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The Mars Volta:

The Mars Volta
- Formado em 2001, EUA.

Formação:
- Omar A. Rodriguez-Lopez: guitarras, manipulações
- Cedric Bixler Zavala: vocais
- Isaiah Ikey Owens: teclados, samples
- Jon Philip Theodore: bateria
- Juan Alderete: baixo
- Marcel Rodriguez-Lopez

Outros integrantes:
- Jeremy Ward: engenharia de som
- Eva Gardner: baixo
- Ralph Jasso: baixo
- Linda Good: teclados
- Flea: baixo
- Jason Lader: baixo

Biografia:

Um nanico descendente de latinos extraindo sons improváveis de uma guitarra. Um negro pilotando teclados alucinógenos em sintonia com um baixista branquelo inusitado. Bateria quebrada para conduzir espasmos intermináveis de um vocalista em constante transe, dono de um penteado afro tão inusitado quanto a receita sonora de sua banda. Um som que aglutina, impensadamente, progressivismo, punk, dub, psicodelia e latinidade. Shows de três, quatro músicas recheadas de improvisos e longas jams. Essas são evidências que ajudam a dissolver o mistério por trás de um conjunto inexplicável, cujos principais integrantes abriram mão do sucesso comercial para investir numa música ao mesmo tempo elaborada e intrigante.

Omar: afro #1
O ano de 2000 marcou uma retomada do interesse pelas bandas de rock. De fato, houve um direcionamento da indústria para comercializar uma vertente de bandas ascendentes, dentre as quais se destacou o quinteto texano At The Drive-In. Donos de um passado hardcore, evoluíram sua receita de forma a agregar efeitos sonoros de sintetizadores e toques de outros gêneros, o que resultou em um dos melhores discos do ano: "Relationship Of Command". Gravado por Ross Robinson e lançado pela multinacional Virgin, o que talvez tenha sido o disco mais raivoso daquele ano acertou em cheio o gosto do ouvinte de rock e alçou-os como uma das grandes expectativas para a década que começava.

Entretanto, o anúncio do fim do At The Drive-In em 2001, durante seu momento de ascensão, deixou os fãs surpresos e anulou todo o volume de expectativas construídas nos meses antecessores. De Facto, um dos projetos paralelos que Omar A. Rodriguez-Lopez e Cedric Bixler Zavala mantinham junto com os desconhecidos Jeremy Ward e Ikey Owens podia parecer, durante o período de auge do At The Drive-In, apenas uma válvula de escape que lhes permitia a exploração de música eletrônica e dub. Com o desmanche, ficou claro que o projeto serviu como um dos alicerces dos novos passos que trilhariam em seguida. Os meses seguintes ao fim do quinteto revelaram aos ouvintes a empreitada de três terços do At The Drive-In: uma nova banda, Sparta, apresentou uma música derivada do trabalho que a antecedia, embora bem menos aplicada nos aspectos experimentais que marcaram os últimos passos do que criavam anteriormente. As simples combinações de acordes e o flerte com o hardcore, porém, caíram no gosto da platéia rotulada emo (uma versão de hardcore com temas melancólicos). Nesse meio tempo, Omar, Cedric, Jeremy e Ikey escalaram Jon Theodore e Eva Gardner para elaborar um novo projeto. O resultado dos ensaios se materializou nos palcos em 2001 e, mesmo sem qualquer acorde gravado, o conjunto já demonstrou as evidências que desmantelaram a aclamada revelação de 2000.


Enquanto os ex-colegas optaram pela simplicidade de um rock direto, derivado de alguns pontos do At The Drive-In, o novo sexteto mostrou aos primeiros expectadores um conjunto de faixas irrotuláveis, mescladas com longas jams que passavam longe de qualquer preocupação com a definição que o mundo teria deles. Nascia o The Mars Volta. O primeiro registro oficial deles surgiria em 2002, após uma turnê européia. "Tremulant EP" foi gravado pelo cult Alex Newport e lançado pelo selo que Omar mantém com Sonny Kay, figura da cena pós-hardcore americana, o GSL - Gold Standard Labs.


Cedric: Afro #2

No EP de três faixas, a confirmação do que todos ansiosamente aguardavam: O The Mars Volta representava o lado experimental do At The Drive-In mesclado à impenetrabilidade do De Facto. De quebra, fortes tendências psicodélicas e progressivas, cobertas de pitadas latinas - uma estranha combinação de música tecnicamente elaborada mas de longos e descompromissados momentos de transe sonoro. O que pode parecer motivo para uma inacessibilidade nativa à proposta é colocado abaixo, uma vez que "Tremulant EP" construiu uma forte base de admiradores, intrigados pelo forte apelo sonoro das faixas.

Os meses seguintes daquele ano apresentaram alguns fatos relevantes à trajetória da banda. Eva deu lugar à Ralph Jasso, Ikey foi temporariamente substituído por Linda Good. Além disso, a banda assinou com a multinacional Universal, responsabilizando-a por lançar seu aguardado debut. Além de finalizar projetos não ligados ao The Mars Volta, os membros da banda apresentaram alguns shows e trabalharam na composição das faixas que dariam vida a seu primeiro álbum.

Tim Festival 2004: consagrados
Eles foram se enfurnar no estúdio no final de 2002, sob produção do estimado Rick Rubin e já com Ikey de volta aos teclados. Agregando a banda nas gravações, Flea, baixista dos Red Hot Chili Peppers participava efetivamente das faixas, enquanto John Frusciante tocava guitarras e manipulava sintetizadores em "Cicatriz ESP".

Após o fim das gravações, o The Mars Volta abriria shows para o Red Hot Chili Peppers, em turnês européias e americanas, com baixistas convidados (Jason Lader e Juan Alderete). Mas antes mesmo do esperado álbum ser lançado, um problema: Jeremy Ward foi encontrado morto, vítima de uma overdose, o que implicou num período de recesso por parte dos integrantes.

Apesar da inesperada tragédia, a banda seguiu em frente e focalizou as atenções no lançamento do primeiro disco. O resultado que podia teoricamente implicar em um som mais palatável, fruto de uma possível influência mercadológica do produtor, convidados e da gravadora, surpreendeu a todos. "De-Loused In The Comatorium" foi lançado em junho pela GSL/Universal e marcou um mergulho ainda maior nos pontos antes explorados pela banda. Conceitual, as idéias circundavam a história de um amigo de Cedric, o artista plástico Julio Venegas. Julio teria vivido uma vida de excessos, que culminou num suicídio em 1996. A idéia de Cedric, autor das letras, foi transformar "De-Loused In The Comatorium" na história de um protagonista que tenta o suicídio e embarca em uma inesperada e alucinante experiência de coma. De mãos dadas com a proposta conceitual, a banda embala a viagem de Venegas, conduzindo o ouvinte por longos trechos instrumentais que tentam traduzir em música as alucinações testemunhadas pelo protagonista. O álbum foi incrivelmente bem recebido por público e crítica, concedendo ao The Mars Volta um prematuro status de banda cult, quebrando preconceitos oriundos de elementos massivamente utilizados em seu som, como a contestada música progressiva. A fiel gravadora GSL ainda editou um livro sobre "De-Loused In The Comatorium" onde Cedric e Jeremy davam maiores detalhes sobre a história por trás do disco. O livro esgotou e a gravadora disponibilizou sua versão digital para download gratuito no seu site oficial.


De-Facto: embrião do The Mars Volta

Daí adiante, a banda gozou de uma privilegiada reputação no cenário atual, sem sucumbir às tentações do estrelismo musical. Solidificou uma fiel e considerável legião de admiradores, percorrendo o planeta em turnês. No palco, a versão ao vivo do disco não poupava ofertas a quem havia apreciado o seu caráter viajante. Longas jams, prioridade à música instrumental e um setlist econômico em número de músicas, porém longo em duração, confirmavam o interesse da banda em explorar sons, independente de existir uma audiência sedenta por hits diretos em sua frente. E ainda dentro da GSL, Omar lançou seu primeiro álbum solo em 2004, chamado "A Manual Dexterity Soundtrack Vol 1". Baseado em um trabalho de cinema que seu autor conduz, o álbum compila uma série de faixas gravadas no decorrer dos anos, contando com convidados como Cedric e John Frusciante. O conteúdo é ainda mais improvável do que seu trabalho no The Mars Volta. Faixas instrumentais percorrem inúmeros territórios, num turbilhão de idéias que colidem a todo o momento. Além disso, iniciou uma tímida, porém fiel parceria com Frusciante, participando de alguns dos discos do chili peppers e de shows experimentais.


"Solamente a ti te odio Yo ya me voy"

A banda esteve na América do Sul em novembro, apresentando-se no Chile, Argentina e Brasil (no evento Tim Festival, São Paulo). A recepção em solo brasileiro não foi diferente da de outras audiências, sendo o grupo enaltecido como a melhor banda do festival, derrubando quem apostou no headliner do evento, os ingleses do Libertines. Uma prova de que ousadia e talento são ingredientes infalíveis, mesmo em tempos onde a experimentação geralmente sucumbe à necessidade de resultados imediatos. O The Mars Volta entra em 2005 com um novo álbum sob os braços. "Frances The Mute" chegou às prateleiras em março, pressionando ainda mais a tolerância dos ouvintes, uma vez que conta com conceitos verdadeiramente progressivos, como sua divisão em suites, cada uma dela contendo diferentes subtemas. Definitivamente, mais uma razão para que sejam associados ao infame rol de bandas que se ama ou odeia. E, mesmo adepto de métodos improváveis em tempos de carreiras imediatas, o The Mars Volta parece cada vez mais se consolidar entre as bandas de respeito da década atual.

Vicente Moschetti
fevereiro/2005

Álbums:
Discos Oficiais Ano
De-Loused In The Comatorium 2003 (GSL / Universal / Strummer)
Frances The Mute 2003 (GSL / Universal / Strummer)
Singles, Trilhas-Sonoras Ano
Tremulant EP 2001 (GSL)
Inertiatic ESP 2001 (GSL / Universal / Strummer)
Live EP 2003 (GSL / Universal / Strummer)
Televators 2003 (GSL / Universal / Strummer)
The Widow 2003 (GSL / Universal / Strummer)