O
cérebro por trás do Helmet se chama Page Hamilton,
guitarrista nascido em Portland, no estado americano do Oregon,
e que se mudou para Nova York nos anos 80 para estudar jazz.
Apesar deste objetivo, Page acabou se interessando por um
outro cenário que estava se tornando consistente nos
EUA naquela época: nomes como Sonic Youth, Killing
Joke, Hüsker Dü, além das banda de Seattle
que começavam a ganhar notoriedade. Depois de participar
dos projetos de Glenn Branca, Hamilton ingressou no Band of
Susans, banda que já tinha um LP lançado, "Hope
Against Hope". Após a gravação do
disco "Love Agenda", Hamilton deixa o Band of Susans
e resolve formar sua própria banda ao lado de um amigo
de Oregon, o baixista Henry Bogdan, além do guitarrista
australiano Peter Mengede e do baterista John Stainer, um
veterano da cena hardcore da Florida. Assim nascia o Helmet,
em 1989.
Desde seu primeiro lançamento,
o single "Born Annoying" (lançado em 1990
pela Amphetamine), o Helmet primou por construir um som pesado,
possuindo ligações com a música que se
fazia no underground nova iorquino, ao mesmo tempo que mantinha
um punch metálico latente, atraindo assim um público
misto que tinha interesse em alguma das partes desta equação.
No ano seguinte, a banda lança o EP "Strap It
On" (ainda pela Amphetamine), sedimentando seu nome e
seu estilo, baseado nas habilidades técnicas de seus
componentes e na liderança de Page Hamilton.
Em
1992 a banda assina um contrato para a gravação
de três discos com a Interscope Records, e abre
a séria sem decepcionar os fãs reticientes
com o fato do grupo agora estar em uma grande gravadora:
"Meantime", seu novo disco, segue a fórmula
vencedora até então: fúria e habilidade
em doses proporcionais, dessa vez embaladas em uma melhor
produção. Na esteira do grunge que explodia
na mídia e com o sucesso do single "Unsung",
"Meantime" foi bem sucedido e elevou o Helmet
ao rol das bandas de rock alternativo em voga no explosivo
início da década de 90. O Helmet parte
para uma grande turnê de divulgação
de seu trabalho, tocando ao lado de pesos-pesados como
Sepultura, Melvins e Ministry. |
Page Hamilton |
Em 1993, a banda aproveita
para participar de diversos projetos, como por exemplo, a
coletânea beneficente "In Defense of Animals"
(que tinha ainda Pearl Jam, Primus, Michael Stipe e Concrete
Blonde) e "Born to Choose" (também participaram
Soundgarden, Pavement, REM e Bob Mould), e a trilha sonora
do filme "Judgment Night", onde faz um dueto com
o House of Pain (estão também nesta trilha Mudhoney,
Sonic Youth, Cypress Hill, Teenage Fanclub, Faith No More,
Dinosaur Jr e Biohazard). 1993 marcou também a saída
do guitarrista Peter Mengede do grupo, devido a diferenças
com Page Hamilton.
Em 1994 existia muita expectativa
quanto ao novo álbum do Helmet. "Betty" foi
lançado em junho deste ano, já com Rob Echeverria
na guitarra, substituindo Peter. O novo trabalho surpreende
ao agregar ao massacre sonoro já usual elementos mais
ecléticos e estruturas muscais menos convencionais,
somente possíveis devido o background jazzístico
de Page Hamilton - há até um cover de Dizzy
Gillespie (Beautiful Love) no disco. Canções
mais elaborados e intrincadas como Sam Hell, Silver Hawaiian
e Milquetoast (que entrou na trilha sonora do filme "O
Corvo", de 1995) agradaram os críticos, mas tais
experimentações deixaram os fãs mais
chegados na brutalidade da banda hesitantes na hora de adquirir
o álbum. O resultado é que "Betty"
não vendeu o que se esperava, mas nada que atrapalhasse
mais um extensa turnê, que dessa vez passa pelo Brasil
(Santos, Florianópolis, Rio de Janeiro e Capão
da Canoa).
Em 1995, além de começar
a gravar um novo disco, a banda embarca em mais alguns projetos:
participa das trilhas sonoras dos filmes "Johnny Mnemonic"
(que traz ainda Rollins Band e Cop Shoot Cop) e "The
Jerky Boys" (Green Day, Superchunk, L7, House of Pain,
entre outros), grava uma versão de Army of Me (Bjork)
para o primeiro volume da coletânea "Music For
Our Mother Ocean" e lança um disco de raridades
e b-sides chamado "Born Annoying". Page Hamilton
consegue ainda achar tempo para gravar um disco instrumental
ao lado do guitarrista alemão Caspar Brotzmann ("Zulutime")
e participar do disco "Trampoline" de Joe Henry.
Ainda em 1995, Rob Echeverria deixa a banda para assumir a
guitarra do Biohazard.
Em 1996 o Helmet re-inicia
a produção de seu quarto disco, dessa vez como
um trio, com Page responsável por todas as guitarras.
A banda participa de mais uma trilha sonora, desta vez para
o filme "Feeling Minessota" (que tem também
Wilco, Son Volt, Replacements e Bob Dylan em seu tracklist)
e lança seu novo álbum em março do ano
seguinte. "Afterstate" é um trabalho bem
equilibrado e maduro, com boas melodias, mais convencional
do que "Betty", e com a energia de sempre. A banda
recruta o guitarrista Chris Taynor do Orange 9mm e faz sua
última turnê na década de 90. Em 1999,
a banda acaba oficialmente - pelo menos, temporariamente.

Os caras aí de cima estão
de volta para se mostrar como é que se faz.
Em 2004, depois de um hiato
de aproximadamente cinco anos, foi lançada a coletânea
"Unsung: The Best of Helmet 1991-1997" e o anúncio
de que a banda estava se reunindo novamente. A nova formação
conta agora com Page Hamilton e Chris Traynor, e os novos
convocados Frank Bello (ex-baixista do Anthrax) e John Tempesta
(ex-baterista de Testament, White Zombie e Exodus). No fim
do mesmo ano, foi lançado o primeiro disco de material
inédito após a volta, "Size Matters".
Na sequência a banda sai em turnê para promover
seu novo trabalho e sua volta aos palcos.
Em março de 2006, a
banda se apresenta no Southwest Festival, Austin, Texas, com
uma nova formação: John Tempesta (que foi para
o The Cult) e Frank Bello (que voltou para o Anthrax) deram
seus lugares respectivamente para Charlie Walker e Anthony
Truglio. Nesse mesmo mês, a banda anunciou o contrato
com a Warcon Enterprises.
Em julho, é lançado
"Monochrome". Produzido por Wharton Tiers (que já
havia trabalhado com a banda nos discos "Strap It On"
e "Meantime") e contando com Jeremy Chatelain no
baixo e Mike Jost na bateria, o álbum tem boa receptividade
por parte dos fãs, principalmente pelo fato de soar
similar aos primeiros trabalhos do grupo.
Fabrício Boppré
atualizado por Fabricio Boppré
em outubro/2006 |