Culpa, por parte, de Justine
Frischmann, ex-namorada de Damon Albarn. Justine foi quem
acabou com o longo relacionamento dos dois. A partir daí,
Albarn entrou naquela fase deprimente pós-relacionamento
em que as pessoas costumam chorar e se perguntar porquê
acabou. E por esse motivo, "13" se torna um álbum único
na carreira do Blur, quando eles simplesmente trocaram
as letras sátiras e cômicas sobre a classe média britânica
e passaram a falar sobre "garotas que foram perdidas para
os Rolling Stones".
Isso tudo é bem perceptível
logo pela primeira música; "Tender" é dor de cotovelo
pura, longa e com um coral gospel. Porém, sua musicalidade
é boa e a guitarra de Graham salva a música de
seus maus pedaços.
Aliás, a guitarra de Graham é a responsável pela maior
parte dos bons momentos de "13". Apesar da dor de cotovelo
e da lamúria quase eterna, o álbum soa alegre em alguns
momentos. Um deles é "Bugman", a segunda faixa, que é
algo um tanto distorcido e mais cômico, que dispersa um
pouco a tristeza deixada por "Tender". O álbum volta à
melancolia em "Coffee and tv", que apesar da melodia bem
alegria e do clipe quase hilário (é a saga da caixinha
de leite à procura do filho perdido da casa), também é
bem tristezinha, uma coisa de quase engolir o orgulho
e pedir perdão à namorada.
Continuando a novela (que poderia ser mexicana, se não
fosse bem inglesa) do broken heart vem "Swanp
song", também com toques alegres (viva novamente ao nosso
amigo Grahan Coxon!). "1992", que vem logo em seguida,
tem um quê deprê do Radiohead. E depois da depressão,
vem "BLUREMI", uma musiquinha bem curtinha e divertida,
boa pra ficar dançando sozinho, com distorções legais
nas guitarras e na voz, e com direito a um órgãozinho
bem bacana.
Mas como nem tudo são flores (e nem todos os devaneios
de Albarn têm conserto), apareceu "Battle", uma música
longa, que precisa de ouvidos bem inspirados para ouvi-la.
É meio complicada à primeira vez que se ouve, mas se torna
mais agradável se prestarmos um pouco de atenção ao baixo
e à bateria, praticamente impecáveis. "Mellow song" segue
essa mesma tendência. "Trailpark", a nona canção desse
disco, compete duro com "No distance left to run" pelo
título melhor-dor-de-cotovelo do álbum. Difícil
mesmo é saber quem fica com o troféu. A canção é boa (tem
uma levada de baixo ótima), mas é lamúria do início ao
fim. O teclado dá um toque ainda mais deprimente. "Caramel"
vem logo depois e, com certeza, é a mais difícil de se
ouvir. É quase instrumental e melhora um pouquinho no
final. Mas mesmo assim consegue ser bem chatinha.
"Tirmm Trabb" anima um pouquinho depois de "Caramel".
Tem uma levada gostosa de se ouvir e umas guitarras bem
interessantes. Novamente, os músicos são os maiores responsáveis
pela "levantada" na música, porque a letra continua à
risca o broken heart de Damon.
E, logo a seguir vem... "No distance left to run". Uma
dor de cotovelo bem digna por sinal, que soa com um "eu
não quero te ver nunca mais, nem pintada de ouro". Boa
pra dedicar a algum(a) canalha da sua vida.
E, enfim, "Optigan 1", a mais non sense de todo
o álbum: uma coisa instrumental, com um sino tocando.
Perfeita para fechar o álbum, tido como um dos piores
do Blur. Mas, ouvindo com atenção, dá pra ver que não
é tão ruim quanto parece. É só questão de gosto. Ou de
momento.