ao seu comportamento auto-destrutivo regado a
álcool e drogas. Após uma pequena mudança
no line-up com a entrada de Alfredo Hernandez (segundo ex-baterista
do Kyuss) no lugar de Brant Bjork, o Mondo sai abrindo shows
para o mesmo Brant Bjork, agora em carreira solo ao lado da
banda The Bros. Num dos shows da turnê, Nick perde a
razão devido a um aparente problema no som, discute
e espanca um engenheiro de som da banda após cinco
canções, o que leva os outros membros a decidirem
continuar o resto das datas marcadas sem Nick, apenas como
um trio instrumental. Após ser “demitido”
de sua própria banda, Nick sai fazendo pequenos shows
acústicos. Com o término da turnê, os
membros remanescentes do Mondo seguem seus caminhos em outros
projetos enquanto Oliveri logo lança um EP com b-sides
chamado apenas de “III”, para abafar a situação
a tempo de arranjar uma nova formação, que viria
a ser Nick no baixo e vocais, Mark Diamond na guitarra e Josh
“Headly” Lamar na bateria. Após alguns
shows pelos EUA, Nick coloca a banda em pausa novamente para
focar suas atenções em seu primeiro esforço
solo com um álbum acústico intitulado “Demolition
Day”, prometendo um novo álbum do Mondo para
2005.
Num de seus shows, Nick convida
Ben Thomas e Ben Perrier da banda inglesa Winnebago Deal para
tocar com ele um set do Mondo Generator ao invés do
solo acústico preparado para a noite. Os dois aprenderam
as músicas na checagem de som e após o show,
Nick os convida a fazerem parte (mesmo que provisoriamente)
da banda. Esta é a formação que entrará
em estúdio para gravar o terceiro rebento do Mondo
Generator, que contará com participações
especiais dos membros do QotSA. Só resta esperar pelo
que vem por aí.
R.
maio/2005
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