O
Flaming Lips tem uma trajetória das mais singulares
de todos os tempos. É uma daquelas bandas que alimentam
a mística do rock, com histórias lendárias
e fatos curiosos, sem esquecer o mais importante: a música
do Flaming Lips, que extrapola os limites da criatividade.
A formação da
banda remonta a 1983 quando Wayne Coyne, depois de muito economizar,
consegue comprar uma guitarra Les Paul. Era o ponto de partida,
mas era difícil encontrar parceiros para uma banda
em Oklahoma City. Foi só algum tempo depois que Wayne
soube por seu irmão Mark Coyne que Mike Ivins tinha
um baixo em casa. Mike não sabia tocar, mas mesmo assim
Wayne o convidou para tocarem juntos. Estava nascendo o Flaming
Lips, com Wayne Coyne (guitarra), Mark Coyne (vocal) e Mike
Ivins (baixo). Para a bateria eles tentaram alguns caras antes
de fechar com Richard English, que tomou conta das baquetas
de 1984 em diante.
Depois de alguns shows em bares
da cidade, a banda aprontou uma demo e pensava em gravar seu
primeiro disco. A partir de 1984, o Flaming Lips começou
a se estabelecer localmente, abrindo shows de bandas hardcore
que passavam por Olkahoma, Black Flag, Minutemen e Hüsker
Dü dentre elas. O motivo, segundo consta, é que
o Lips tinha o único P.A. de Olkahoma City, e emprestava
o equipamento as outras bandas. A influência do Lips
não era unicamente hardcore, mas eles enganavam bem
nos shows, desde o início demonstrando uma pré-disposição
a uma presença de palco bem performática. Wayne
pulava o tempo todo, se jogava no chão, solava com
os dentes, tudo em nome do entretenimento da platéia.
Nos anos subsequentes, a banda iria ampliar muito os seus
truques.

O Flaming
Lips, já sem Mark. Repare o super-cabelo de Michael
Os planos de gravar o primeiro
disco finalmente se concretizaram em 1985, quando a banda
auto-financiou o EP "The Flaming Lips", lançado
em fevereiro em tiragem inicial de 1000 cópias. O disco
serviria para "os levarem a sério", segundo
Wayne, mas serviu principalmente como um cartão de
visitas para os shows da banda. Com o disco na mão,
eles conseguiram se apresentar em outras cidades fora de Oklahoma.
"The Flaming Lips", o disco, continha 5 músicas
e tentava reproduzir o som da banda ao vivo, soando tecnicamente
precário. No entanto, desde o início já
estava presente no Flaming Lips uma sonoridade única,
não-rotulável, diferente de tudo o que existia
na época. Havia misturas de várias tendências
de rock, punk, progressivo e psicodelia de uma maneira bem
particular e descompromissada.
Em 1986 a banda já tinha
mandado prensar uma segunda leva de 1000 cópias do
EP e estavam contatando vários distribuidores, quando
a sua formação sofreu uma baixa: Mark Coyne,
de casamento marcado, resolveu deixar o grupo para levar uma
vida "normal". Sem fazer muita cerimônia,
Wayne assumiu os vocais e banda continuou excursionando. Os
shows cruzaram o país, e, quando o Lips se apresentou
em Los Angeles, representantes da gravadora independente Restless
Records ofereceram um contrato. Com um adiantamento de $5.000
para gravar o disco (o que a banda considerou uma fortuna),
eles gravaram o disco em dois ou três dias em Los Angeles.
"Hear It Is" foi lançado ainda em 1986, em
vinil branco (!). A capa trazia uma foto da banda com Ivins
e seu cabelo imenso em destaque. Obviamente o disco era um
passo em relação ao EP, mas mostrava uma banda
ainda aprendendo a desenvolver a sua identidade mutante, com
levadas desconcertadas e por vezes erráticas, mas que
revelavam o gosto pela experimentação e a espontaneidade.
Os títulos das músicas chamavam a atenção;
o que esperar de músicas chamadas "Jesus Shootin'
Heroin" ou "Charlie Manson Blues"?
Após o lançamento
de "Hear It Is", o Lips conseguiu a vaga de banda
de abertura no show dos escoceses do Jesus & Mary Chain
em São Francisco, talvez o show mais importante do
Flaming Lips até então. Foi nessa época
que Michele Vlasimsky se tornou a empresária deles,
e a banda excursionou por muitas cidades pelos Estados Unidos,
de costa a costa. Em 1987, a Restless liberou $10.000 para
o segundo disco e o Lips voltou ao estúdio para gravar
um disco novo. Desta vez a gravação durou duas
semanas e a banda aproveitou o orçamento para gravar
em estúdios mais sofisticados. O resultado foi "Oh
My Gawd!!!... The Flaming lips", o primeiro da banda
a mostrar uma sonoridade mais ousada. Pela primeira vez, a
banda não se limitou a recriar em estúdio o
seu som ao vivo e, graças aos recursos de gravação
em vários canais, o Lips conseguiu um som cheio e elaborado,
no qual a banda explorou com mais propriedade as suas experimentações.
Entre os destaques do álbum estava "One Million
Billionth of a Millisecond on a Sunday Morning", com
quase dez minutos de psicodelia, talvez a música mais
ousada da banda até então.
"Oh My Gawd..." rendeu
mais uma turnê da Califórnia a Nova York. Uma
das paradas para shows foi a Universidade de Buffalo, no Estado
de Nova York, onde a banda fez amizade com Jonathan Donahue,
da banda Mercury Rev, que trabalhava como promotor de shows.
O Lips voltou a se apresentar na universidade diversas vezes.
Após os shows, rolavam jams com Jonathan e outros músicos
locais, que acabariam levando o Flaming Lips a uma outra direção.
Foi também nessa época que Wayne fez amizade
com Scott Booker, dono de uma loja de discos de Oklahoma City,
mais tarde empresário deles.
Em 1988 a banda lançou seu terceiro álbum, "Telepathic
Surgery", que levava adiante as experimentações
de estúdio de "Oh My Gawd..." com muito overdub
e samples. Hoje em dia, Wayne reconhece que em "Telepathic
Surgery" eles estavam mais preocupados em descobrir até
onde os recursos de estúdio poderiam levá-los
do que propriamente em compor canções. O baterista
Richard English começou a ficar descontente com o rumo
seguido pela banda. Durante as gravações, Coyne
e Ivins se propuseram a um chamado "experimento não
científico" para descobrir os supostos efeitos
alucinógenos de ficar mais de 30 horas acordado. Entre
essas e outras, English foi ficando de canto e sua participação
na gravação do disco foi mínima.
Para a turnê de "Telepathic
Surgery", Jonathan Donahue se juntou
ao trio para mixar bases pré-gravadas e viabilizar
o som do disco ao vivo. Depois de apenas alguns dias de turnê,
English deixou a banda, e Wayne e Michael resolveram continuar
com os shows. Após algumas apresentações
como uma dupla (com a ajuda de Jonathan nas mixagens), Nathan
Roberts assumiu as baquetas.
Durante uma passagem da turnê
pelo Canadá, as coisas não estavam indo muito
bem, e Jonathan resolveu dar uma mão, assumindo uma
segunda guitarra no show. A partir dali sua presença
na banda se tornou definitiva e o Flaming Lips agora era um
quarteto, com Jonathan Donahue se dividindo entre o Lips e
o Mercury Rev.
Quando a turnê acabou
em 1989, o Flaming Lips retornou para Oklahoma para preparar
músicas para o próximo disco num gravador de
4 canais de Jonathan. O contrato com a Restless ainda previa
um disco, mas não havia muita perspectiva de renovação
e a gravadora atravessava uma grave crise financeira. A banda
então se empenhou para gravar o seu melhor disco, mesmo
que fosse o último. Pela primeira vez o grupo trabalhou
o arranjo das músicas antes de gravar, graças
à pré-produção com o gravador
de quatro canais. Nesse meio tempo, o Lips foi convidados
a gravar duas músicas para o Singles' Club da Sub Pop.
A banda contribuiu com "Drug Machine" e um cover
de "Strychnine" dos Sonics, a pedido da gravadora.
Quando a Restless finalmente
entregou o dinheiro para o próximo álbum, a
banda entrou em estúdio com David Fridmann e Keith
Cleversley na produção para gravar aquele que
seria seu melhor disco até então. "In A
Priest Driven Ambulance" foi lançado em 1990 e
rendia motivos e motivos para a banda se orgulhar. A presença
de Jonathan Donahue e as duas guitarras deixaram um som mais
conciso e melódico. A crítica percebeu e o disco
foi bastante elogiado, mas infelizmente a Restless faliu logo
após o seu lançamento. De nada adiantava estarem
falando bem do disco se não era possível encontrá-lo
a venda. A partir dali o Flaming Lips encontrou-se numa contradição:
mesmo estando no seu melhor momento artístico, o futuro
da banda estava em risco. Michele Vlasimsky deixou de ser
a empresária do grupo e "In A Priest Driven Ambulance"
não teve turnê de divulgação. O
jeito foi se concentrar em shows em Oklahoma e tentar contatos
com representantes de gravadoras.
Reza a lenda que Wayne ligou
diversas vezes para a Warner com o seguinte pedido: "me
coloquem em contato com a pessoa que contratou o Jane's Addiction!".
Para a surpresa da banda, uma representante da Warner foi
até Oklahoma vê-los tocar. O Lips quase destruiu
o lugar com suas pirotecnias de palco para impressionar a
moça. Nessa época a banda tinha duas máquinas
para soltar fumaça e já fazia todo o tipo de
maluquice performática. Depois do show, eles foram
até Los Angeles para algumas reuniões. Como
estavam sem um empresário, eles pediram ajuda a Scott
Booker (o cara da loja de discos) para ajudá-los nas
negociações. O mais incrível é
que, além de conseguir o contrato, Scott voltou com
um adiantamento de 175 mil dólares para o primeiro
disco por uma grande gravadora.
No entanto, as gravações
foram bastante erráticas. O Flaming Lips optou por
alugar um grande complexo de estúdio dentro de uma
universidade em Nova York, onde tentaram todo o tipo de experimentações.
Era um caos, a banda gravou guitarras tocadas no banheiro
com a torneira aberta molhando tudo, gritos ecoando nos corredores,
orquestras foram chamadas. Durante o processo, as relações
entre da banda com o baterista Nathan Roberts foram ficando
tensas e as gravações foram bastante problemáticas.
O disco demorou muito para ficar pronto e o projeto tornou-se
caro. A gravação com a orquestra não
ficou boa, e a banda acabou optando por usar um sample da
trilha do arranjador e maestro Michael Kamen para o filme
"Brazil". Quando "Hit to Death in the Future
Head" ficou pronto, problemas legais para a liberação
do sample de Michael Kamen acabaram atrasando a chegada do
disco às lojas. As críticas (bastante positivas
até) na mídia já tinham saído
meses antes, e, quando o disco estava propriamente à
venda, em agosto de 1992, a promoção havia sido
seriamente prejudicada. "Hit to Death..." era tão
imaginativo quanto os trabalhos anteriores, mas trazia uma
inclinação pop que seria explorada mais adiante
no trabalho na banda.
Logo em seguida, Jonathan Donahue
deixou definitivamente o Flaming Lips para se dedicar exclusivamente
ao Mercury Rev, cujo primeiro álbum "Yerself is
Steam" foi recebido entusiasticamente pela crítica
e fez bastante sucesso na Inglaterra. O descontente baterista
Nathan Roberts também desertou a banda nessa época.
Era metade de 1992 e Steven
Drozd (bateria) e Ronald Jones (guitarra) foram incorporporados
ao grupo. Depois de muitos shows de pouca repercussão,
principalmente devido à falta de interesse no Flaming
Lips já que todas as atenções estavam
voltadas a Seattle, a banda retornou a Oklahoma e imediatamente
começou a pensar no próximo disco. Os novos
integrantes trouxeram uma explosão criativa que levou
a sonoridade da banda a novas direções. Novamente
contando com Keith Cleversley na produção, lançaram
"Transmissions From the Satellite Heart" em janeiro
de 1993. O disco trazia uma sensibilidade pop notável,
ainda que inusitada, sem abandonar a identidade experimental
e criativa da banda. A crítica recebeu o disco como
o melhor do Flaming Lips até então.

A banda
na época de Transmissions
O Flaming Lips ficou um ano
em turnê divulgando "Transmissions". Em 1994
eles foram agraciados por um hit inesperado, quando a bem-humorada
"She Don't Use Jelly" atingiu o top 40 da Billboard.
Isso elevou as vendas do álbum a cerca de 300 mil cópias
para felicidade da Warner, que sempre investiu na banda sem
o devido retorno. O sucesso inesperado abriu janelas para
o Lips, como a participação no festival itinerante
Lollapalooza, onde a banda continuou aperfeiçoando
a sua pirotecnia de palco, com confeti, bolinhas de sabão
e tudo o mais. A banda andava tão bem comercialmente
que Scott Booker abandonou a sua loja apenas para cuidar dos
negócios do Lips. O momento mais surreal do sucesso
da banda foi um convite para participar das gravações
do seriado Barrados no Baile, ao qual eles foram sem cerimônia.
Mais turnês se seguiram,
abrindo para o Red Hot Chili Peppers e depois para o Candlebox.
Ao final da maratona, a banda completou três anos de
estrada, descontando os dois meses em que passo gravando "Transmissions".
Durante o verão americano
de 1995, o Lips foi até Chicago trabalhar no próximo
disco, com o produtor Dave Fridmann. Mais uma vez, como era
de se esperar em se trantando de Flaming Lips, o novo trabalho
significou uma mudança de direção. "Clouds
Taste Metallic" era fortemente influenciado pelo Beach
Boys, numa leitura totalmente Flaming Lips, lógico.
Os títulos das canções continuam um espetáculo
à parte, como provam as pérolas "Psychiatric
Explorations of the Fetus with Needles" e "Guy Who
Got a Headache and Accidentally Saves the World".
O disco foi lançado
em setembro de 1995, numa época difícil para
o rock alternativo. Várias bandas grandes tiveram uma
queda na popularidade e com o Flaming Lips não foi
diferente. "Clouds", portanto, não teve a
mesma repercussão do álbum anterior.
A turnê se tornou um
problema, já que Ronald Jones se desentendeu com Steven
Drozd e ameaçou deixar a banda após alguns shows
em festivais na Europa. No verão de 1996, a banda tocou
seu último show como um quarteto, já que Ronald
deu um ultimato a eles, no esquema "ou ele ou eu!".
Wayne e Ivins optaram por Steve, que tinha uma importância
fundamental nas composições. Mais uma vez, o
Lips passou a lidar com bases pré-gravadas nos shows.
Frustrado com o "racha"
em sua formação, Wayne tratou de repensar toda
a natureza da estrutura do som da banda, e dali surgiu uma
das idéias mais malucas e revolucionárias da
história do rock. Era verão de 1996, e Wayne
começou a espalhar flyers entre os fãs da banda
em Oklahoma City, para um "evento" organizado por
ele que viria a ser o chamado "Parking Lot Experiment".
A idéia consistir em distribuir diversas fitas cassete
com bases pré-gravadas em que a audiência acionava
nos toca-fitas de seus carros mediante o comando de Wayne.
O modo em que as fitas interagiam criava uma forma de música
com uma sonoridade inédita, que variava de acordo com
a posição do ouvinte na "platéia".
A experiência foi bem-sucedida; logo surgiram novas
idéias para "canções", novas
bases e Wayne repetiria a dose também com êxito.
A banda apresentou a idéia para a Warner. Através
de negociações comandadas por Scott Booker,
a gravadora deu o sinal verde para a banda seguir adiante
e lançar comercialmente o projeto. No início
de 1997, o Lips entrou em estúdio novamente com David
Fridmann em Nova York para trabalhar no que viria a ser "Zaireeka",
uma caixa com 4 CDs para reprodução simultânea,
cada um deles compondo trechos das mesmas canções.
Sem dúvida, era um projeto muito ambicioso. Nas palavras
de Scott Booker: "isso poderá nos fazer milionários,
ou estaremos quebrados". No final das contas, não
aconteceu nenhuma delas. O projeto rendeu muito prestígio
e muita aprendizagem para o Flaming Lips, mas não rendeu
milhões. Foram vendidas 18 mil cópias com promoção
zero da Warner, o que pode ser considerado um grande sucesso
para um projeto desse porte
A banda já começava
a pensar no seu próximo álbum, mas o Lips chegou
a levar "Zaireeka" para a estrada. Como era impossível
tocar as músicas de "Zaireeka" como uma banda,
a saída foi repetir os "Parking Lot Experiments",
embora a banda não optasse por quase quarenta carros
num estacionamento. Depois de alguns testes, a banda colocou
em prática o "Boombox Experiment" em Oklahoma
City, onde mais de 30 membros da platéia acionavam
toca-fitas e controlavam o volume de acordo com as coordenadas
de Steven e Wayne. A banda excursionou esporadicamente levando
o "Boombox Experiment" para várias cidades
ao longo dos 12 meses seguintes.
Nos intervalos dos shows de
1998, a banda trabalhava no próximo disco que foi lançado
em junho de 1999, novamente com David Fridmann na produção.
"The Soft Bulletin" foi recebido entusiasticamente
pela crítica como um álbum surpreendente, no
qual a banda usou com maestria arranjos elaborados e orquestrados
em músicas que exploravam um lado emocional até
então inexistente no trabalho da banda. Curiosamente,
todos os integrantes haviam passado por momentos difíceis
nos últimos anos. Wayne enfrentou a doença terminal
do pai, Steven teve uma infecção séria
que provocou risco de amputação de sua mão
e Michael escapou da morte em um acidente grave no trânsito.
"The Soft Bulletin" refletia essa época de
dramas pessoais de forma belíssima em canções
emocionantes. No fim do ano, o disco esteve no topo das mais
diversas listas dos melhores de 1999, e as vendas foram suficientes
para justificar o investimento da Warner. Aliás, a
Warner merece aplausos pelo exemplo de tratamento de uma grande
gravadora com uma banda contratada.
Para promover "The Soft
Bulletin", a banda embarcou na sua turnê mais bem-sucedida
até então, contando com os já tradicionais
recursos pirotécnicos: uma enorme tela de projeção
de imagens as máquinas de fumaça e bolinhas
de sabão, confetes e bonequinhos de pelúcia.
O incansável Wayne se
envolveu em vários projetos a partir de 2001. Ele tinha
em mente produzir seu próprio filme, um conto de fadas
futurista sobre o primeiro natal em uma colônia humana
em Marte, para o qual o Flaming Lips iria fazer a trilha sonora.
Além disso, Wayne prometeu ao amigo e diretor Bradley
Beesley a trilha sonora do documentário sobre pesca
Okie Noodling.
Quando
a banda começou a compor músicas para seu disco
seguinte, as influências dos dois trabalhos eram evidentes,
com composições futuristas e eletrônicas
(inspiradas no projeto Christmas on Mars) misturadas a temas
mais tradicionais da trilha de Okie Noodling, que era carregada
no country. O resultado dessa mistura, aplicado a uma espécie
de álbum conceitual, deu origem a "Yoshimi Battles
the Pink Robots". Esse foi mais um disco surpreendente
e bem-sucedido, um sucesso de crítica e com vendas
modestas, mas consistentes.
Mais uma intensa turnê
se seguiu com shows disputadíssimos. Em uma série
de shows, o Flaming Lips atuou como banda de abertura e banda
de apoio do Beck, que tinha acabado de lançar o belíssimo
álbum "Sea Change". A nova turnê também
trazia mais novidades pirotécnicas e estéticas,
com os integrantes da banda usando fantasias de animais.
Em 2002 a banda lançou
o EP promocional "Yoshimi Wins", com faixas ao vivo,
remixes e sobras de estúdio, que no ano seguinte foi
lançado comercialmente sob o título "Fight
Test". Ainda em 2003, o Lips chocou o mundo "indie"
ao se apresentar no programa Top of the Pops na Inglaterra
ao lado de Justin Timberlake, do N'Sync. Se a experiência
teve algum significado, foi para provar definitivamente que
o Flaming Lips vive num mundo bem particular, nas suas próprias
regras e sem dever nada a ninguém.
Em 2005, a banda vem ao Brasil
pela primeira vez, tocando no É Claro Que É
Rock, em São Paulo e no Rio de Janeiro, ao lado do
Sonic Youth, Nine Inch Nails e Stooges.
O sucessor de "Yoshimi
Battles the Pink Robots" sai somente em 2006. Intitulado
"At War With The Mystics", possui forte conotação
política (discursando contra a administração
de George W. Bush, logicamente), e é muito bem recebido
por crítica e público.
Alexandre Luzardo
Adaptado da biografia do site oficial
Atualizado por Fabricio Boppré em maio/2006
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