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Review: Blur

avaliação:

"13" talvez seja o álbum mais obscuro da banda inglesa Blur. Lançado em 1999, este é o último álbum inédito desta banda londrina (o último álbum mesmo foi uma coletânea, "The best of"). É recheado de canções deprimidas, sobre corações partidos. Daí a denominação muito usada de "dor de cotovelo" para este álbum. 

Culpa, por parte, de Justine Frischmann, ex-namorada de Damon Albarn. Justine foi quem acabou com o longo relacionamento dos dois. A partir daí, Albarn entrou naquela fase deprimente pós-relacionamento em que as pessoas costumam chorar e se perguntar porquê acabou. E por esse motivo, "13" se torna um álbum único na carreira do Blur, quando eles simplesmente trocaram as letras sátiras e cômicas sobre a classe média britânica e passaram a falar sobre "garotas que foram perdidas para os Rolling Stones".

Isso tudo é bem perceptível logo pela primeira música; "Tender" é dor de cotovelo pura, longa e com um coral gospel. Porém, sua musicalidade é boa e a guitarra de Graham salva a música de seus maus pedaços. 

Aliás, a guitarra de Graham é a responsável pela maior parte dos bons momentos de "13". Apesar da dor de cotovelo e da lamúria quase eterna, o álbum soa alegre em alguns momentos. Um deles é "Bugman", a segunda faixa, que é algo um tanto distorcido e mais cômico, que dispersa um pouco a tristeza deixada por "Tender". O álbum volta à melancolia em "Coffee and tv", que apesar da melodia bem alegria e do clipe quase hilário (é a saga da caixinha de leite à procura do filho perdido da casa), também é bem tristezinha, uma coisa de quase engolir o orgulho e pedir perdão à namorada. 

Continuando a novela (que poderia ser mexicana, se não fosse bem inglesa) do broken heart vem "Swanp song", também com toques alegres (viva novamente ao nosso amigo Grahan Coxon!). "1992", que vem logo em seguida, tem um quê deprê do Radiohead. E depois da depressão, vem "BLUREMI", uma musiquinha bem curtinha e divertida, boa pra ficar dançando sozinho, com distorções legais nas guitarras e na voz, e com direito a um órgãozinho bem bacana. 

Mas como nem tudo são flores (e nem todos os devaneios de Albarn têm conserto), apareceu "Battle", uma música longa, que precisa de ouvidos bem inspirados para ouvi-la. É meio complicada à primeira vez que se ouve, mas se torna mais agradável se prestarmos um pouco de atenção ao baixo e à bateria, praticamente impecáveis. "Mellow song" segue essa mesma tendência. "Trailpark", a nona canção desse disco, compete duro com "No distance left to run" pelo título melhor-dor-de-cotovelo do álbum. Difícil mesmo é saber quem fica com o troféu. A canção é boa (tem uma levada de baixo ótima), mas é lamúria do início ao fim. O teclado dá um toque ainda mais deprimente. "Caramel" vem logo depois e, com certeza, é a mais difícil de se ouvir. É quase instrumental e melhora um pouquinho no final. Mas mesmo assim consegue ser bem chatinha. 

"Tirmm Trabb" anima um pouquinho depois de "Caramel". Tem uma levada gostosa de se ouvir e umas guitarras bem interessantes. Novamente, os músicos são os maiores responsáveis pela "levantada" na música, porque a letra continua à risca o broken heart de Damon. 

E, logo a seguir vem... "No distance left to run". Uma dor de cotovelo bem digna por sinal, que soa com um "eu não quero te ver nunca mais, nem pintada de ouro". Boa pra dedicar a algum(a) canalha da sua vida. 

E, enfim, "Optigan 1", a mais non sense de todo o álbum: uma coisa instrumental, com um sino tocando. Perfeita para fechar o álbum, tido como um dos piores do Blur. Mas, ouvindo com atenção, dá pra ver que não é tão ruim quanto parece. É só questão de gosto. Ou de momento.

Majia Akiba
2002