|
After the great interlude
Depois
do grande interlúdio, a mínima desculpa
Já
dizia o poeta que nada é muito grande ou muito pequeno, o
homem é que se intrometeu na serenidade dos micróbios
e das estrelas e passou a denominar tudo ou pequeno ou grande, do
alto do seu antropocentrismo. Então, insisto seguindo a trilha
dos detalhes - o universo inteiro de alguns krills e ao mesmo tempo
uma poeirinha interestelar -, apesar de que ou porque parece que
ainda não chegamos à menor das partículas.
Melhor
o 'apesar': o objetivo não é ganhar o Nobel ou o igNobel,
só focalizar um tanto o suficiente para encontrar a medida
exata da beleza.
Convido
então todos cujo interesse se encontra um pouco sonolento
nesse ponto que me acompanhem na trilha dos detalhes dos mortos.

Dream
is destiny
Inevitável
escapar de me submeter ao intocado Source Tags & Codes do ...And
You Will Know Us By The Trail of Dead. Resisti por vários
decênios. Não sei com que intuito, e o final da história
é que isso foi em vão.
Agora
que já estamos combinados em que pequeno pedaço de
terra capinaremos, vamos aos fatos. Nesta profundidade, o que existe
é ar transformado em glicerina, viscoso, comandado tão
somente pelos códigos invocados por Jason Reece e os cozinheiros,
tal qual uma feitiçaria sutil. Aliás, tanto "Jason"
como "Reece" são nomes que servem mais à
minha comparação do que se tivessem sido inventados
para esse propósito.
Mais
parênteses: o Edward Norton, na conta-capa, pode até
mesmo ser o alter-ego da imagem diluída da Catarina, na capa.
Voltemos
então aos truques, antes que todo mundo se perca. A intensidade
com que são proferidos os encantos perpassam todos aqueles
imaginários vazios (pero no mucho) de tudo em volta, e também
transmutam o vento em uma entidade pára-quedas.
Quedas
aqui e ali, embalada por nana-nenês e atormentadas por falatórios
afetados, e a toda hora o ciclo se retoma: uma corrente gigantesca
e um breve descanso - talvez.
All
those voices inside me
E
usando uma resolução um pouco maior para ver quais
são as redes de segurança das quedas: vozes e vozes
e vozes, e uma dança italiana, e mais vozes azucrinando.
Sorte que são abafadas pelas correntes de vento...
Why
is a song the world for me?
Apesar
de ter de aturar as vozes que nada dizem, mas de certa forma revelam
o mundo em que eu cresci e contextualizam a minha vida em uma época
em que se fala de websites e outros apocalipses, as minhas músicas
se sobrepõem a tudo isso. Músicas lapidares encerram
em si o meu eu quando as escuto. Ou quase isso - existe sempre aquela
sensação linda do indescritível. Os olhos que
de repente se deparam com o teto, tão estranho por não
ser pontilhado de cadências e gardênias.
Já
foram os recheios, falta o bolo em si melhor explicado, a cobertura
e o prato em que é servido.
How
the end always is
O
começo tímido-decidido, inutilmente não querendo
chamar atenção, arteiro emocional. O fim mórbido
e definitivo.
In
between days
Intercalações
e reconsiderações, passos em um chão de pedras
mal recortadas unidas pelo barro vermelho. Mil facas afiadas e finalmente
algo que nós entendemos somente pelo que brame, e nem um
pouco pelos símbolos racionais que deveria evocar. (Dica:
nós quem, cara pálida?) De resto, os mesmos ventos
cíclicos uivando e dançando cada vez mais no alto,
alçados pelo ciclo anterior. A ordem dos ciclos não
poderia ser mudada, e uma música é o mundo.
As referências não são citadas
por serem muitas, e isso iria ficar maior do que
a coluna em si. Então, para evitar tal constrangimento, me
peça esclarecimentos
das citações se precisar.
Natalia continua abusando do dito euliricismo e acha
que onírico
deveria ser o mesmo que pesadelístico.
02/12/2002
|