Esta é a versão antiga da Dying Days. A nova versão está em http://dyingdays.net. Estamos gradualmente migrando o conteúdo deste site antigo para o novo. Até o término desse trabalho, a versão antiga da Dying Days continuará disponível aqui em http://v1.dyingdays.net.


Home | Bandas | Letras | Reviews | MP3 | Fale Conosco
Odessey and Oracle

Eu já falei desse disco algumas vezes aqui na coluna e vou repitir de novo: Odessey And Oracle é uma obra-prima! O disco, que saiu em 1967, condensa perfeitamente o que rolava na época, transbordando psicodelia, alusões à drogas, melodias trabalhadas e bonitas harmonias vocais. Mas infelizmente foi um fracasso comercial, que merece ser lembrado como um dos melhores documentos dos anos 60, ao lado de pérolas como Pet Sounds e Revolver.

A banda fez algum sucesso com o disco Begin Here, mas ainda não fazia o som sofisticado que melhor os representa. Odessey And Oracle passou totalmente despercebido na Inglaterra, mas Al Kooper, empresário de Bob Dylan na época e conhecido executivo de gravadoras fez de tudo pra lançar o single de "Time Of The Season nos Estados Unidos. Conseguiu transformar a música em sucesso, mas a banda já havia acabado.

A ótima faixa de abertura, "Care Of Cell 44" lembra a abertura animada de Pet Sounds, "Wouldn´t It Be Nice". Os "ahhhh" durante a canção também lembram bastante a banda de Brian Wilson. Ainda nos standards da época, "This Will Be Our Year" tem trompetes que remetem à perfeita Penny Lane, dos Beatles. Mas os Zombies não soam imitação, até pelos excelentes e originais arranjos e o teclado de Rod Argent. Argent toca o bonito mellotron de "Hung Up And Dream", uma belíssima balada. A ultra psicodélica "Changes" destaca os belos vocais de Colin Blunstone (que nessa música lembra Syd Barrett, que nessa época ainda estava começando).

Ainda vale muito citar a animada "Friends Of Mine", "Rose For Emily" (minha favorita, simplemente maravilhosa) e, claro, o hit "Time Of The Season". Clássica , com poderosa linha de baixo e vocais perfeitos, apareceu recentemente no retrô e engraçadíssimo filme Austin Powers 2 na versão do chapado Scott Weiland. Shaggadelic!

É uma pena que sejam tão pouco lembrados. Até bandas como os Doors se influenciaram claramente no som jazzístico e doido dos caras (o teclado deles comprova isso). Talvez tenha faltado um pouco de tato profissional. O que importa é que Odessey And Oracle está aí pra ser ouvido por todos que admiram melodias bem feitas.

Melhores de 2002

Convenhamos: o ano de 2002 definitivamente não foi dos britânicos. As bandas americanas dominaram o cenário este ano, com várias obras-primas, como Yankee Hotel Foxtrot (Wilco), Sea Changes (Beck), Songs For The Deaf (Queens Of The Stone Age) e Yoshimi Battles The Pink Robots (Flaming Lips), além de revelações, como o jovem Ben Kweller. Então alguns discos britânicos que se destacaram:

Delgados - Hate: O melhor disco vindo das ilhas. Segue a mesma linha da obra-prima The Great Eastern, ou seja, guitarras moderadamente sujas misturadas a arranjos épicos maravilhosos. Destaque para a sempre competente produção de Dave Fridmann (Mercury Rev, Flaming Lips, Pavement) e o instigante contraste entre as vozes de Alun Woodward e a doce Emma Pollock. Saiu no Brasil, vale a pena correr atrás.

Coldplay - A Rush Of Blood To The Head: O Coldplay surpreendeu com um disco mais pesado que Parachutes e se consagrou como a maior banda inglesa da atualidade. "In My Place" é a canção pop perfeita. A interpretação de Chris Martin é de chorar. As baladas continuam bem, como demonstram "The Scientist" (que deve ser a próxima a estourar) e "Amsterdam" e os rapazes até resolveram arriscar novos elementos na sensacional "Politik" e em "God Put A Smile Upon Your Face".

Beth Gibbons & Rustin´ Man - Out Of Season: A vocalista do Portishead resolveu lançar seu primeiro solo enquanto a banda está parada. Aqui ela deixa um pouco de lado as batidas eletrônicas e climas densos do trip hop e cai nas baladas com alguns arranjos mais acústicos. Destaque para "Tom The Model", "Funny Time Of Year" e a perfeita "Mysteries". Outro que saiu por aqui.

Belle & Sebastian - Storytelling: Enquanto não lançam o verdadeiro sucessor de Fold Your Hands Child, You Walk Like A Peasant, os escoceses lançaram esta trilha-sonora quase que inteiramente composta de canções instrumentais, como "Fiction" e as suas derivações, "Freak" e "Consuelo". As que tem vocal honram os clássicos da banda: a nickdrakeana "Black And White Unite" e "Big John Shaft" são ótimas.

Reindeer Section - Son Of Evil Reindeer: Super banda escocesa (27 membros!) que inclui componentes de grupos como Belle & Sebastian, Teenage Fanclub, Mogwai, Snow Patrol, Arab Strap, Idlewild, Vaselines e várias outras. As composições doces e acústicas de Gary Lightbody (do Snow Patrol) são cativantes e alegres, ótimo pra levantar de manhã. Vale destacar a bela união do gênio Norman Blake (do Teenage Fanclub), do cultuado Eugene Kelly (Eugenius, Vaselines) e Jenny Reeve (do Eva) em "Strike Me Down" e o próprio Lightbody em "Grand Parade" e "Budapest", além das belas "Cartwheels" e "Your Sweet Voice". Saiu no Brasil.

Oasis - Heathen Chemestry: Apesar de superar o fraco Standing On The Shoulder Of Giants, Heathen Chemestry mostrou que o Oasis não consegue mais repetir a perfeição de Definitely Maybe e (What´s The Story?) Morning Glory. Mesmo assim, Noel Gallagher ainda tem alguns surtos de genialidade, como na excelente "Little By Little", sua melhor composição em anos. Outras legais são "Stop Crying Your Heart Out" (apesar de ter tocado até enjoar), "Songbird" (do irmão Liam) e "Born On A Different Cloud", a mais beatlemaníaca de toda a carreira do Oasis, com vocais que remetem à "Happiness Is A Warm Gun" e um slide (tocado por Johnny Marr, ex-Smiths) que é totalmente harrisoniano.

Outros discos destacados este ano:

Sleeping On Roads - Neil Halstead: Primeiro solo do talentosíssimo líder do Mojave 3 (se você não conhece essa banda, corra atrás da obra-prima Excuse For Travellers, que saiu aqui). Ao lado do americano Elliott Smith, o mais digno herdeiro de Nick Drake.

The Last Broadcast - Doves: O trio finalmente estourou, apesar de o disco não ser tão bom quanto o début Good Souls. Mas vale bastante a pena pelos hits "There Goes The Fear" (aquela com o final surpreendente), a neworderiana "Pounding" e "Caught By The River", cujo violão na introdução lembra "Fake Plastic Trees".

About A Boy - Badly Drawn Boy: Damon Gough aceitou a missão de compor a trilha do filme baseado no livro de Nick Hornby e se deu muito bem. "Something To Talk About" e "Silent Sigh" estão entre as melhores músicas do ano, e Damon, que não é bobo nem nada, já lançou mais um disco, Have You Fed The Fish, sem perder a qualidade.

Destaque negativo para Richard Ashcroft, que mais uma vez não conseguiu matar a saudade dos bons tempos de Verve com o chatíssimo Human Conditions.

2003 promete ser um ano iluminado na Grã-Bretanha. Entre as bandas que devem lançar disco novo estão Radiohead, U2, Belle & Sebastian, Manic Street Preachers, Teenage Fanclub, Mogwai, Travis, Stereophonics e o Blur, que infelizmente promete pouco. Graham Coxon era a alma do grupo. É torcer pra que Damon Albarn crie vergonha na cara e fique de vez com os Gorillaz.

TEM QUE OUVIR:

Zombies: Rose For Emily, Time Of The Season, Care Of Cell 44
Delgados: Child Killers
Coldplay: Politik, The Scientist
Beth Gibbons: Mysteries
Reindeer Section - Strike Me Down
Doves: Caught By The River
Badly Drawn Boy: Something To Talk About, Silent Sigh

Jonas Lopes, 18, é auxiliar de escritório, aspirante a músico e apaixonado por Rock N'Roll.