O
Hole foi formado em Los Angeles por Courtney Love, que decidiu
formar sua própria banda, após ter integrado por pouco tempo
entre outras bandas, o Faith no More e o Sugar Doll (ao lado
de Kat Bjeland, que viria a formar o Babes In Toyland). Courntey
colocou um anúncio nos classificados do jornal de música Flipside
and The Recycler de Los Angeles, que dizia simplesmente: "Quero
formar uma banda. Minhas influências são Big Black, Sonic
Youth e Fleetwood Mac."
Courtney estava impaciente, e enquanto esperava por respostas
ao seu anúncio, ela comprou um baixo de sua vizinha, Lisa
e elas começaram a praticar juntas. A primeira pessoa a responder
o anúncio do Recycler foi Eric Erlandson, guitarrista de 27
anos, que trabalhava como atendente na Capitol Records.
Lisa logo saiu da banda e mais tarde foi substituida por Jill
Emery no baixo. Eles finalmente encontram uma baterista ,
Caroline Rue e a partir de então passam a ensaiar com percussão.
A última coisa que faltava era um nome para a banda.
De início, Courtney teve a idéia de chamar sua banda de Sweet
Baby Crystal Powered By God, mas desistiu logo que que o nome
Hole veio a sua cabeça, a partir de uma conversa entre ela
e sua mãe, quando sua mãe lhe dizia: "Você não pode carregar
um BURACO dentro de si para sempre..."
O recém batizado Hole fez seu primeiro show em Hollywood e
logo começou a tocar em bares e clubes por toda Los Angeles.
O primeiro single independente foi Retard Girl, lançado em
março de 1990 e não demorou muito para a banda assinar contrato
com a gravadora independente Caroline Records.
Após o lançamento de seu primeiro single, o Hole fez uma pequena
turnê pelos Estados Unidos, tocando em bares e pequenos clubes,
antes de voltar ao estúdio para gravar seu primeiro álbum.
Pretty On The Inside foi lançado em setembro de 1991, com
seu som punk pouco convencional e muito barulhento.
O álbum recebeu críticas muito positivas nos Estados Unidos,
e a música Teenage Whore foi escolhido o Single da Semana
da revista Spin. Pretty on The Inside também esteve presente
da lista dos 20 melhores álbuns da influente revista britânica
Melody Maker e Teenage Whore entrou no top 20 da parada de
singles inglesa.
Em outubro de 1991 Courtney iniciou seu polêmico relacionamento
com Kurt Cobain em Chigado e em novembro o Hole iniciou uma
turnê pela Europa. Nessa época, Courtney começou a escrever
letras, já para serem usadas no segundo álbum da banda. Em
seguida a banda se muda para Seattle.
Logo após o casamento com Kurt, em fevereiro de 1992, Courtney
volta a se concentrar na sua banda e escrever mais letras.
Emery e Caroline decidem deixar o Hole e são substituidos
por Patty Schemel na bateria e por um curto período, Leslie
Hardy no baixo, que permaneceu apenas por alguns shows. Eles
chegaram a convidar a baixista Kristen Pfaff que na época
não estava disposta a deixar sua própria banda, Janitor Joe.
O Hole chamou a atenção de muitas gravadoras grandes e acabaram
assinando com a Geffen por US$ 1 milhão. Nessa época, a revista
Vanity Fair escreveu um escandaloso artigo, literalmente culpando
Courtney pelo uso de heroína de Kurt Cobain e a acusando de
usar heroína enquanto grávida, o que Courntey e o próprio
Kurt negaram veementemente. A menina Frances Bean Cobain nasceu
em 8 de agosto de 1992, com saúde perfeita. Infelizmente,
o juizado de menores de Los Angeles moveu uma ação contra
Courtney e Kurt, que acabaram perdendo a guarda de Frances
(para logo após recuperar em setembro do mesmo ano). Esse
incidente gerou a letra "Who took my baby? .. It's not
yours... FUCK YOU!" que apareceram no próximo álbum do
Hole.
Em março de 1993, o Hole tocou um festival especial em Londres,
somente para mulheres. Courtney adorou o fato de que finalmente
teve segurança ao fazer crowd surf em um público 100% feminino.
Nesse ponto, a banda estava pronta para retornar ao estúdio
para gravar seu segundo álbum e novamente convidaram Kristen
Pfaff para integrar a banda e, dessa vez, ela aceitou o convite.
As gravações começaram em julho, na cidade de Atlanta.
Os meses entre as gravações de Live Through This e seu lançamento
foram extremamente difíceis para Courtney. Kurt estava indo
cada vez mais fundo em depressão, seu problema de estômago
o deixava ainda mais debilitado, ao mesmo tempo em que seu
uso de heroína ficava cada vez mais sério. Além disso, ele
havia comprado várias armas de fogo.
No início de fevereiro de 1994, o álbum oportunamente intitulado
Live Through This estava finalizado e com data de lançamento
prevista para abril. Antes de seu lançamento, o álbum foi
aclamado pelos críticos das revistas Spin e Rolling Stone,
que haviam recebido cópias promocionais antes do lançamento.
Nesse ponto, Kurt estava em Roma, em turnê com o Nirvana e
Courtney estava lá para acompanhá-lo. Kurt teve uma overdose
de champagne misturado ao tranquilizante rohypnol e durante
o trajeto de ambulância, Courtney agrediu um paparazzi.
De volta a Seattle, o estado de saúde de Kurt continuava a
deteriorar-se e Courtney temia por sua vida. Em 8 de abril
de 1994, Kurt Cobain foi encontrado morto com um tiro na cabeça,
num sótão acima da garagem da casa dos dois em Seattle. Duas
semanas depois Live Through This foi lançado.
Live Through This recebeu críticas positivas de revistas de
músicas por todo o mundo, mas turnê que a banda vinha planejando
pelos Estados Unidos foi cancelada. Em 13 de junho o Hole
se reúne para decidir o que fazer. Os integrantes concordam
em não acabar com a banda, mas decidem dar um tempo. Kristen
Pfaff resolve voltar para Minneapolis para tocar com sua antiga
banda. Ela morre no dia 15 de junho de 1994, por overdose
de heroína e é encontrada por Eric Erlandson no dia seguinte.
Após a morte de Kristen, Courtney, Eric e Patty passam a selecionar
uma baixista e acabam decidindo por Melissa Auf Der Maur,
uma canadense que tocava numa banda chamada Tinker. Melissa
foi indicada por Billy Corgan dos Smashing Pumpkins.
O Hole retomou sua carreira em agosto, fazendo shows no Reading
Festival na Inglaterra. Em setembro, a banda abriu alguns
shows para o Nine Inch Nails que estava na turnê do álbum
Downward Spiral.
No fim de 1994, a banda participa da trilha sonora do filme
Tank Girl, que incluía músicas do Veruca Salt e da Björk.
O Hole contrubuiu com a música Drown Soda, gravada ao vivo
na rádio BBC. Em janeiro de 1995, a banda viajou para a Austrália
para tocar no festival Big Day Out. Durante um vôo de Brisbane
e Melborne, Courntney foi presa. Motivo: ela usou a palavra
fuck dentro do avião. Logo em seguida, foi solta sob fiança.
Ainda em 1995, Courtney participou de alguns filmes, incluindo
pequenos papeis em Felling Minnesota e Basquiat. No mesmo
ano, o Hole fez uma pequena turnê pela Europa, onde o público
gritava "VOCÊ MATOU KURT!". A banda também participou
do festival Lollaplooza no mesmo ano, apesar dos boatos de
cancelamento. Durante o Lollapalooza, Courtney agrediu Kathleen
Hanna da banda Bikini Kill que havia feito comentários maldosos
sobre Frances. Courtney teve que responder mais um processo
na justiça, acusada de agressão. Courtney ganhou mais um papel
no cinema, no filme The People Vs. Larry Flynt, desta vez
num papel importante como Althea Flynt, esposa de Larry Flynt
da revista Hustler. Em setembro, a antiga gravadora do Hole,
a Caroline Records lança um EP chamado Ask For It contendo
músicas antigas e apresentações na BBC. No mesmo mês, a banda
toca Violet no MTV Video Music Awards. Nessa época o álbum
Live Through This atinge um milhão de cópias vendidas nos
Estados Unidos.
A banda passa um tempo New Orleans em dezembro de 1995 ano
para começar a compor material para seu terceiro álbum e deixa
a cidade pouco antes do natal. The People Vs. Larry Flynt
foi lançado em 1996 e Courtney é aclamada pela crítica por
sua atuação como Althea e ganha o prêmio Golden Globe. No
entanto, ela não recebe indicação para o Oscar.
Em 1997 a banda se reúne com Billy Corgan para compor material
para seu terceiro álbum, Celebrity Skin. Enquanto o novo álbum
não era lançado, a Caroline Records lança mais uma coletânea
de b-sides e músicas raras, My Body The Hand Grenade. Em 1998,
Courtney participa de mais um filme, 200 Cigarettes e o lançamento
de Celebrity Skin acabou sendo adiado várias vezes, sendo
lançado em setembro. O som do álbum é mais voltado ao pop,
um pouco mais trabalhado em oposição as melodias furiosas
e cruas de Live Through This. O lançamento do álbum é cercado
de controvérsias em decorrência da presença da baterista Patty
Schemel nos créditos do álbum, mas sua ausência nas fotos
publicitárias, entrevistas e nos vídeos para Celebrity Skin
e Malibu. Alguns meses mais tarde foi confirmado que Patty
Schemel oficialmente estava fora da banda, embora as razões
não tenham sido especificadas.
Apesar de mais uma polêmica, Celebrity Skin foi bem recebido
e, assim como Live Through This, também alcançou a marca de
1 milhão de cópias nos EUA.
O Hole fez uma turnê por Austrália e Nova Zelândia em 1999,
contando com uma nova baterista, Samantha Maloney e participou
do festival Big Day Out. Em fevereiro a banda inicia turnê
pelos Estados Unidos ao lado de Marylin Manson, mas acaba
saíndo da turnê alguns meses depois, alegando "diferenças
de produção".
No fim de 1999, Courtney Love participa do filme Man On The
Moon ao lado de Jim Carey e a banda anuncia que já está começando
a compor material para o novo álbum sem a presença da baixista
Melissa Auf Der Maur que deixa a banda para ingressar no Smashing
Pumpkins.
Mas
o futuro do Hole tornou-se incerto um ano depois quando, descontente
com o tratamento recebido pela Geffen após a fusão com
a Universal, Courtney Love resolve abandonar a gravadora.
O resultado foi uma batalha jurídica que perdura até hoje.
O problema é que o Hole está sob contrato com a Geffen que
prevê o lançamento de mais cinco álbuns. O argumento de Courtney
é que uma lei do Estado da Califórnia garante a qualquer trabalhador
o direito de romper um contrato após um prazo de sete anos
(o Hole assinou com a Gefen em 1992). Enquanto o julgamento
não é definitivo, Courtney Love e Eric Erlandson estão impedidos
de lançar qualquer material novo sob o nome Hole. A partir
daí Courtney partiu para uma verdadeira cruzada pelos direitos
dos artistas, organizando palestras e defendendo a idéia em
discursos e entrevistas. O Hole também disponibilizou várias
MP3s de material raro gratuitamente em seu website.
Com a impossibilidade de seguir adiante com o Hole, Courtney
partiu para outros projetos. Em 2001 anunciou a formação de
uma nova banda de punk rock, o Bastard. Segundo Courtney,
o som do Bastard seria uma mistura de Led Zeppelin e AC/DC.
Definida a formação, Louise Post (Veruca Salt) na guitarra,
a ex-baixista do Rockit Girl Gina Crosley e Patty Schemel
(velha companheira de Courtney no Hole) na bateria, a banda
começou a ensaiar para um futuro álbum a ser lançado pela
gravadora Epitaph. Apenas alguns ensaios o Bastard veio abaixo.
Discussões internas levaram Louise Post e Gina Crosley a desistirem
do projeto (elas estaria trabalhando juntas agora para um
novo álbum do Veruca Salt).
Courtney então, ao que tudo indica, seguirá em carreira solo.
A primeira apresentação ao vivo de Courtney como artista solo
aconteceu em fevereiro de 2002 em Los Angeles, como show de
abertura da passagem da turnê da volta do Jane's Addiction.
Courtney contou com Schemel na bateria e músicos convidados
e o repertório baseou-se em músicas do Hole, covers e músicas
inéditas. O show teve excelente repercussão e Courntey já
está compondo para o álbum, trabalhando em conjunto com Linda
Perry (ex-4 Non Blondes).
Alexandre Luzardo
revisado e atualizado em mar/02
agradecimentos: Anna
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