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Não
deixa de ser uma vantagem viver no Brasil e poder
comentar um álbum de mais de dez anos como
se fosse novo. É que passado o furacão
grunge, fica muito mais fácil compreender
a importância e a qualidade desse disco. Superfuzz
Bigmuff plus Early Singles saiu pelo antológico
selo Die Young Stay Pretty em 1990, unindo o 1º
EP, Superfuzz Bigmuff, com singles lançados
anteriormente pela não menos antológica
Sub Pop. |
É impossível
escutar esse disco e não pensar: "Eles poderiam
ter sido o Nirvana". Tudo bem, esse é um clichê
quando se fala em Mudhoney, mas é inegável
a semelhança de "No one has" com "Downer",
do primeiro disco do Nirvana. "Halloween", cover
do Sonic
Youth (aliás, até na camaradagem com o casal
Moore os caras são pioneiros), lembra bastante
"Gallons of rubbing alcohol..." do In Utero.
O som é realmente parecido ("If I think"
aquela guitarra dedilhada e limpa na estrofe / violentamente
distorcida no refrão, típica do Nevermind).
Assim como a banda
de Kurt e ao contrário das outras grandes de Seattle,
o som está bem mais para o punk do que para o heavy
metal. O hardcore desacelerado do Black Flag é
uma grande referência, assim como as bandas de garagem
dos anos 60 (daí o nome Superfuzz, pedal usado
em todas as guitarras dessas bandas). "In out of
Grace" e "Sweet young thing ain't sweet no more"
são músicas que todos esses grupos do atual
hype de bandas "de garagem" deveria escutar
durante anos, até aprender o quão intenso
e divertido o rock pode ser. E, acima de tudo, "Touch
me, I'm sick", tosca e perfeita. E a maior vantagem
em relação ao grupo de Kurt Cobain é
que Mark Arm (vocalista e guitarrista) está
vivinho da Silva, veio ao Brasil no ano passado, está
gravando um novo CD com a banda e não pensa em
suicídio.