Com
uma sensibilidade pop notável e uma criatividade invejável,
o Superdrag construiu seu nome durante os anos 90. Acabou
não tendo muita sorte com as grandes gravadoras, mas
ao fazer o caminho de volta às independentes, a banda
manteve a credibilidade junto a um público restrito
mas devotado, que até hoje cultua o Superdrag como
uma das bandas mais talentosas (e incompreendidas) da última
década.
Definir o som do Superdrag
não é tarefa fácil, com influências
tão diversas. Agregando elementos de bandas dos anos
60 como o pop dos Beatles e do Big Star, a psicodelia melódica
do Zombies, aliado a guitarreira do My Bloody Valentine e
a veia punk do Hüsker Dü, o Superdrag conseguiu
uma mistura única e variada, que vai desde as melodias
pop irresistíveis, passando por rocks certeiros e baladas
introspectivas. Ainda assim, os críticos costumam associar
o nome do Superdrag ao power pop, ou mesmo punk pop, e o som
da banda não soaria alienígena próximo
a nomes como Weezer, Posies, Fountains of Wayne, Teenage Fanclub,
Lemonheads, Nada Surf, Mattew Sweet ou até mesmo Foo
Fighters.
O Supergrag foi formado pelo
vocalista/guitarrista John Davis, o guitarrista Brandon Fisher,
o baixista Tom Pappas e o baterista Don Coffey Jr., que já
haviam formado outras bandas juntos, como Punch Wagon e 30
Amp Fuse. No início dos anos 90, eles formavam a banda
The Used, com Davis na bateria, Pappas no vocal e guitarra,
Fisher na guitarra e Chris Hargrove no baixo. Coffey Jr. foi
chamado para a tocar bateria no Used quando Davis saiu para
uma carreira solo. Davis gravou algumas demos (que eram intituladas
Superdrag) tocando todos os instrumentos. As demos tiveram
boa circulação e aceitação. Logo,
Davis precisaria de outros músicos para shows. A idéia
foi então chamar os ex-companheiros do Used para tocar
com ele e esse é o começo oficial do Superdrag.
Na prática, é quase a mesma banda que já
existia, com Davis trocando a bateria pelo vocal e a guitarra,
com Tom Pappas assumindo o baixo.
A banda seguiu tocando ao vivo
pelos arredores de Knoxville e em 1995 lançou o EP
"The Fabulous 8 Track Sounds of Superdrag", pela
gravadora independente Darla Records, de propriedade do manager
da banda. O EP obteve excelente repercussão com a crítica,
o que deu origem a um leilão de grandes gravadoras
para assinar com o Superdrag, que optou pela Elektra Records.
O álbum de estréia
da banda, "Regretfully Yours", foi lançado
em 1996. Obteve boas críticas e ainda trazia um single
sério candidato a hit, a grudentíssima "Sucked
Out". Em pouco tempo, a banda conseguiu destaque na MTV
e nas rádios com "Sucked Out" e o disco atingiu
300mil cópias vendidas. No entanto, o segundo single,
"Destination Ursa Major" não repetiu a performance
do anterior, freando a trajetória do álbum "Regretfully
Yours" no mainstream. O Superdrag embarcou numa extensa
turnê, tocando mais de uma centena de shows, que ganhavam
popularidade aos poucos, embora as novas músicas apresentadas
pela banda durante as apresentações causavam
uma certa estranheza. Enquanto o pop fácil de "Regretfully
Yours" se tornava a marca da banda (evidenciado pelo
ensolarado single "Sucked Out"), as novas canções
(boa parte delas baseadas em piano) eram mais sofisticadas
e obscuras.

O segundo álbum foi
gravado na cidade de Woodstock, NY, com o produtor Jerry Finn
(Green Day, Rancid e Blink 182). Lançado em março
de 1998, "Head Trip in Every Key" é bem mais
ousado que o disco anterior, com trechos orquestrados, instrumentos
requintados e tempos variados. Davis incorporou ao som do
Superdrag, além do piano, o theremin e a cítara.
Em uma das músicas, "Schuck & Jive",
que apresenta elementos dissidentes dos Beach Boys, Davis
canta sozinho harmonias de cinco vozes.
Embora o disco tenha recebido
críticas melhores do que em sua estréia, a gravadora
Elektra já não estava entusiasmada com o Superdrag,
empenhando praticamente nenhum esforço na promoção
do disco. Até mesmo o orçamento para o videoclip
de "Do The Vampire" não foi aprovado, com
a gravadora optando utilizar a verba para um video de uma
banda techno, considerada mais comercial. Sem um single tocando
nas rádios e MTV, o disco sumiu das paradas rapidamente,
assim como ficou difícil agendar shows.
Assim terminou a trajetória
de "Head Trip in Every Key", apenas poucos meses
depois de seu lançamento. Ao não repetir o sucesso
de seu anterior, "Head Trip in Every Key" rendeu
ao Superdrag o peso incômodo de ser considerado uma
banda 'one hit wonder' pela mídia.
Desapontado pela falta de apoio
da gravadora, o Superdrag coloca no mercado de forma independente
a coletânea "Stereo 360 Sound", que reúne
as demos dos primórdios de sua carreira, os b-sides
dos singles e sobras de estúdio. De certa forma, "Stereo
360 Sound" renovou o ânimo do grupo, que retornou
ao estúdio para gravar seu terceiro disco. No entanto,
as pressões intermináveis para que a banda gravasse
"hits" fez com que o Superdrag rompesse definitivamente
com a Elektra. Frustrado com a situação, o baixista
John Pappas abandona o Superdrag se dedicar ao Flesh Vehicle,
projeto-paralelo que ele já havia montado há
algum tempo.
Sem perder tempo, o Superdrag
chama o baixista Sam Powers, que tocava na banda Who Hit John,
de Nashville, para integrar o grupo. Em 1999, a banda abre
o seu próprio estúdio, Knoxvegas, e inicia os
trabalhos no seu terceiro álbum. "In The Valley
of Dying Stars" é lançado em 2000 pela
Arena Rock Recording Company, recém-inaugurada gravadora
independente de Nova York.
"In The Valley of Dying
Stars" combinava elementos dos dois primeiros álbuns,
a energia de Regretfully Yours e os arranjos mais elaborados
de "Head Trip in Every Key". O disco passou longe
do grande público, mas foi bem recebido pelo circuito
alternativo, onde parece ser o destino definitivo do Superdrag.

No ano seguinte, a banda lança
um EP no Japão, contendo cinco novas canções
e cinco regravações, incluindo aí covers
para Kinks e Replacements. O álbum, chamado "Greetings
from Tennessee", saiu pelo selo que lançou "In
The Valley of Dying Stars" em território japonês,
e foi gravado parte em Tóquio, e parte no estúdio
da banda, em Knoxville.
Em 2002, é lançado
"Last Call For Vitriol", também pela Arena
Rock, seguido de extensa turnê. Mais um sólido
trabalho que consolida a atual posição do Superdrag,
onde as trapalhadas de gravadoras grandes ficaram definitivamente
para trás.
Alexandre Luzardo
atualizado em março/2005 por
Fabricio Boppré |