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Antes
de mais nada, gostaria de dizer que adoro o trabalho
de contra-baixo desse álbum. Nada particularmente
complexo, tecnicamente falando, mas de uma vivacidade
difícil de se encontrar em bandas de rock. O
instrumento aqui não fica intimidado com as guitarras
e nem é subjugado por elas, muito pelo contrário:
as guitarras repetitivas permitem terreno para o baixista
trabalhar suas linhas melódicas e pulsantes com
tranquilidade. |
Isso pode ser melhor constatado
nas músicas Obstacle 1, PDA e, principalmente, The
New. Nessa última, o instrumento dá um tempero
essencial a uma música que, com uma linha de baixo
medíocre, perderia muito de sua graça (sem desmerecer
as ressonantes guitarras, que dão um show de melodia).
Junte ao baixo a bateria competente e adequada ao estilo e
temos então uma ótima base.
As guitarras. São duas.
Duas guitarras muito bem utilizadas. Você dificilmente
vai ouvir as duas guitarras fazendo exatamente a mesma coisa.
Uma complementa a outra de maneira soberba, e muitas vezes
você vai ficar sem saber qual é a solo e qual
a rítmica. As distorções geralmente são
baixas, resultando em timbres límpidos, ressaltados
de vez em quando por um efeito aqui ou ali. O vocalista Paul
Banks, que se encarrega também de uma das guitarras,
tem uma excelente performance com seu vocal emocionado e grave,
o que não o impede de soltar uns belos falsetos de
vez em quando, notadamente no emocionante final de Obstacle
1. Há também a presença de um discreto
sintetizador em algumas faixas, que contrubui com a atmosfera
que procuram criar em cada uma dessas músicas. No final,
cada elemento da banda realiza seu trabalho de forma excepcional,
e o conjunto de todos eles não pode resultar em algo
menos que notável.
As faixas do disco dividem-se
basicamente em músicas sombrias que puxam para um lado
mais melancólico, e músicas com batidas mais
agitadas, mas sem deixar de lado o ar sombrio que permeia
todo o álbum. Não raramente, esses dois extremos
(melancolia e agitação) aparecem dentro de uma
mesma música. Na primeira "categoria" eu
colocaria as músicas Untitled, NYC, Hands Away, The
New e, o que considero o grande destaque desse grupo, Leif
Erikson: uma composição belíssima, que
vai ficando cada vez melhor e mais emocionante a medida que
ela vai progredindo. Na segunda "categoria", coloco
Obstacle 1 (provavelmente a melhor do disco), PDA, Say Hello
To the Angels (a mais "animadinha"), Obstacle 2
(que aparentemente não tem conexão com a número
1), Stella Was a Race Car Driver e Roland. Apesar de eu fazer
essa divisão, acho que cada música tem uma personalidade
e clima bem próprios, diferentes texturas dentro de
um mesmo tecido.
Isto é Turn On The Bright
Light, o LP de estréia dessa promissora banda intitulada
Interpol.
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