O Bikini Kill foi uma das bandas mais agressivas
a surgirem de um "movimento" conhecido como riot
grrrl, surgido em Olympia (cidade universitária próxima a
Seattle) no início dos anos 90, que pregava idéias feministas
por meio do rock'n'roll.
Kathleen Hanna, como líder do Bikini Kill acabou se tornando
um símbolo das riot grrrls. Os shows do Bikini Kill muitas
vezes tinham um clima de confronto. Os homens presentes no
show eram "convidados" a se afastar do palco, enquanto
que as mulheres eram chamadas à frente onde recebiam zines
e as letras das músicas, enquanto a banda destilava todo o
seu peso. Kathleen era conhecida por tirar a camisa durante
os shows e se apresentar com a palavra 'slut' escrita no abdomem
ou nas costas. Uma imagem como essa bate de frente com as
normas comerciais da indústria da música, mas Kathleen Hanna
e o Bikini Kill não estava preocupados em vender a sua imagem
da mesma forma em que elas pretendiam passar uma mensagem.
A mensagem do Bikini Kill funciona como a própria definição
do riot grrrl, uma mensagem feminista de fortalecimento e
crescimento num cenário dominado pelos homens. A música pode
ser classificada como punk, mas a música do riot grrrl é feminista
e direcionada às jovens, transmitindo auto-respeito e união
e pregando o respeito a cada indivíduo.
No entanto, cabe observar que as mulheres estiveram envolvidas
no punk desde o início. No final dos anos 70, o punk era uma
ácida resposta a comercialização do rock. As mulheres eram
ativas na cena, com presença nas bandas Slits, Raincoats,
Au Pairs, Girls at Our Best, Modettles, Delta 5, Shop Assistants
e Liliputs. Mas essas bandas não ajudavam e divulgavam umas
às outras, o que desperdiçava uma oportunidade de promoção
do trabalho conjunto das bandas. No início dos anos 90, as
garotas do riot grrrl retomaram a idéia do "faça você
mesmo" do punk rock e passaram a surgir várias bandas
novas, onde o Bikini Kill é fruto desse legado.

kathleen Hanna
num show da banda em 92
Histórico:
O Bikini Kill foi efetivamente formado por volta de 1990 em
Olympia, Washington por Kathleen Hanna, Tobi Vail and Kathi
Wilcox com o intuito de lançar um fanzine, também chamado
Bikini Kill. Para trazer mais vida a publicação, logo surgiu
a idéia de formar uma banda, e para isso foi chamado o guitarrista
Billy Boredom para completar a formação. Em 1991 foi gravada
a demo "Revolution Girl Style Now" e a banda entrou
em turnê pelos Estados Unidos junto com o Nation of Ulysses
e depois se estabeleceu em Washington DC onde gravou o seu
primeiro EP, intitulado simplesmente Bikini Kill, com o produtor
Ian MacKaye (Fugazi).
Em 1992 a banda excursionou pela costa leste, voou até o Hawaii
para o Dia Internacional da Mulher, tocou vários shows em
Washington DC, incluindo alguns shows beneficentes a favor
da Pro-Choice (organização que luta pela legalização do aborto),
que coincidiram com uma grande marcha que ocorreu em Washington
para lutar pela causa. A banda esteve ainda em Nova York onde
encontraram Joan Jett que demonstrou interesse na banda.
A banda excursionou também pela Inglaterra, ao lado
da banda Huggy Bear (uma espécie de representante britânica
do riot grrrl). As duas bandas dividiram o single "Yeah,
Yeah, Yeah / Our Troubled Youth", lançado pela
Catcall na Inglaterra e pela Kill Rock Stars nos Estados Unidos.
Nessa época, o riot grrrl ganhava uma visibilidade sem precedentes
e era destaque de reportagens e artigos na mídia tanto na
Inglaterra quanto nos EUA.
De volta aos EUA, a banda grava três músicas com Joan Jett
e logo em seguida faz uma breve turnê pela California que
inclui alguns shows com com o Fugazi. Durante o restante de
1993, a banda permanece inativa, trabalhando em projetos paralelos.
Aproveitando a parada, a Kill Rock Stars lança o disco
"The C.D. Version of the Two First Records", compilando
o primeiro EP, e o single inglês.
Em 1994 é lançado "Pussy Whipped", propriamente
o primeiro álbum da banda.
Em seguida, o Bikini Kill compõe novas músicas e faz uma mais
uma turnê americana ao lado das bandas the Peechees, Tourettes,
Metamatics, Slant 6, Free Kitten, Emily's Sassy, Lime, FYP,
Dos e Go-Go's.
No ano seguinte, após alguns shows abrindo para o Sonic Youth,
a banda grava o álbum "Reject All American" em 10
dias com o produtor John Goodmanson, lançado pela Kill Rock
Stars.
No fim de 1995, a banda embarca para um festival na Australia,
tocando 5 shows ao lado de nomes de peso como Beastie Boys,
Sonic Youth, Foo Fighters, the Amps, Pavemente, Beck, Rancid
e outros. Em seguida, o Bikini Kill fez a sua própria turnê
australiana e, na volta a Olympia, tocou dois shows no Hawaii.
Pouco depois do retorno a Olympia, a banda faz mais uma excurão
pela costa leste americana e posteriormente uma turnê de sete
semanas pela Europa.
Nesse período, em 1996, é lançado o segundo álbum, "Reject
All American" que acaba restrito ao público fiel da banda,
já que, ao contrário do que aconteceu na época do lançamento
do primeiro disco, o riot grrrl já não despertava o interesse
e a curiosidade da mídia.
Ao final da turnê européia, a banda resolve permanecer inativa
mais algum tempo, retornando na metade de 1997 para mais uma
turnê na Austrália, seguido de alguns shows no Japão. Em Tóquio,
o Bikini Kill realiza o último show de sua história. A banda
trabalho em músicas novas no fim de 97, mas não chegou a gravá-las.
Em abril de 1998 foi anunciado oficialmente o fim do Bikini
Kill após uma carreira de 7 anos.
Todos os ex-integrantes do Bikini Kill continuam ativos na
música. Billy Karren, Tobi Vail e Kathi Wilcox lançaram um
CD com uma coletânea dos singles lançados pelo projeto paralelo
The Frumpies que eles mantém juntamente com a baterista Molly
Neuman (da banda Bratmobile). Kathleen Hanna trabalhou com
Joan Jett no disco Fetish de 1999. Também gravou um CD solo
usando o nome Julie Ruin, bem como montou uma nova banda,
chamada Le Tigre, que já lançou dois CD's até hoje.
Parte
do texto e fotos tiradas do site:
John's Humble Bikini Kill Page
http://www.unm.edu/~rocks/bikinis.htm - A True Original
Fatos
pitorescos de Kathleen Hanna:
Kathleen Hanna x Courtney Love:
Durante o Lollapalooza 95, Courtney Love agrediu Kathleen
com um soco. O caso foi parar na justiça mas não teve maiores
consequências. Courtney e Kathleen se encontravam nos bastidores
do festival, do qual o Hole e o Sonic Youth (que estava sendo
acompanhado por Kathleen naquela turnê). Durante o andamento
festival, até acontecer a tal agressão, rolaram várias histórias
e boatos sobre os acontecimentos entre as duas durante o Lollapalooza:
- Courtney recebeu de um roadie um saquinho de batatas fritas.
Ela agradeceu ao roadie e atirou as batatas em Kathleen, gritando
"Ó, vai alimentar os sem-teto!" (Here, go feed the
homeless") e depois saindo junto com a atriz Drew Barrymore
(amiga de Courtney). Segundo o roadie, Kathleen recusou a
oferta de Courntey dizendo que não gostava de silicone.
- No intervalo de um dos shows do Sonic Youth, Kathleen foi
ao microfone e disse "o Hole é uma banda", querendo
dizer que não se tratava apenas de Courtney (o que a própria
Courtney aliás vivia repetindo).
- No mesmo dia, Courtney perguntou ao pessoal do Sonic Youth
em tom de ironia: "Oh, então Kathleen entrou na banda
de vocês?"
- Após a agressão, Kathleen propôs que o desentendimento entre
as duas deveria ser esclarecido na palavra, em um debate sobre
as questões feministas (Courntey era uma oposicionista do
riot grrrl) em uma qualquer universidade que Courtney escolhesse.
A resposta veio seca e ríspida: "Debate?! Mas você mal
sabe ler".
- Depois que a briga das duas foi noticiada, Courntey deu
uma explicação sobre o que aconteceu pela internet: "eventually
my fist...met [Kathleen's] Rathead, and it was orgasmic."
Entenda a origem do ódio de Courtney:
Courtney não concordava com o riot grrrl e não queria que
o Hole fosse identificado com o "movimento". Ela
não simpatizava com a cena de Olympia. O Bikini Kill incluia
Tobi Vail, que foi namorada de Kurt Cobain, que acusou Kurt
de ter se vendido depois que o Nirvana fez sucesso. Kathleen
assinou um contrato do Bikini Kill com a gravadora Kill Rock
Stars, que é de propriedade de Slim Moon (outro inimigo de
Courtney), para piorar, a Kill Rock Star também lançou material
de Mary Lou Lord, mais uma ex-namorada de Kurt, que também
faz parte da lista de ódio de Courtney.
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