INTERMISSION: Este texto, assim como
esse
aqui, não foi escrito como resposta a alguém ou
a algum outro site. Também não se trata de nenhum
manifesto ou desabafo. Surgiu daquelas conversas de final de tarde,
"o que estamos fazendo?", "por que estamos fazendo?".
Não estamos contra ninguém, apenas acreditamos no
nosso jeito de fazer as coisas. [nota do revisor]
Ultimamente tem crescido em número
exponencial a oferta de informação online sobre
música, seja nos efervescentes e criativos e-zines, seja
nos práticos e despojados blogs. Hoje em dia é possível
ler diariamente sobre rock, com muita qualidade e informação.
Ao redor de cada "veículo" vai se formando uma
verdadeira comunidade de leitores que opinam e trocam idéias
nos fóruns de comentários e listas de discussão.
E muitos dos membros dessas comunidades informais não são
meros leitores, é gente que lê e escreve nos seus
próprios "veículos" e neles estão
os links para todos os outros e-zines/blogs recomendados. É
uma espécie de grande aldeia onde todos se conhecem e tem
o seu canal para expor suas próprias idéias.
E é nesse cenário
que vemos o nosso site inserido. É extremamente gratificante
saber que a Dying Days também traz ao seu redor uma mini-comunidade
daqueles que colaboram espontaneamente com seus textos, aqueles
que acompanham as novidades do site e os que participam de uma
lista de discussão com intensa troca de idéias.
É motivo de orgulho encontrar ao acaso um link para a Dying
Days nos blogs por aí. Não é exagero pensar
que muitos daqueles que procuram ler sobre música na internet,
alguma vez já acessou alguma das páginas da Dying
Days.
No entanto, a medida que o tempo
passa, e a Dying Days já acumula três anos nas costas,
percebe-se um distanciamento entre o que fazemos e o que está
sendo produzido na internet hoje. Sempre consideramos a Dying
Days um e-zine, partindo do conceito de que um e-zine é
nada mais que um fanzine usando o meio internet, com as particularidades
e facilidades que a internet oferece. Só que se percebe
hoje que os e-zines e até os blogs estão cada vez
mais jornalísticos, talvez se esteja eliminando o elemento
fã dos fanzines. Não se trata de uma crítica,
talvez isso se dê em função do moribundo jornalismo
musical brasileiro, que se transferiu para a internet e para a
independência (isso é uma discussão mais ampla).
De todo o jeito, trata-se apenas de um tipo de linguagem que está
se modificando e ficamos para trás. Para o bem ou para
o mal.
Não fazemos jornalismo.
Não somos jornalistas nem tempos pretensões jornalísticas
aqui. Tudo o que produzimos é sob o ponto de vista do fã,
de quem ouve música para quem ouve música. Não
queremos descobrir a "next big thing", não queremos
apontar tendências. Não é aqui que você
vai descobrir em primeira mão a melhor banda de todos os
tempos da semana que vem. Aqui não é o espaço
para julgar quem compõe bem, quem escreve mal, qual é
o melhor e o pior. Ao mesmo tempo, não mantemos o site
para mostrar ao mundo o nosso "conhecimento musical",
não queremos com isso mostrar a nossa importância.
Talvez o termo fansite seja mais apropriado para nós, com
a diferença que abrigamos não uma, mas várias
bandas.
Para terminar, a Dying Days também
não é um site saudosista. Toda a arte deve ser atemporal,
ainda que existam trabalhos que estão definitivamente conectados
a uma determinada época. Mas não é nossa
bandeira "resgatar o espírito" dos anos 90 ou
o que seja. A música está sempre disponível
para quem se dispuser a ouvir e a se identificar com ela.
Alexandre Luzardo
28/07/2003