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A Banda:



Babes In Toyland
Formação: Minneapolis, em 1988
Acabou em 1997.


Kat Bjelland:  vocal, guitarra
Lori Barbero: bateria
Michelle Leon: baixo (1988~1991)
Maureen Herman: baixo (1991~1997)



Biografia:

Quem ouve Babes in Toyland certamente não está a procura de melodias desconcertantes ou arranjos marcados pela originalidade e técnica. Não são essas as qualidades do Babes In Toyland, que se caracteriza por um som extremamente brutal e tosco. Primário até. Mas um som que é exemplar no sentido de expressar sentimentos e angústias de forma explícita e direta. É como levar um soco na cara, um tapa na orelha. E o que faz do Babes In Toyland realmente especial é o fato de ser uma banda inteiramente formada por mulheres. Nada demais hoje, mas um fato realmente notável na época em que a banda foi formada, no ano de 1987 em Minneapolis. O Babes In Toyland foi um nome definitivo entre as bandas que provaram definitivamente que o lugar da mulher no rock também é em cima do palco com uma guitarra nas mãos.

A banda se originou por iniciativa de Kat Bjelland, a líder incontestável do Babes In Toyland. Depois de uma adolescência turbulenta onde viveu em várias cidades diferentes, Kat formou sua primeira banda em 1985, o Sugar Baby Doll, com Jennifer Finch (que mais tarde formou o L7) e Courtney Love em San Francisco. O Sugar Baby Doll não chegou a decolar, tendo apenas alguns ensaios esporádicos durante algum tempo. Em 1987 a idéia de seguir carreira numa banda fica mais séria e Kat e Courtney se mudam para Minneapolis na intenção de formar uma nova banda. Se era comum jovens migrarem para Seattle durante a década de 90 para formar bandas, isso acontecia com Minneapolis no fim da década de 80. A cidade tinha uma cena das mais importantes do rock independente americano, com uma profusão de bandas e um bom número de casas de shows.

Em Minneapolis, Lori Barbero, baterista auto-didata juntou-se as duas e o Babes In Toyland estava formado, com Kat na guitarra e vocal e Courtney no baixo. Courtney, no entanto, não durou muito na banda, rompendo uma amizade que logo se transformou em rivalidade. O conceito musical e estético do Babes In Toyland já estava estabelecido quando Courtney mudou-se para Los Angeles e formou o Hole, baseado nas mesmas idéias. Kat por muito tempo acusou Courtney de ter se apropriado de suas idéias enquanto Courtney dizia que era o contrário. Deixando o Hole de lado, Michelle Leon se tornou a nova baixista e o Babes In Toyland fez sua estréia fonográfica com o compacto "House/Arriba" para o Single's Club da Sub Pop em 1990. No mesmo ano veio o primeiro álbum "Spanking Machine", gravado com Jack Endino no lendário estúdio Reciprocal em Seattle, lançado pela Twin/Tone de Minneapolis. O Babes In Toyland tinha influência do punk, mas as músicas eram estruturadas de maneira desencontrada, alternando trechos rápidos e lentos. No embalo de músicas agressivas como "He's My Thing" e "Pain In My Heart" o disco repercutiu bem, especialmente na Inglaterra, onde o estilo da banda chamou a atenção. Não demorou muito e a mídia britânica estampava artigos sobre o Babes In Toyland e o estilo de Kat Bjelland. No ano seguinte, o EP "To Mother" chegou as lojas trazendo como destaque "Mad Pilot" e "Catatonic" e a banda pouco a pouco tornava-se conhecida no circuito independente.

Na Inglaterra, numa época em que reinavam os shoegazers, músicos que se apresentavam discretamente olhando para baixo enquanto tocavam, o estilo agressivo e aberto de Kat era uma revolução. O jeito de vestir era um capítulo à parte, o 'uniforme' de Kat (e de sua rival Courtney já no Hole) eram vestidos tipo baby-doll, maquiagem exagerada e botas, num estilo que foi batizado de kinderwhore pela mídia.


Kat Bjelland (ao centr) e seus baby-dolls

Ironicamente, tanto o Babes In Toyland quanto o Hole chamaram a atenção do Sonic Youth, e por intermédio dos grandes mestres, o Babes In Toyland assinou com uma grande gravadora, a Reprise. Kim Gordon e Lee Ranaldo do Sonic Youth se dedicaram pessoalmente aos seus novos afilhados, Kim produziu o álbum de estréia do Hole, Pretty On The Inside (basicamente a versão de Courtney para o som do Babes In Toyland), enquanto Lee foi o produtor de "Fontanelle" o álbum definitivo da banda de Kat Bjelland. O som ficou mais limpo e profissional sem perder a pegada agressiva da banda, com destaque para a bateria de Lori Barbero, que desenvolveu um estilo próprio que ela chamava de tribal. O disco marcava também a estréia da nova baixista Maureen Herman, que substituiu Michelle Leon sem traumas pouco antes das gravações. Mas o centro das atenções em Fontanelle era Kat, com seu vocal gritado alternado com sussurros insinuantes. "Bruise Violet", uma homenagem a Courtney, era o carro-chefe, chegando a ter seu videoclip bastante rodado na MTV. Destacavam-se também músicas como "Blood" e "Spun". A maior surpresa era "Quiet Room", uma misteriosa e delicada música instrumental.

Com o surgimento de mais bandas integradas por mulheres ou com mulheres na formação forjou o sub-gênero das riot grrrls, que passou a ganhar amplos espaços na mídia. Associado a essa cena, o Babes In Toyland passou a ser ainda mais reconhecido. Em 1993 o Babes In Toyland foi convidado (pelo Sonic Youth) a participar do Festival Lollapalooza, na época o principal festival itinerante do rock americano. Para marcar a participação na turnê foi lançado o EP "Painkillers", contendo uma regração de "He's My Thing", algumas músicas inéditas e faixas ao vivo. No entanto, apesar de todo o destaque, a postura e som anticomercial não fizeram do Babes In Toyland uma banda popular. Verdade seja dita, nenhuma banda riot grrl chegou ao estrelato, com exceção do Hole, que popularizou seu som a partir do álbum Live Through This e era odiado por boa parte das seguidoras do riot grrrl.

Após o Lollapalooza o Babes In Toyland estava em alta, mas o próximo disco só ficou pronto dois anos depois, Nemesisters, lançado em maio de 1995. Em Nemesisters, o Babes In Toyland apostava em uma sonoridade mais tradicional do hard rock, ainda pesado, mas bem menos brutal que nos trabalhos anteriores. O primeiro single, "Sweet 69", evidenciava os novos caminhos da banda, baseado em riffs bem marcados. Mas Nemesister também trazia uma série de covers bizarras. Uma delas a balada melacueca "All By Myself", de Eric Carmen (gravada até por Celine Dion), cantada de forma propositadamente irritante por Kat. "Deep Song", imortalizada por Billy Holiday ganhou curiosa versão acapella com Lori no vocal. Para fechar o trio de covers, "We Are Family", hit da era disco, que virou um pop-rock suingado na versão do Babes In Toyland.


O ensolarado Babes In toyland de We Are Family

Nemesister não teve uma boa divulgação e recepção da crítica não foi boa. Para piorar, a Reprise escolheu "We Are Family" como single, confundindo os fãs. Após um ano de turnê a banda anunciou que estava se separando para se dedicar a novos projetos. Kat formou o Katastrophy Wife, ao lado do marido Glen Mattson, enquanto Lori formou o Eggtwist.

Em 2000 foi lançado o álbum "Lived" pela gravadora Almafame, com uma série de faixas extraídas da turnê do Lolapalooza. Para comemorar o lançamento, a banda fez um show em Minneapolis, que também acabou virando disco um ano mais tarde, batizado "Minneapolism". Estranhamente a Alamfame colocou no mercado quase simultaneamente mais três discos (!), "Devil" e "Viled", duas compilações de músicas ao vivo e "Further Adventures of Babes In Toyland", uma espécie de best of dos três lançamentos anteriores. Como se não bastasse, saiu mais uma coletânea, Natural Babe Killers, pela gravadora Snapper. Na Inglaterra foi lançado o álbum BBC Sessions, cobrindo as apresentações do Babes In Toyland no programa de John Peel, terminando com a avalanche de lançamentos discutíveis no mercado.

Em 2001, animada pela repercussão do show de Minneapolis, Kat Bjelland agendou uma turnê européia para o Babes In Toyland. O detalhe é que ela não convidou Lori e uma das baixistas originais, optando por músicos contratados. Lori ficou sabendo da turnê pela imprensa e ameaçou processar Kat pela empreitada. Os shows foram cancelados e foi o fim definitivo do Babes In Toyland, num episódio lamentável que não faz jus a sua história.

 

Alexandre Luzardo
Novembro / 2004

Álbums:
Discos Oficiais Ano
Spanking Machine 1990 (Twin/Tone)
Fontanelle 1992 (Reprise)
Nemesisters 1995 (Reprise)
Coletâneas, EPs Ano
To Mother [EP] 1991 (Twin/Tone)
Painkillers [EP] 1993 (Reprise)
Natural Babe Killers 2000 (Snapper)
Lived 2000 (Almafame)
Devil 2000 (Almafame)
Viled 2001 (Almafame)
Minneapolism: Live For The Last Time 2001 (Cherry Red)
Further Adventures of Babes In Toyland 2001 (Almafame)