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"Shangri-La
Dee Da" é o nome da mansão que
o STP alugou para gravar o quinto álbum da
carreira. No tempo dessas gravações,
os músicos do STP e o eterno parceiro/produtor
Brendan O’Brien moraram mais uma vez como irmãos
nessa mansão, sendo que eles já tinham
feito uma experiência parecida durante a gravação
de “Tiny Music... Songs From The Vatican Gift
Shop”. |
O clima de união
fez com que os músicos explorassem totalmente as
influências de cada um, formando uma atmosfera sonora
com algumas peculiaridades...
De cara, o álbum começa com "Dumb Love"
um petardo poderoso, nos quilates de "Dead & Bloated"
e "Down", onde os famosos noise solos de Dean
DeLeo dão as caras. Desde "Tiny Music... "
e do álbum do "Talk Show", Dean tem mostrado
uma técnica mais apurada, mas nada o impede de voltar
às suas raízes barulhentas nas faixas mais
esporrentas!
Na sequência, "Days of The Week" é
a melodia mais alegre que o STP já fez. A faixa tem
elementos já explorados em "Tiny Music..."
e "N°.4", e segundo Dean DeLeo, ele se inspirou
para escrever a progressão dos acordes depois de
ouvir uma música de Joe Walsh, chamada "Indian
Summer". Ainda nesse tipo de sonoridade, o STP lança
"Too Cool Queenie", um rock suave e simples, mostrando
que a banda pode ser moderada nas distorções.
"Coma" pode ser a consequência de Weiland
ter produzido o Limp Bizkit. A faixa traz um efeito que
pode rapear a música, mas não chega a atrapalhar,
pois mais uma vez o peso característico do STP brilha
por aqui: cortesia dos irmãos DeLeo, que seguraram
a onda de Scott.
"Hollywood Bitch" segue o estilo de "Tiny
Music... ", mas é uma composição
que consta na manga do STP desde os dias de "Purple"
- o pré-refrão só foi adiconado no
processo final deste disco.
Passadas as primeiras faixas, a viagem do novo STP realmente
começa: "Wonderful" é uma balada
poderosa, com uma delicadeza melódica incrível.
"Black Again" tem um início que pode lembrar
um pouco as músicas mais estranhas da fase atual
do Aerosmith, mas logo entra um piano discreto e a voz de
Scott Weiland para ditar um dos climas mais ternos e consistentes
do álbum. O STP realmente revela sua qualidade de
"alquimia sonora", onde combinam peso, ambient
music e trabalhos acústicos com habilidade impressionante.
"Hello, It’s Late" é uma música
típica para se relaxar -com um solo que em certo
momento nos remete ao solo de "Ride The Cliché"
de "Tiny Music..."- a sutileza é o que
impera nesta faixa. "A Song For Sleeping" (escrita
para Noah, filho de Weiland) é recheada de backing
vocals de bebop e uma discreta batida eletrônica.
Difícil de acreditar que esta tenha sido a mesma
banda que gravou discos como "Core" e "Purple",
na época em que eles eram taxados de cópia
das bandas de Seattle.
"Regeneration" e "Transmissions From A Lonely
Room" são frutos da força maior do STP,
que é montar sonoridades sofisticadas com instrumentos
rústicos, sem abusar de sintetizadores. Ambas são
formadas por várias guitarras e vocais separados,
formando uma só textura, de um certo peso interessante.
"Transmissions..." ainda tem uma cítara
elétrica, tocada por Robert DeLeo.
"Bi-Polar Bear" flerta com a bossa-nova e o folk-rock,
aproveitando a sonoridade acústica e a beleza de
uma guitarra com slide, trazendo mais um ingrediente importante
para a química do álbum.
"Long Way Home" traz um peso arrastado, sendo
um pouco suavizado no refrão. Esta última
faixa traz um ar mais "desanimado/mau-humorado"
para o final do disco, provavelmente fruto de uma bad trip
de Weiland. Mesmo assim, não deixa de ser uma grande
música! Lembremos que a maravilhosa “Trippin’
On A Hole In A Paper Heart” saiu de momentos assim...
Em "Shangri-La Dee Da" o STP se mostrou muito
ambicioso por explorar sonoridades tão diferentes,
fazendo com que o álbum fosse incompreendido tanto
pela crítica quanto pela maioria dos fãs -
que demoraram para perceber o amadurecimento da banda. Desde
o single "Sour Girl", faixa de "N°.4",
o STP estava se aprimorando nessa sua nova manobra arriscada,
que deixou estarrecidos os fãs ardorosos do peso
da banda. Mas se você realmente gosta de música,
embarque nesta viagem sonora com o STP, que de Pearl Jam
e Alice in Chains não tem mais nada!