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Antes
de iniciar a review deste álbum de uma das mais
(melhor eu frisar isto), umas das MAIS IMPORTANTES
bandas de todos os tempos (não, não é exagero),
devo explicar uma coisa: eu preferiria estar escrevendo
sobre álbuns essenciais e excelentes, tais quais
"Superfuzz Bigmuff", "Every Good
Boy deserves Fudge" ou "Tomorrow Hits
Today". |
Mas, infelizmente, nós
brasileiros não podemos encontrar um desses álbuns em
lojas e, quando acontece de aparecer, vieram direto dos
EUA e todos devem saber que a nossa moeda está tão ruim
quanto o gosto musical dos cariocas neste carnaval. Resumindo:
se você é um fã do Mudhoney e não é rico ou disposto a
vender as suas próprias roupas para comprar os CDs (pedir
emprestado? alugar? eu ainda estou falando do Mudhoney,
quem tem CDs do Mudhoney?!), é bom olhar melhor para este
ao vivo ou para a coletânea March To Fuzz...
Críticas às gravadoras
à parte, este álbum, "Here Comes Sickness",
lançado em 2000, tenta fazer uma retrospectiva da carreira
da banda, com três shows, um de 89 e outros dois de 95.
Bom, este já é o primeiro problema, pois 17 das 21 músicas
deste álbum foram tiradas da turnê de "My Brother
the Cow", de 95, daí o fato da maioria delas saírem
deste álbum. Não que isto seja ruim, porém faltaram algumas
músicas essenciais, como "Blinding Sun", "Sweet
Young Thing (Aint Sweet No More)", "Good
Enough".
Bom, após tantas críticas
é melhor falar de tudo o que este álbum oferece: primeiramente,
deve-se ressaltar que o Mudhoney é uma grande banda ao
vivo, espero que todos que estejam lendo esta review tenham
tido a oportunidade de ir ao show da turnê do Mudhoney
ao Brasil e não tenham desperdiçado. Falando do ponto
de vista de alguém que pôde ir tanto ao Rock In Rio quanto
à apresentação do Mudhoney no Rio, as três horas de espera
para ver uma hora e meia de show colocam R.E.M., Silverchair,
Foo Fighters e Neil Young no chinelo...
Voltando ao álbum, hits
como "Suck You Dry", "Touch Me Im
Sick" e "Judgement, Rage, Retribution and Thyme"
com certeza te darão um calafrio na espinha, enquanto
que as outras são empolgantes, muito bem escolhidas para
serem tocadas ao vivo, como a b-side "Editions of
You", a instrumental "Fuzzgun 91", o clássico
"You Got It", e a que aparece duas vezes, "Poison
Water Poisons the Mind". Não se pode negar que Layne
Staley e Chris Cornell são os maiores vocalistas de Seattle,
no entanto, quando Mark Arm canta, ele é capaz de transformar
qualquer música numa pérola, como você pode conferir escutando
as baladas sinistras "If I Think", "Dissolve"
(que começa com Mark Arm: "watch me now"), "In
My Finest Suit" e "When Tomorrow Hits",
responsáveis pelos melhores momentos deste álbum. Também
são destaques absolutos a música que dá nome ao disco
e o abre, "Here Comes Sickness", "You Make
Me Die" (com seus um minuto e meio de música - quando
Mark Arm canta "think youre the best, you make
me die", você deverá repensar seus conceitos sobre
o que é ser o melhor vocalista), "Into Yer Schtik"
e, finalmente, a cover dos Dick e que sempre fecha os
shows do Mudhoney, "Hate the Police", que tem
Mark Arm gritando à plenos pulmões (segundo o próprio,
"esta música não é nossa, mas a gente gostaria que
fosse").
Enfim, este é um daqueles
poucos casos em que você escuta 21 músicas direto e pergunta:
"já acabou?" Pensando melhor, vá agora mesmo
atrás de todos os outros álbuns desta que é umas das grandes
bandas da última década. Afinal, você não precisa de tantas
roupas assim...