Em uma entrevista concedida à (infelizmente)
extinta Showbizz, o vocalista do Travis, Fran Healy, foi questionado
sobre a grande explosão da cena escocesa que ocorreu
nesses últimos anos. Fran afirmou que o principal motivo
é que a crítica resolveu prestar atenção
nas bandas do norte do Reino Unido, e que isso aconteceria
em qualquer lugar que ela resolvesse olhar, pois há
bandas maravilhosas para serem descobertas em todos os cantos
do globo. Apesar de ser um tradicional crítico dos
Travis, concordo plenamente com o que o cantor afirmou, e
isso foi provado com a ascensão de várias cenas
nesses últimos anos, como a do País de Gales
e, mais recentemente, a da Suécia. Mas fica uma questão
no ar: por que a crítica musical resolveu observar
a o trabalho dos músicos de Glasgow, de uma hora para
outra?
Uma boa explicação
é a organização. A carreira de bandas
tão distintas quanto Belle & Sebastian e Mogwai
foi alavancada por selos organizados pelos próprios
artistas, que começaram como fabriquetas de fundo de
quintal, e cresceram a ponto de se tornarem referências
para a música alternativa. Os dois maiores selos são
o já consagrado Jeepster (Belle & Sebastian, Snow
Patrol, Gentle Waves, Looper, Salako) e o Chemikal Underground
(Mogwai, Arab Strap, Aerogramme).
É justamente aqui que
entra o trabalho de Alun Woodward, Emma Pollock, Stewart Henderson
e Paul Savage, mais conhecidos pela alcunha Delgados (nome
tirado de um ciclista espanhol, Pablo Delgado, vencedor do
tradicional Tour De France). Os quatro fundaram a já
citada Chemikal Underground, e se tornaram peças-chave
na ascensão da cena escocesa, tanto por seu trabalho
musical quanto por seu trabalho empresarial. Consolidaram
tanto suas carreiras quanto a de muitos outros sem interferência
de nenhuma major, e hoje colhem os frutos, sendo uma banda
consolidada, reverenciada e influente no Reino Unido, além
de ter dinheiro na conta para lançarem novas bandas
do underground, não somente escocesas, mas também
de outras nacionalidades (a hoje tão aclamada banda
nova-iorquina Interpol chegou a lançar um EP pela Chemikal,
no projeto Fukd ID).
Nos últimos anos, vem
aprimorando seu próprio estilo, extremamente melódico,
com grandiosos refrões, orquestras e produções
caprichadas. Apesar de não contar com o hype do Belle
& Sebastian ou do Mogwai, já está estabelecida
como uma das principais bandas da emergente cena escocesa,
caminhando sempre à margem do mainstream, mas cativando
o público alternativo e a crítica. Hate e The
Great Eastern já estão entre os grandes discos
desse início de década.

Delgados
encarando a terrinha
Uma atitude alternativa
Tudo começou em 1994.
Os três rapazes tocavam em uma outra banda da cidade,
mas acabaram sendo expulsos. Frustrados com a expulsão,
resolveram montar sua própria banda, os Delgados. Para
dividir os vocais e as guitarras com Alun Woodward, resolveram
chamar Emma Pollock, amiga dos tempos de faculdade de Paul
Savage. A banda estava pronta, mas acabou não despertando
o interesse de gravadoras. Sem nenhuma proposta, resolveram
tomar uma atitude: para se livrarem de gravadoras, brigas
contratuais e ambições de chefes gananciosos,
formaram seu próprio selo: o Chemikal Underground.
Na época, a Escócia
começava a se destacar no cenário pop britânico,
com o relativo sucesso de Teenage Fanclub e Jesus & Mary
Chain. Mas, ainda assim, fazer algum sucesso era algo extremamente
improvável para os artistas da região, que não
tinham muita escolha senão uma mudança para
Londres, como fizeram todas as bandas já estabilizadas
de lá. A idéia incomodava os Delgados, assim
como incomodava a todas os artistas escoceses, querendo sua
merecida fatia da audiência britânica sem sair
de sua terra natal. Por isso mesmo o Chemikal Underground
não foi, em momento algum, um selo exclusivo dos Delgados,
servindo de casa para muitas outras bandas que compartilhavam
dos mesmos ideais e também da mesma preocupação.
Na época, a banda afirmava: "agora a classe trabalhadora
se torna o chefe", em alusão ao filósofo
alemão Karl Marx.
No início de 1995, foi
lançado "Monica Webster", o primeiro single
da banda e da gravadora. Na época o som dos Delgados
era totalmente diferente do que nós hoje conhecemos,
com uma forte pegada lo-fi e uma influência visível
de Guided By Voices e Pavement. "Monica Webster"
fez relativo sucesso, se esgotando em poucos meses, impressionando
o influente radialista britânico John Peel, das famosas
Peel Sessions. O sucesso também possibilitou um retorno
financeiro para o selo, que começou a investir em novas
bandas da cena escocesa, lançando no mesmo ano dois
singles da banda bis, sendo que o segundo deles, Kandy Pop,
chegou à vigésima quinta posição
na Billboard.
No meio de 95, o Delgados recebe
uma proposta para gravar um EP pela Radar Records, selo londrino.
A banda aceita, deixando os investimentos da Chemikal voltado
para outras bandas. O resultado, Lazarwalker, foi considerado
um fracasso pela banda, que preferiu voltar às origens
do que continuar no selo. O grande benefício foi o
aprendizado, como afirma Paul Savage, que conheceu melhor
o sujo submundo pop londrino. No site oficial, Savage diz:
"Fomos mencionados (por um colunista da NME) e ficamos
satisfeitos, mas depois nós perguntamos o quanto cobravam
por um release típico. Levantem-se e tirem suas máscaras!!"
Aproveitando a situação, contrataram alguns
empregados das gravadoras londrinas, mais experientes, para
ajudá-los com a Chemikal Underground. A banda grava
também dois split-singles, Liquidation Girl e Booker
T. Jones com as bandas Van Impe e Urusei Yatsura, respectivamente.
Em 96, lançam Cinecentre,
single que marca a volta da banda à Chemikal Underground.
Uma curiosidade do single é o dueto de Emma e Alun,
Thirteen Glinding Principles, lado B que acabou sendo regravado
em The Great Eastern, tornando-se uma das faixas favoritas
dos fãs da banda. No mesmo ano, conhecem duas bandas
importantíssimas para o desenvolvimento tanto do selo
quanto da banda: Mogwai e Arab Strap. Com dinheiro no caixa,
resolvem bancar a estréia dos dois e também
a sua. Ao mesmo tempo, iniciaram as gravações
de Domestiques e também do primeiro álbum do
Arab Strap, The Week Never Starts Round Here. Em poucos meses
o Mogwai também entra em estúdio para a gravação
de Young Team, seu primeiro disco.
O primeiro disco e
a evolução sonora
Em junho de 96, é lançado
Under Canvas Under Wraps, primeiro single do que seria a estréia
dos Delgados, Domestiques. Uma música enérgica,
cheia de guitarras distorcidas, lo-fi e berrada, muito longe
do Delgados de hoje. O empolgante single abre caminho para
o lançamento do disco, que ocorre em outubro do mesmo
ano, uma semana depois do igualmente empolgante e divertido
single de Sucrose.
Domestiques é uma estréia
irregular, um disco onde o lo-fi é levado ao extremo,
mas acaba pecando pela falta de melodias memoráveis
e pela pobreza da gravação. Ainda assim, possui
pérolas como as já citadas Under Canvas Under
Wraps e Sucrose, e mostra a banda em seu princípio,
desenvolvendo suas habilidades nos instrumentos - já
é possível ouvir as guitarras arpejadas que
se tornaram marca registrada da banda em faixas como Leaning
On A Cane, assim como as geniais linhas de baixo de Stewart
Henderson e os vocais sempre belos e discretos de Emma Pollock.
O disco acaba não sendo
tão bem recebido quanto as estréias de seus
companheiros de selo Mogwai e Arab Strap, que foram lançadas
nos meses seguintes. Apesar disso, John Peel se apaixona pela
obra, o que possibilita a gravação de um disco
da já tradicional série BBC Sessions (que apresenta,
entre outros, Pixies e Joy Division), lançado em 97.
No início desse ano, a cena escocesa começava
a dar as caras nas publicações londrinas, graças
ao fenômeno Belle & Sebastian, que havia lançado
seu segundo disco, If You're Feeling Sinister. Mogwai, Arab
Strap e Delgados iam conquistando seu espaço aos poucos.
No final de 97, a banda volta
aos estúdios para gravar seu segundo álbum,
Peloton. Dessa vez grava no estúdio CaVa, em Glasgow,
construído em uma antiga igreja, o que acabou contribuindo
para um clima mais melancólico em certas faixas do
disco. O disco é lançado em junho de 98, depois
do lançamento de dois singles, Everything Goes Around
The Water e Pull The Wires From The Wall, sendo que esse último
chegou ao primeiro lugar das paradas alternativas britânicas,
se tornando o maior sucesso da banda.
Assim como já apontavam
os singles, o disco apresenta uma profunda evolução
em relação a Domestiques. No lugar da produção
desleixada, arranjos detalhados, cheios de cordas e instrumentos
de sopro, com ênfase na melodia e no clima. Mas o disco
não escapa da influência do anterior, e apresenta
um contraste entre a suavidade e a beleza do que se tornaria
o som "típico" dos Delgados e o peso e a
sujeira de Domestiques, as vezes dentro de uma só faixa,
como em The Actress e Repeat Failure. Para completar a obra,
uma melancólica e inesperada balada pop, a já
citada Pull The Wires From The Wall.
Esse disco acabou servindo
de referência para os trabalhos posteriores da banda,
sendo a raíz tanto de The Great Eastern quanto de Hate.
Mas o detalhe que mais chama a atenção é
o extraordinário frescor pop que o álbum apresenta,
com grandes refrãos presentes na grande maioria das
faixas, o que tornou o disco mais acessível e agradável
ao público.
No mesmo ano, Arab Strap lança
Philophobia, sucesso de crítica e público, assim
como Come On Die Young, do Mogwai. Juntos com Peloton, estabilizam
a carreira da Chemikal Underground, o que possibilita o próximo
plano dos Delgados: o já clássico The Great
Eastern. As duas bandas acabam deixando a gravadora, dando
oportunidade tanto aos Delgados quanto a outras bandas novas
que estavam sendo chamadas para o elenco.

Delgados: banda
full-time e executivos de gravadora
nas horas vagas. Ou seria o contrário?
Uma nova fase
Os Delgados voltam a trabalhar
em estúdio em setembro de 98, logo após lançar
o excelente Peloton, para gravar o que seria o terceiro disco
da banda, mas as gravações acabaram sendo problemáticas.
Nada parecia dar certo para a banda e Tony Doogan, engenheiro
de som que é chamado carinhosamente pela banda de "o
quinto delgado". Tentavam mixar sozinhos o álbum,
mas não acertavam a mão de maneira alguma, o
que provocou uma crise na banda. Cada membro parecia enxergar
as músicas de uma forma diferente, seguindo, muitas
vezes, em direções opostas, sem entrarem em
nenhum consenso quanto ao conceito e a sonoridade do álbum.
Para finalizá-lo, precisariam de alguém de fora.
Surge então uma importantíssima
figura para a carreira dos Delgados: Dave Friedmann. O produtor
americano, que já havia trabalhado em álbuns
do Mercury Rev, Flaming Lips e Weezer, entre outros, afirmou
certa vez que "o único defeito de Peloton é
que eu não trabalhei nele". A banda nem pestanejou
na hora de decidir quem mixaria seu terceiro rebento e entrou
em contato com o rapaz, que aceitou o trabalho na hora. Então,
Paul Savage e Stewart Henderson refizeram os arranjos para
guiar seu trabalho e Tony Doogan viajou para Nova York com
todo o material disponível para auxiliá-lo com
a mixagem, servindo como um "embaixador" da banda.
Era a primeira vez que os Delgados deixavam alguém
ter tanta autonomia com seu trabalho, e também a primeira
vez que Dave Friedmann mixava um álbum no qual não
tivesse participado na produção.
No final de 99, 15 meses e
4 estúdios depois do início dos trabalhos, Dave
e Tony terminaram o quebra cabeça. Estava finalmente
pronto The Great Eastern, o mais ousado disco da banda até
então. A banda aprovou o trabalho de Friedmann e o
disco foi lançado em abril de 2000.
Com certeza, era o grande disco
da banda até então. Canções etéreas,
suaves, muitas cordas e instrumentos de sopro, mudanças
de andamento e um punhado de grandes canções
pops, como American Trilogy, No Danger, Accused of Stealing
e Aye Today. Aproveitam, também, para experimentar
novas sonoridades, principalmente na faixa inicial, The Past
That Suits You Best, na qual toda a melodia fica concentrada
em uma das caixas de som durante uma boa parte da música,
deixando a outra apenas para ruídos, que acabam se
fundindo perfeitamente com a melodia. Durante o disco, é
perceptível a evolução da banda, que
desenvolveu a técnica (já antes muito bem testada
em Peloton) de nos envolver com a estrutura de suas músicas,
com arranjos que começam discretos e distantes, que
vão crescendo aos poucos, chegando a momentos inacreditavelmente
belos e poderosos, fazendo com que cada canção
seja uma pequena obra prima.
O resultado dos 15 meses de
sufoco não poderia ser melhor. The Great Eastern acabou
sendo um sucesso, conquistando tanto a crítica quanto
o público, o que garantiu aos Delgados uma indicação
ao Mercury Prize, e também um grande número
de admiradores por todo o mundo.
O épico
Em 2001, os Delgados são
convidados para participarem de um estranho projeto. O artista
plástico Joe Coleman montou um filme com suas pinturas,
e para fazer a trilha sonora de seu projeto, que seria apresentado
em Londres, chamam a banda escocesa. O detalhe é que
a trilha sonora seria ao vivo, sem ensaios, uma grande jam
servindo como pano de fundo para o filme. A banda aceita,
e a apresentação acaba sendo um sucesso.
Foi a primeira vez em que as
músicas foram compostas daquela forma, sem serem baseadas
nas letras de Alun e Emma, e isso acabou influenciando e entusiasmando
a banda em seu novo projeto. A base de seu quarto disco deveria
ser as músicas da apresentação, mas como
foi tudo um grande improviso (que acabou não sendo
gravado), teriam de repensar todo o conceito. A idéia
então passou a ser trabalhar da mesma forma, compor
primeiro as melodias, pensar nos arranjos e depois de tudo,
escrever as letras. Era a única maneira de manter a
unidade que faltou à banda nas gravações
de The Great Eastern.
Na mesma época, novas
bandas começavam a despontar na Chemikal Underground,
como os americanos do Radar Bros e o Aerogramme. O já
renomado Arab Strap retornou ao selo, lançando The
Red Threat em 2001. Com tantas bandas no catálogo,
os Delgados decidem abandonar o barco, num estranho caso em
que o patrão demite a si próprio, e vão
para a Mantra Records, que já havia lançado
Peloton e The Great Eastern fora da Europa. O principal motivo
era o dinheiro disponível paras as gravações
do próximo álbum.
A idéia era fazer um
trabalho caro, uma espécie de épico, com uma
produção ainda mais detalhada, luxuosa e pop
do que a do álbum anterior, com a vantagem de que a
banda já sabia exatamente como gostaria de soar, e
estava totalmente unida, focada para o mesmo resultado desde
o princípio. Isso acabou facilitando as gravações;
trabalhando de volta com Tony Doogan, a banda não teve
os problemas das sessões de The Great Eastern. Para
a mixagem, Dave Friedmann é novamente chamado.
Ao contrário do que
muitos pensam, Dave pouco mexeu na primeira gravação,
estava plenamente satisfeito com o trabalho de Doogan e dos
Delgados. Fica pronto então o quarto disco da banda,
Hate, que é lançado em outubro de 2002, algumas
semanas depois do belíssimo single Coming In From The
Cold, uma das músicas mais acessíveis e encantadoras
já escritas pelos Delgados.
O resultado final não
poderia ser melhor: um disco belo, unindo a veia pop de Peloton
com os delicados arranjos de The Great Eastern, criando grandes
composições, com melodias e arranjos tocantes,
estruturas grandiosas e refrãos comoventes. Desde o
início parece nos levar a uma viagem pelo universo
dos Delgados, cheio de tristeza (Woke From Dreaming), ironia
(All You Need Is Hate), beleza (Never Look At The Sun) e até
esperança, escondida sob toda a melancolia das melodias
e letras (All Rise). Um álbum mágico, um dos
melhores de 2002.
Mas a reação
da crítica acabou sendo um pouco decepcionante, uma
vez que o disco foi lançado no chamado "ano dos
hypes", em que toda a imprensa "oficial" se
limitou a bajular uma meia-dúzia de bandas sistematicamente,
desprezando um bom número de grandes lançamentos
que mereciam muito mais do que o esquecimento dos cadernos
culturais. Isso acabou influenciando nas vendas, deixando-as
aquém de seu potencial. Se fosse em um ano "normal",
seria muito provável que um single como Coming In From
The Cold atingisse um público muito maior do que o
atingido.
Depois do ódio
Em 2003, os Delgados fizeram
uma turnê pela Europa. Pela primeira vez, excursionam
junto com um quarteto de cordas, responsável pela transferência
da sonoridade de Hate para os palcos. Lançaram, no
início do ano, o segundo single desse disco, o controverso
All You Need Is Hate, sátira descarada aos Beatles,
com toda a pompa da música "original" mas
com uma letra para lá de ácida e sarcástica.
Entre shows e entrevistas, continuraam tocando a Chemikal
Underground, agora sendo apenas os patrões. Há
rumores de que o Teenage Fanclub participara do projeto Fukd
ID, promovido pela gravadora, que lança EPs de artistas
consagrados e também de bandas iniciantes.
O final de 2004 marcou o lançamento
do disco "Universal Audio", pela Chemikal Underground.
A princípio disfarçado de disco de hits e músicas
para lá de pops, o álbum parece ter algo mais
sutil e que foge aos ouvidos em primeiras audições.
O escutar com cuidado, e cada vez mais, distancia as músicas
da simplicidade perversa e traz à tona desenhos iniciados
no Hate.
E, depois de quase uma década
de um trabalho árduo, a banda continua a mesma. Ora
trabalhando em seus discos maravilhosos, ora peitando as majors,
mas sempre fiéis à arte que fazem. Os discos
Peloton, The Great Western e Hate foram lançados no
Brasil pela Sum Records, e não é difícil
topar com algum deles em sua loja de CD favorita. Se você
nunca os ouviu, não preciso nem dizer que qualquer
um dos discos é altamente recomendado e merece espaço
em sua coleção.
Francisco Marés
de Souza (2003)
atualizado por Natalia Vale Asari em fev/2005
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