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Review: Bandwagonesque

avaliação:

Podem vir com o que quiserem. Limp Bizkit, Linkin Park e as merdas nu-metal, ou os hypados Strokes, Hives, Vines. Vocês podem dizer que essas bandas são cool, são a moda do momento, vendem discos pra cacete, tocam na MTV e anything you want. Tem uma coisa que elas não saber fazer: bons refrões pop. 

Isso é a maior especialidade de uma banda escocesa, que não vende nada, não usa drogas e recorre ao romantismo sem medo de ser tachada de brega. Nem sempre talento dá dinheiro. Mas sempre dá reconhecimento artístico e realização pessoal.

Na minha humildíssima opinião, o Teenage é uma das 3 maiores bandas da atualidade (ao lado de Radiohead e Wilco). Eles são tão especiais que dá pra fazer um paralelo curioso com os grandes Beatles: Norman Blake é o guitarrista/vocalista carismático, popular, líder, como Lennon; Gerard Love é o baixista que compõe as melodias geniais, é romântico, faz belas baladas, como McCartney; e Raymond McGinley, como Harrison, é um baita guitarrista que no início compunha pouco mas foi se soltando e escrevendo verdadeiras pérolas.

Ao longo da carreira perfeita dos escoceses, tudo o que eles lançaram é digno de nota. Um desses discos clássicos é o segundo, Badwagonesque, de 1991, lançado no auge do sucesso do Nirvana (eles até apareceram no mesmo dia no programa Saturday Night Live). Aqui a banda mistura o peso da estréia A Catholic Education com os elementos pop que viriam a caracterizar a carreira. Fácil notar as influências de grandes bandas como Big Star e Beatles fase Rubber Soul/Revolver.

Naquela época, Blake estava inspiradíssimo e compôs verdadeiros clássicos. Em "The Concept" já abre o disco perfeitamente. É uma das melhores, uma verdadeira pérola pop: "She wears Denim wherever she goes/Says she's gonna get some records by the Status Q/Oh yeah, oh yeah". E muitos "oh yeahs" que não desgrudam da cabeça. O refrão é simples: eu não queria machucar você. Outras grandes pérolas blakeanas são "Alcoholiday" (linda, linda, linda) e "Metal Baby" ("Metal baby/My metal baby/Made me take her to the heavy metal show"). Ainda assim, a grande surpresa de Norman é "What You Do To Me", que apesar de ter apenas 2 minutos e um refrão que é absurdamente simples, consegue ser cativante e divertida.

Além das suas canções, Blake ainda divide a autoria de "Star Sign", o semi-hit de Badwagonesque com Gerard Love. "Star Sign" é outra que está entre as melhores do disco. Love, que não é bobo nem nada, contribuiu com suas gemas pop elevando ainda mais o poderio do álbum, como demonstram "December" (com seu romantismo sem medo de ser brega: "She don´t even care, but i would die for her love"), "Sidewinder" ("Saw you there, with long blonde hair/Eyes of blue/Oh baby, I love you") e a balada "Guiding Star". Infelizmente, McGinley só aparece com a bela "I Don´t Know" aqui. Mas tudo bem, está perdoado, afinal ele depois compôs clássicos como "About You" (que está na obra-prima Grand Prix), "Your Love Is The Place Where I Come From" (do também excelente Songs For Northern Britain) e "My Uptight Life" (de Howdy!).

Então você pode continuar ouvindo o seu Nirvana aí e ainda ser malvado, chapado e grunge. Mas se bater a vontade de ouvir um disco bonito e provar que no seu peito bate um coração apaixonado, recorra ao Teenage Fanclub sem medo. Qualquer coisa, é só esconder o CD no fundo do armário.

 

Jonas Lopes