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Poucas
bandas merecem uma coletânea. É estranho
ver uma coletânea de uma banda que só tem
3 discos de estúdio (alguém pensou em...
Nirvana?), por melhor e mais influente que ela seja.
Teenage Fanclub, ao contrário da maioria, merece.
Afinal, ano que vem essa máquina escocesa de
power-pop vai fazer 15 anos de carreira ininterrupta. |
São 6 discos nas costas, sem contar
Eps, participações especiais, singles e a extensa
e conhecida lista de covers feitas por eles, de bandas do calibre
de Velvet Underground, Byrds e até da "rainha do
pop" Madonna. Mas, de qualquer
jeito, a coletânea deixou nós, fãs incorrigíveis
desses caras, frustrados. Frustrados porque já faz
2 anos que saiu Howdy, e esperávamos um disco inédito.
Mas, no final, saiu apenas uma coletânea com algumas
das músicas que já nos cativavam há um
bom tempo. E, como toda a coletânea, é recomendável
apenas para os que querem conhecer um pouco do trabalho desses
escoceses muito comentados e pouco ouvidos (se bem que, com
o preço dos Cds importados, é mais recomendável
procurar Sparky's Dream e The Concept nos SoulSeeks da vida).
Como toda coletânea que se preze, essa
apresenta músicas inéditas (para tirar o suado
dinheirinho de fãs desavisados do tal do mp3). Uma
de cada compositor. Quem se dá melhor é Norman
Blake: sua música nova, Did I Say, merece destaque
entre os clássicos da banda. Se o mundo fosse justo,
essa música já estava tocando em todas as rádios
(como não é...). É viciante, extremamente
viciante, graças a uma melodia cativante, um andamento
envolvente, um arranjo delicadíssimo e, principalmente,
um refrão memorável, daqueles que só
o Teenage Fanclub sabe fazer. Merecia com louvor estar em
Songs From Northern Britain (no lugar da razoável It's
A Bad World). Gerard Love, se não acerta na mosca,
também não erra: Empty Space não é
tão perfeita quanto Did I Say, mas é uma bela
música. Lembra um pouco Don't Look Back, do clássico
Grand Prix. Já Ray McGinley, ao contrário de
seus colegas, errou feio: The World'll Be Ok é uma
das piores faixas da carreira do Teenage Fanclub, tenta misturar
o power-pop da banda com algo de World Music e psicodelia,
mas não consegue nada. Falta uma boa pegada, um bom
refrão, características que ele nunca deixou
faltar em suas pérolas, como About You, Your Love is
The Place Where I Come From e Tears Are Cool.
Já a escolha das músicas antigas,
se não foi perfeita, foi correta. Algumas músicas
me surpreenderam, como About You e My Uptight Life. Talvez
essas tenham entrado para compensar uma injustiça com
McGinley, autor de ambas. Nenhuma de suas músicas foi
lançada como single, por mais que algumas estejam entre
as mais "chicletes" da banda. Algumas escolhas óbvias,
por outro lado, poderiam ser deixadas de fora, como a chatíssima
(porém eleita single da semana pela NME quando lançada)
What You Do To Me. E, é claro, sempre tem aquelas musiquinhas
maravilhosas que foram deixadas de fora. Posso fazer uma listinha:
Speed Of Light, December, Ret Liv Dead, God Knows It's True,
Tears, Some People Try (To Fuck With You), Winter, The Cabbage,
Norman 3, Sidewinder, Tears Are Cool.
Outro defeito da coletânea foi o fato
de não ter dado a devida atenção a dois
discos da carreira da banda: Catholic Education e Thirteen.
O primeiro é até compreensível: o som
do Teenage Fanclub ainda não havia sido formado, e,
por mais que o disco seja bom, soa muito parecido com Jesus
& Mary Chain e outras bandas da época. Já
o segundo é inexplicável: algumas das melhores
músicas da banda estão lá, mas apenas
duas foram escolhidas para o disco, sendo que uma, Hang On,
está entre as mais fracas. Uma pena.
O disco em si é maravilhoso. Algumas
das melhores músicas de uma das melhores bandas dos
anos 90. Mas o TFC merecia mais, muito mais...
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