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Review:
Harvest Moon |
avaliação:
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Sabe
aqueles discos que você ouve despretensiosamente
e percebe uma revolução? Aí você descobre que aquele
é um dos discos da sua vida. Bem, esse foi meu caso
com Harvest Moon, do gênio Neil Young. Depois de
discos maravilhosos com o Crazy Horse - leia-se
Ragged Glory e Weld - ambos (bastante) elétricos.
E lá foi a genial cabeça pensante, prolífico como
sempre, gravar um disco acústico, bucólico, etéreo
em sua fazenda. |
Isso em pleno ano de 1992,
em meio à barulheira do Hard Rock farofa, dance music
e, principalmente, o grunge de Seattle. Porém, parte deste
último tinha e tem, e muito, influência de Young. Para
a aventura, ele reuniu os Stray Gators, banda folk que
o acompanhou no clássico Harvest, de 1972, recordista
de vendas do canadense. Harvest Moon é a continuação deste
disco. Mais uma vez, um clássico.
O disco é aberto por "Unknown Legend", onde em como todas
as músicas a simplicidade dá o tom. Começa com um violãozinho
esperto e segue num crescendo até um belo refrão: "Somewhere
on a desert highway/She rides a Harley-Davidson/Her long
blonde hair flyin´ in the wind". Definitivamente, você
se sente numa estrada no meio de um deserto nos Estados
Unidos, pilotando uma moto. Gostoso notar que Neil não
tem vergonha de encher as músicas de refrões, lances country
e muitos backing vocals femininos. No final, uma belo
solo de gaita, outro instrumento frequente em Harvest
Moon. "From Hank To Hendrix" já começa com gaita e uma
grande letra, fazendo ligações entre o passado e o presente,
citando, além de Hank Williams e Jimi Hendrix, Madonna
e Marilyn Monroe. Ele também solta um pouco de seu lado
de trovador, solitário com sua música: "I walked these
streets with you/ Here I am with this old guitar". "You
And Me" é a mais simples do disco: Neil, seu violão e
o backing vocal feminino básico. Romantismo latente: "I
was thinkin´ ´bout you and me". Só. Sem firulas e exageros.
A faixa-título é também de uma magnitude inexplicável.
Aquela leveza vai te contagiando, e você louco para estar
apaixonado por algúem: "Because I´m still in love with
you/I want to see you dance again/ Because I´m still in
love with you/ On this harvest moon". Mais uma vez o romantismo:
"When we were lovers/I loved you with all my heart". Motivo:
o disco é dedicado à Pegi, esposa de Neil. "War Of Man"
mantém o nível altíssimo. Letra bastante política (como
o próprio título mostra, fala de guerras e batalhas),
além de um instrumental um pouco mais completo. Em "One
Of These Days" Neil narra acontecimentos de sua vida.
Super gostosinha a guitarrinha country e o dueto de Neil
com o coro (com direito até a participação do superstar
James Taylor. Lembra de "You´ve Got A Friend", Rock In
Rio...), "Such A Woman" é belíssima, com piano onipresente,
arranjo orquestral e uma comovente declaração de amor:
"You are such a woman to me/ And I love you/ Our love
will live/ Until the end of all time". Clima de igreja
no refrão. "Old King" é definitivamente uma música country,
divertida e feliz. Grande momento. A letra fala de um
cachorro, o King do título da canção. Em "Dreamin´Man",
Neil reconhece defeitos ("I´m a dreamin´man/Yes, that´s
my problem") e parece não ter esperança em saná-los ("I´ll
always be a dreamin´ man/ I don´t have to understand/
I know it´s alright"). A canção que encerra o disco é
a épica "Natural Beauty" (dez minutos), gravada ao vivo,
com letra majestosa, falando em defesa da natureza, com
sinceridade e emoção saltando da garganta de Neil.
Harvest Moon é genial em todos os aspectos (até mesmo
na capa rock n´roll, com o cantor andando sozinho no campo
com sua jaqueta de franjas, provavelmente cheirando a
incenso), sem pontos fracos, com grandes letras, grandes
músicas. Tudo que um grande disco precisa. E um toque
especial: DEUS. Ou melhor, Neil Young...
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Jonas Lopes |
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