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Atemporalidade.
Adolescência. "Angst".
Este disco foi o que consagrou o grupo Smashing Pumpkins
para um público cada vez maior. E, assim, foi
o propulsor para que eles enfrentassem sua gravadora
e lançassem "o" disco duplo depois,
o Mellon Collie and the Infinite Sadness.
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Siamese Dream começa com a Cherub
Rock e seus barulhinhos e bateria - que ainda vão preencher
boa parte do disco - e já com uma crítica ácida
a algumas pessoas que cercam Billy (almighty) Corgan, o líder-ditador
da banda. Na mesma levada entra Quiet. Pode-se sentir muito
dessa insatisfação desconcertante por todos
os momentos do álbum, desde aqueles em que são
empunhadas guitarras com maestria até naqueles que
nos embalam em canções de ninar.
Logo depois vem o famoso comecinho de Today.
"Today is the greatest day I've ever known", insiste
a música, de maneira luizfernandoverissímica,
supondo que existe alguém do outro lado com inteligência
suficiente para capturar a ironia. A sacada é procurar
o espírito da música na música sem letra.
Hummer e Rocket enveredam-se na numa trilha
um pouco menos feroz do que a das duas primeiras faixas e
então... eis que surgem violinozinhos e sininhos na
Disarm! Ela claramente remete à infância conturbada
de Corgan, mas pode servir a cada um a seu bel prazer (como
sempre se pode fazer com qualquer manifestação
artística ou vir-a-ser-símbolo).
Soma e Mayonaise são intercaladas
pela explosiva Geek U.S.A. Enquanto Soma é obviamente
uma lamentação por causa de um "fim de
um relacionamento" e Mayonaise é uma das mais
seriamanete aclamadas piadinhas niilistas de Billy & Co
(a começar pelo título retirado diretamete da
geladeira), Geek U.S.A. exige de novo um senso apurado de
percepção. Não se pode deixar de notar
em Soma e Mayonaise o dedo de James Iha, o figurante mais
importante da banda - até onde o seu mestre deixou,
claro.
Chega a nostálgica Spaceboy com toda
sua historinha. Ela foi dedicada ao irmão do Billy
que tinha alguma doença mental. O próprio Billy
declarou isto numa entrevista, e a partir daí passaram
a se referir à Spaceboy como "a música
para seu irmão retardado mental". Sem poder esquecer
esse infeliz episódio, Corgan nunca mais quis explicar
(a sério) o significado de nenhuma letra.
Silverfuck entra nos seus primeiros minutos
alucinantes e - por fim - a rendenção, a conformação.
Segue Sweet Sweet, muito doce, e, ao mesmo
tempo, com a mesma temática quase ressentida e amarga
que perspassa todo o disco. Para fechar, na seqüência
mais linda de todo o álbum, Luna, uma declaração
de amor bem meiga e singela, o final mais feliz que um Siamese
Dream poderia almejar.
Enfim, enverede-se nesta aventura inesquecível
de um disco coeso na temática mas que já demonstra
os sinais do ecletismo experimentado (com perfeição)
no disco seguinte da trupe... Ouça os instrumentos
(segundo reza a lenda, tocados por um homem só) se
misturarem à sua vida. |