Kevin
Allen, Neil Busch, Jason Reece e Conrad Keely, quatro amigos
de infância que cresceram na pequena comunidade cristã
de Plano, no Texas, formam o ...And You Will Know Us By The
Trail of Dead. Desde cedo os quatro garotos estavam envolvidos
com música, tanto que fizeram parte do coral da igreja
local e participaram de competições internacionais.
O nome da banda, de acordo com Jason Reece, foi mandado para
eles através de mensagens psíquicas por meio
de ondas cerebrais vindas do profeta italiano Dario Argento.
Ou pelo menos essa é
uma das variantes que os membros da banda costumam contar
quando lhes é perguntado sobre a origem do Trail of
Dead. A história do grupo é toda feita de lendas
assim, baseadas em exageros e ficção. É
quase impossível escrever um texto sobre eles que contenha
somente verdades, pois, apesar do que foi dito acima ser sabido
por todos que conhecem a banda, ainda é possível
encontrar pela internet dezenas de versões diferentes,
que confundem a cabeça de todos aqueles que buscam
saber sobre o Trail of Dead.
Antes de tudo, o nome esquisito
e gigantesco da banda deriva de um trecho de uma tradução
de escritos maias, mais precisamente de uma parte que é
incrivelmente parecida com outra de papiros egípcios
antigos, o que intriga até hoje historiadores.
O que é sabido oficialmente
é que a banda logo se destacou devido às suas
músicas intensas e vibrantes, aos seus shows tumultuosos
e incendiários, onde eles faziam rodízio nos
instrumentos antes de destrui-los completamente, além,
claro, ao jeito como eles se comportam perante a imprensa
e o público. O grupo foi formado no final de 1994/começo
de 1995 pelos amigos Jason Reece e Conrad Keely. Depois de
terem se conhecido no Havaí, eles se mudaram para Olimpia,
onde Jason tinha uma banda chamada Mukilteo Fairies. Depois
se mudaram novamente, para Austin, onde começaram a
se apresentar como uma dupla. Durante essa época, depois
de Neil e Kevin terem juntado-se a banda, lançaram
uma fita cassete ao vivo pelo selo Golden Hour. O grupo, que
já era conhecido pelos seus shows anárquicos
(certos lugares se negavam a apresentar o Trail of Dead por
medo do que a banda pudesse fazer durante o show), conseguiu
assim apoio para lançar seu primeiro disco, auto-intitulado,
que saiu pela Trance Syndicate no começo de 1998.
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O disco
aumentou ainda mais o prestígio do qual a trupe
gozava no circuito alternativo americano. A temática
das músicas, a arte gráfica com um estranho
tom religioso e, claro, as músicas arrebatadoras
só vieram confirmar tudo isso. O público
fiel aumentou e a crítica conheceu o Trail of
Dead. |
Depois da quebra da Trance
Syndicate, o grupo assinou com a Merge. O primeiro disco pelo
novo selo saiu em outubro de 1999. "Madonna" é
um álbum ainda mais espetacular do que o debut do Trail
of Dead, e foi responsável pela maior popularização
da banda, levando-a a ter seu nome reconhecido também
na Europa e em outros continentes. "Madonna" suscitou
comparações com o Sonic Youth, além de
fazer os críticos tentarem rotular a banda através
de coisas como "volcanic punk rock" e "apocalyptic
rock", tamanha a densidade e a fúria que caracterizava
seu som. A banda teve grandes momentos durante a turnê
do novo disco, como o show feito no London Astoria lotado,
e a apresentação ao lado do Mogwai.
Depois de se mudar para um
grande selo, a Interscope Records, o Trail of Dead lançou
o EP "Relative Ways" em novembro de 2001, um aperitivo
do álbum seguinte, aquele que viria a ser a obra-prima
da banda até então. A crítica e o público
esperavam ansiosamente.
"Source Tags & Codes"
saiu finalmente em fevereiro de 2002. É um disco brilhante,
que mostra a banda ainda mais entrosada, com o som mais maduro,
mas ainda vigoroso e enérgico. O álbum foi altamente
elogiado por público e crítica. Se antes já
era difícil descrever a explosão de sons do
Trail of Dead, agora já não existia mais nenhuma
palavra que pudesse para descrevê-la.
Após muitos shows ao redor do mundo, a banda voltou
a estúdio para gravar um novo EP, a fim de saciar a
vontade dos fãs de adquirir novo material. "The
Secret of Elena's Tomb" foi lançado na metade
de 2003, e apontou novas direções para o futuro
do Trail of Dead, pois trata-se de um trabalho mais eclético
do que os discos anteriores do grupo.
Em janeiro de 2005, o tão
aguardado disco "Worlds Apart" chegou às
prateleiras. As primeiras audições soaram estranhas
aos fãs. Após segundas chances, muitos o consideraram
um disco excelente, apesar de não ter a mesma vitalidade
do "Source Tags & Codes". Outros, porém,
enxergaram o declínio da banda. Em novembro do mesmo
ano, mudanças na banda: sai Neil Busch, substituído
logo depois por Danny Wood. A banda também adiciona
um segundo baterista, chamado Doni Schroader, e um tecladista,
David Longoria.

Epílogo: Uma lenda interessante
e mirabolante espalhada pelo Trail of Dead, que reflete
bem o estado de espírito deles, é o porquê
da formação da banda. Diz-se que os quatro
amigos, depois de algumas pesquisas em antropologia e física,
e com seus parcos conhecimentos em arte e música,
decidiram fazer uma experiência. Eles criariam uma
entidade que expressasse vários aspectos das ciências
e arte da humanidade para tentar provar a teoria da unidade
antropológica, ou seja, uma forma única que
pudesse unir toda a criação cultural humana
de todos os tempos em uma singularidade artística.
Como se percebe, os caras têm uma criatividade no
mínimo excêntrica.
Fabricio Boppré e Natalia Vale Asari
atualizado em fev/2005
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