O embrião do Six.By Seven é o grupo Friends
Of.., de Nottingham, formado em 1991 pelo tecladista James
Flower, o baixista Paul Douglas, o baterista Chris Davis
e os guitarristas Sam Hempton e Chris Olley (este último
também responsável pelos vocais). A banda
permaneceu durante um bom tempo fazendo shows e distribuindo
demos caseiras, até começar a atrair a atenção
de alguns selos ingleses. Foi quando ficou famoso o show
em Leceister onde o grupo subiu ao palco e abriu os trabalhos
com uma primeira música de mais de 15 minutos, irritando
uma parte da platéia menos paciente. Vários
emissários de gravadoras dispostos a contratar a
banda assistiam à performance do grupo, e deixaram
o local decepcionados. Este seria um evento emblemático
da carreira deles: apesar do apelo da sua música,
que equilibra bem sonoridades ao estilo shoegazer de My
Bloody Valentine e Spacemen 3 com outras influências
mais palatáveis ao grande público, o grupo
não viria se render completamente a este nunca. Seu
trabalho é pontuado por microfonias, vocais cheios
de efeitos, sintetizadores, guitarras saturadas, músicas
sem refrões, e o que mais acharem digno de figurar
em seus discos. A banda esteve por muitas vezes prestes
a dar um último passo para o sucesso mainstream,
mas preferiu sempre fazer as coisas da sua maneira.
Em 1996, a banda contratou John Barry para ser seu agente,
e este logo arranjou para que a banda tocasse na abertura
das apresentações do Rocket from The Crypt
e do Girls Against Boys. Nesse mesmo ano, houve a mudança
de nome para Six.By Seven. A explicação para
o novo epíteto é de Chris Olley: "Havia
um grande debate se as outras galáxias do universo
estavam se afastando umas das outras a uma taxa constante,
acelerando ou mesmo se iriam ser atraídas de volta
umas em direção às outras. Os cientistas
originalmente pensavam que tudo iria colapsar e implodir,
mas o que está realmente acontecendo é que
que elas estão se afastando a uma taxa de aceleração
de seis por sete".
A banda teve uma nova chance na indústria fonográfica
quando um agente da Geffen os assistiu e ofereceu 2.000
libras para a gravação de uma nova demo. O
grupo gravou as canções European Me, Candlelight,
Brilliantly Cute e For You, que acabaram não impressionando
o pessoal da Geffen. O material então acabou caindo
nas mãos de Ed Horrocks, da Beggars Banquet, que
já os conhecia e acabou por financiar o lançamento
de um single. Lançado em 1997, European Me (com Brilliantly
Cute no b-side) foi descrito pela NME como um dos mais brilhantes
singles de estréia de uma banda inglesa, e esgotou
em menos de uma semana. Em outubro, a banda assinou um contrato
de 5 discos com a Beggars/Mantra Recordings, e já
iniciou de imediato os trabalhos para seu LP de estréia.
"The Things We Make", o debut do Six.by Seven,
foi lançado em maio de 1998, com ótima receptividade
por parte do público e da crítica. “88
92 96”, “Candlelight” e “For You”
foram os singles que se seguiram ao lançamento do
álbum, que é repleto de músicas longas,
com ótimo uso de guitarras, teclados e algo de pós-rock.
A banda passou a ser bastante requisitada, e o restante
do ano de 1998 foi intenso: participações
nos dois maiores festivais da Inglaterra, Glastonbury e
Reading, shows ao lado de Ash, Delgados, Manic Street Preachers,
Dandy Warhols e Placebo, participações nos
shows de John Peel e Jools Holland e a primeira turnê
pelos EUA, passando por Boston, Nova York e Los Angeles.
Em 1999 a banda gravou o EP "2 And a half Days In
Love with You" contando com o apoio dos produtores
Ric Peet e John Leckie. O resultado ficou tão bom
que o grupo resolveu começar a trabalhar em seu segundo
LP juntamente com Peet e Leckie. O resultado é "The
Closer You Get", lançado no ano seguinte. A
carga shoegazer do primeiro disco foi deixado um pouco de
lado, e a banda apostou mais nas melodias e no lado visceral
de seus dois guitarristas. Apesar da mudança, a aclamação
foi a mesma. Turnê pela Europa e pelos EUA e nova
participação nos estúdios de John Peel
foram alguns dos compromissos da banda, que, antes de sua
participação no Glastonbury, perdeu Sam Hempton.
Tony Foster, guitarrista do Spiritualized, foi convocado
às pressas para auxiliar a banda no festival Benicassim,
na Espanha, e em uma tour com o Placebo.
Em 2001, o grupo entrou novamente em estúdio, a
fim de gravar um novo LP. O Six.By Seven resolveu ficar
com quatro integrantes e dedicou um bom tempo às
gravações do sucessor de "The Closer
You Get", dessa vez com a intenção de
soltar um disco mais cru, sem as camadas de overdubs que
caracterizaram seus dois primeiros trabalhos. Antes da virada
do ano, o único compromisso do grupo foi atender
à um novo chamado de John Peel, desde cedo um grande
admirador do Six.By Seven.
No ano seguinte, "The Way I Feel Today" foi lançado
e imediatamente considerado por muitos como a orba-prima
do Six.By Seven, pelo menos até aquele momento. A
banda entregou 11 clássicos que mesclam distorção,
shoegazer e punk, dessa vez no formato mais pop e puro que
eles poderiam. Nessa época, a banda contratou Tina
Blower para integrar o grupo em suas turnês, mas ela
acabou não ficando muito tempo no posto, voltando
para o formato de quatro membros. Em novembro de 2002, mais
uma baixa: o baixista Paul Douglas deixou o grupo e novamente
o Six.By Seven resolveu se reinventar, agora com um line-up
de três pessoas somente.
Como um trio, em 2004
No ano seguinte, em meio à sessões de estúdio
e novas gravações, a banda fundou seu próprio
selo, a Saturday Night Sunday Morning, já que tinham
conseguido a liberação da Beggars Banquet
(que estava em litígio com sua antiga parceira, a
Mantra). Em junho do ano seguinte saiu o single "Ready
For You Now", com a faixa-título produzida por
Dave Fridmann e duas b-sides produzidas por Tim Holmes (Death
In Vegas).
Se em 2003 a banda trabalhou muito em estúdio e
lançou somente um single, os resultados começaram
a aparecer de verdade em 2004. O Six.By Seven lançou
dois discos: “:04”, o sucessor oficial de "The
Way I Feel Today", e "Left Luggage At The Peveril
Hotel", lançado unicamente na internet, pelo
site da banda, e que reúne os outtakes de “:04”.
Em ambos os trabalhos, a banda volta a apresentar um som
de mais personalidade e menos acessível, em especial,
com a presença maciça de elementos eletrônicos
em “:04”.
Em 2005, os lançamentos continuam: em junho sai
“Artists, Cannibals, Poets, Thieves”. Fortemente
influenciado pelas mortes de Olaf Bojarzin (antigo amigo
da banda) e John Peel (que pouco antes de morrer, tinha
acertado uma nova participação do grupo em
seu programa), o álbum é um belo apanhado
do que a banda fez em seus quatro LPs oficiais lançados
até então, passando pelo lado punk, o noise
e também o eletrônico (que é mais bem
desenvolvido no projeto Twelve, de Chris Olley). Teoricamente,
este seria um dos últimos discos da banda, que de
acordo com um comunicado oficial divulgado pouco antes do
lançamento de “Artists, Cannibals, Poets, Thieves”,
estaria prestes a parar de fazer turnês e, depois
de lançar mais algum material novo, efetivamente
terminaria.
Durante o restante do ano de 2005, o Six.By Seven integrou
ao seu line-up dois novos músicos para mais algumas
sessões de estúdio: Ady Fletcher no baixo
e novamente Tony Foster na segunda guitarra, e, no final
do ano, colocou à venda em seu site o disco “Club
Sandwhich At The Peveril Hotel”, que reúne
os melhores resultados destas últimas sessões.
No começo do ano seguinte, uma edição
limitada do disco chegou às lojas.
Para o final de 2006, a banda promete soltar um álbum
reunindo demos, raridades e faixas ao vivo. E, ao mesmo
tempo que seus membros vão se envolvendo em outros
projetos paralelos, a promessa de que o Six.By Seven não
iria mais fazer shows foi quebrada: no dia 17 de agosto
a banda se apresentou em sua cidade natal, e até
a expectativa de um novo álbum com músicas
inéditas passou a ser comentada. Tudo indica que
ainda não foi dessa vez que o Six.By Seven virou
história.