Esta é a versão antiga da Dying Days. A nova versão está em http://dyingdays.net. Estamos gradualmente migrando o conteúdo deste site antigo para o novo. Até o término desse trabalho, a versão antiga da Dying Days continuará disponível aqui em http://v1.dyingdays.net.


Home | Bandas | Letras | Reviews | MP3 | Fale Conosco
Review:  Shangri-La Dee Da

avaliação:

"Shangri-La Dee Da" é o nome da mansão que o STP alugou para gravar o quinto álbum da carreira. No tempo dessas gravações, os músicos do STP e o eterno parceiro/produtor Brendan O’Brien moraram mais uma vez como irmãos nessa mansão, sendo que eles já tinham feito uma experiência parecida durante a gravação de “Tiny Music... Songs From The Vatican Gift Shop”.

O clima de união fez com que os músicos explorassem totalmente as influências de cada um, formando uma atmosfera sonora com algumas peculiaridades...
De cara, o álbum começa com "Dumb Love" um petardo poderoso, nos quilates de "Dead & Bloated" e "Down", onde os famosos noise solos de Dean DeLeo dão as caras. Desde "Tiny Music... " e do álbum do "Talk Show", Dean tem mostrado uma técnica mais apurada, mas nada o impede de voltar às suas raízes barulhentas nas faixas mais esporrentas!
Na sequência, "Days of The Week" é a melodia mais alegre que o STP já fez. A faixa tem elementos já explorados em "Tiny Music..." e "N°.4", e segundo Dean DeLeo, ele se inspirou para escrever a progressão dos acordes depois de ouvir uma música de Joe Walsh, chamada "Indian Summer". Ainda nesse tipo de sonoridade, o STP lança "Too Cool Queenie", um rock suave e simples, mostrando que a banda pode ser moderada nas distorções.
"Coma" pode ser a consequência de Weiland ter produzido o Limp Bizkit. A faixa traz um efeito que pode rapear a música, mas não chega a atrapalhar, pois mais uma vez o peso característico do STP brilha por aqui: cortesia dos irmãos DeLeo, que seguraram a onda de Scott.
"Hollywood Bitch" segue o estilo de "Tiny Music... ", mas é uma composição que consta na manga do STP desde os dias de "Purple" - o pré-refrão só foi adiconado no processo final deste disco.
Passadas as primeiras faixas, a viagem do novo STP realmente começa: "Wonderful" é uma balada poderosa, com uma delicadeza melódica incrível. "Black Again" tem um início que pode lembrar um pouco as músicas mais estranhas da fase atual do Aerosmith, mas logo entra um piano discreto e a voz de Scott Weiland para ditar um dos climas mais ternos e consistentes do álbum. O STP realmente revela sua qualidade de "alquimia sonora", onde combinam peso, ambient music e trabalhos acústicos com habilidade impressionante.
"Hello, It’s Late" é uma música típica para se relaxar -com um solo que em certo momento nos remete ao solo de "Ride The Cliché" de "Tiny Music..."- a sutileza é o que impera nesta faixa. "A Song For Sleeping" (escrita para Noah, filho de Weiland) é recheada de backing vocals de bebop e uma discreta batida eletrônica. Difícil de acreditar que esta tenha sido a mesma banda que gravou discos como "Core" e "Purple", na época em que eles eram taxados de cópia das bandas de Seattle.
"Regeneration" e "Transmissions From A Lonely Room" são frutos da força maior do STP, que é montar sonoridades sofisticadas com instrumentos rústicos, sem abusar de sintetizadores. Ambas são formadas por várias guitarras e vocais separados, formando uma só textura, de um certo peso interessante. "Transmissions..." ainda tem uma cítara elétrica, tocada por Robert DeLeo.
"Bi-Polar Bear" flerta com a bossa-nova e o folk-rock, aproveitando a sonoridade acústica e a beleza de uma guitarra com slide, trazendo mais um ingrediente importante para a química do álbum.
"Long Way Home" traz um peso arrastado, sendo um pouco suavizado no refrão. Esta última faixa traz um ar mais "desanimado/mau-humorado" para o final do disco, provavelmente fruto de uma bad trip de Weiland. Mesmo assim, não deixa de ser uma grande música! Lembremos que a maravilhosa “Trippin’ On A Hole In A Paper Heart” saiu de momentos assim...
Em "Shangri-La Dee Da" o STP se mostrou muito ambicioso por explorar sonoridades tão diferentes, fazendo com que o álbum fosse incompreendido tanto pela crítica quanto pela maioria dos fãs - que demoraram para perceber o amadurecimento da banda. Desde o single "Sour Girl", faixa de "N°.4", o STP estava se aprimorando nessa sua nova manobra arriscada, que deixou estarrecidos os fãs ardorosos do peso da banda. Mas se você realmente gosta de música, embarque nesta viagem sonora com o STP, que de Pearl Jam e Alice in Chains não tem mais nada!

Alexandre Lopes