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Review: Sweet 75

avaliação:
O único álbum do Sweet 75 é uma miscelânea curiosa de estilos. Bases de guitarra descendentes do rock alternativo explodido aos quatro cantos do mundo pelo Nirvana coexistem amigavelmente com as influências latinas da vocalista, a venezuelana Yva Las Vegas, sendo uma salada total de ritmos e rocks eficientes com letras inspiradas.

Alternativo demais para ser world music e muito "cucaracha" para ser grunge, o Sweet 75 deixou muitas pessoas sem explicação para esta empreitada de um tal de Krist Novoselic.

Em "Fetch", o Sweet 75 inicia com um andamento moderado, com um quase imperceptível arranjo de cordas em algumas partes do refrão, agraciado pela voz (ainda) adocicada de Yva Las Vegas. A música fica um pouco mais intensa no final, mas não chega a ficar muito pesada, preferindo uma esperta sutileza. Em "Lay Me Down" a calmaria ainda prospera, mas com uma atmosfera mais pesada, carregada pelo riff de guitarra que lembra uma cítara.

"Bite My Hand" é a primeira faixa mais agitada. Nela, Yva resolve deixar a harmonia de lado e se exalta mais no tom de sua voz, dando uma interpretação um pouco pertubadora. À primeira ouvida, essa faixa pode ser considerada estanha e ser subestimada, mas, sendo uma faixa bem sacada, deveria ser bem vigorosa ao vivo.

"Red Dress" segue uma linha mais convencional, mas se mostrando uma boa composição, na qual Krist volta a tocar baixo. Empunhando a guitarra, Yva resolve arriscar um solo completamente bizarro, provavelmente fora do tom, dando um toque diferente à faixa. Por ter um refrão forte, poderia ser candidata a hit do álbum; a faixa sintetiza o rock simples e eficiente do Sweet 75.

"La Vida" começa com um riff que pode lembrar Led Zeppellin, mas logo é acompanhado por um inesperado arranjo de metais! Como se tivesse sido colocada estrategicamente no disco para espantar os "grunges de plantão", a faixa - cantada em espanhol - ainda tem um solo de trompete! Uma surpresa chicana...

"Six Years" aparece para voltar à sonoridade mais noise, mas logo no refrão o ritmo da palhetada reafirma qual é a real intenção do Sweet 75: músicas com construções simples, mas com uma certa influência latina aliada a barulheiras guitarrísticas comportadas. "Take Another Stab" também faz jus a esta denominação, sendo que Yva Las Vegas capricha mais nas letras e interpretação, brilhando junto com as guitarras esquisitas de Novoselic.

"Poor Kitty" tem um andamento mais rock e é mais uma belíssima interpretação agressiva da sra. Las Vegas: "Why don't you fuck yourself/Cause I don't wanna fuck/Not with you".

"Ode To Dolly" é uma composição com referências country(!) e dá um ar bem divertido à amarga Yva Las Vegas.

"Dogs" seria perfeita para tocar em um bar de jazz ao vivo, e a sonoridade daqueles metais até faz você se perguntar se está mesmo ouvindo a banda de um ex-membro do Nirvana... "Japan Trees" tem um feeling parecido, mas conta com um arranjo mais simples de guitarra/baixo/bateria.

"Cantos de Pilon" retoma as influências espanholas, com Peter Buck do R.E.M. dando uma canja no mandolin. Sem preconceitos, uma faixa com belíssimo arranjo de violas, acordeom (cortesia de Krist) e piano!

"Nothing" pode ser considerada a melhor faixa do disco, por causa do riff repetitivo e hipnótico que Novoselic adiciona à cozinha pulsante de William Rieflin e Yva. Composição estranha e pouco convencional, só peca pela letra aparentemente sem sentido em algumas partes, mas o final com aquela guitarra bizarra é maravilhoso!

A última faixa, "Oral Health", também é carregada pela mágoa de Yva Las Vegas, mas durante seu andamento revela um refrão com influência de música espanhola (contrastando com a letra), que logo é coberto por fortes guitarras distorcidas.

O álbum de estréia do Sweet 75 acabou sendo o único da banda, até porque não houve uma grande publicidade a favor do lançamento, e os poucos críticos que dedicaram um resenha a este disco rechaçaram a iniciativa de Novoselic ter procurado uma sonoridade mais variada. É verdade que Krist se mostrou bem mais ambicioso que Dave Grohl. Comparando o Foo Fighters ao Sweet 75, Grohl não procurou um caminho tão diferente do Nirvana. Mesmo não tendo toda a popularidade de seu ex-companheiro de banda, Novoselic merece grande consideração por ter brindado seus fãs com uma boa dose de ecleticismo desafiador. E Vyva Las Vegas!

Alexandre Lopes
mar/2004