O
A Perfect Circle tomou forma quando Billy Howerdel, músico
de estúdio e técnico de guitarras (que trabalhou
com Tool, Smashing Pumpkins e Fishbone), gravou demos de canções
incompletas, a fim de reunir pessoas interessadas em seu trabalho
para preenchê-lo. Ele encontrou a baixista/violinista
Paz Lenchantin, que criava trilhas sonoras para filmes e seriados
de ficção científica (X-Files, por exemplo),
e que já havia tocado em algumas bandas, entre elas
The Martinis, banda do ex-Pixies Joey Santiago.
Logo, Maynard James Keenan,
vocalista do Tool, se mostrou muito interessado pelo trabalho
de Howerdel, que o havia conhecido durante as sessões
de gravação de Aenima, do Tool. Howerdel se
absteve no início, pelo fato de Maynard já ser
comprometido com uma banda concreta, e Billy disse que queria
um vocal feminino para suas composições. Ele
na verdade não queria que sua banda soasse como o Tool.
Mas, sendo que o Tool estava em animação suspensa
devido a uma briga contratual com sua gravadora, Maynard instantaneamente
se juntou a Howerdel e Paz.
Danny Lohner, baixista do Nine
Inch Nails, se uniu ao grupo como guitarrista, e eles logo
começaram a "juntar as peças" do trabalho
de Howerdel. Mas Lohner não encontraria tempo disponível
para ser um membro ativo no grupo, cedendo seu posto a Troy
Van Leeuwen, guitarrista do Failure. Tim Alexander (ex-Primus
e atual Laundry) colaborou como baterista nos ensaios, mas
apenas quando Josh Freese (ex-Vandals, Devo e Guns 'n' Roses)
não pôde estar presente. O grupo assumiu o nome
de A Perfect Circle, tocando sets de 7 ou 5 músicas
em alguns shows beneficientes, fazendo um "rodízio"
entre Tim Alexander e Josh Freese.
Com a formação
estabilizada, o A Perfect Circle começou o processo
de gravação de Mer De Noms, lançado em
2000 pela Virgin Records. Durante a gravação
e após o lançamento oficial do álbum,
a banda abriu vários shows do Nine Inch Nails. A partir
desta turnê, Maynard passou a usar uma peruca de fios
castanhos ou louros, para diferenciar sua postura no palco
do Tool e do A Perfect Circle, servindo também para
se disfarçar dos seus fiéis adoradores que poderiam
atrapalhar o crescimento do A Perfect Circle pelos seus próprios
méritos.
O álbum de estréia
do A Perfect Circle é muito bem produzido, com músicas
que podem remeter a um encontro entre o Alice in Chains (na
fase Tripod), Tool e Nine Inch Nails, com riffs mais pesados
minimalizados pelas texturas sombrias e artificiais de algumas
faixas. Mas artificial não quer dizer que o álbum
soa falso! Comparado ao Tool, o A Perfect Circle soa mais
objetivo, mas sem ser óbvio demais. Com certeza um
dos melhores álbuns de bandas da atualidade. Destaque
para "The Hollow", "Judith", "3 Libras",
"Sleeping Beauty", "Rose" e "Thinking
Of You".
Com Mer De Noms lançado,
o single de trabalho escolhido foi "Judith". A banda
foi conquistando notoriedade em vários lugares, e o
"disfarce" de Maynard já não surtia
o efeito esperado. Mesmo assim, ele continuou com esta maneira
de separar o que ele era no Tool (cru, subjetivo e puramente
artístico) e do que ele representava para o A Perfect
Circle (um rockstar mais glamouroso e com um certo apelo sexual).
Mesmo com as acusações
de satanismo/ateísmo das letras do grupo, sua populariedade
crescia a cada apresentação, tocando em programas
de TV como Tonight Show de Jay Leno, Late Show de David Letterman
e o programa de Craig Killborn. A banda não se pronunciava
diretamente se tinha uma ideologia satanista em suas letras,
e quando indagado sobre o teor de "Judith", Maynard
apenas dizia: "É uma música sobre fé
cega. Não é exatamente para o Deus cristão,
e sim para qualquer tipo de deus."
A banda ainda lança
singles de "3 Libras" (com um belíssimo videoclipe)
e "The Hollow", enquanto participa de milhares de
turnês até meados de 2001, agora como ato principal
de shows e festivais.
Terminadas as datas agendadas, o A Perfect Circle se encontra
parado e seus membros partem para outros projetos: Maynard
volta a gravar e excursionar com o Tool, após o lançamento
de "Lateralus". Billy Howerdel faz algumas apresentações
como convidado e produtor/engenheiro de som do Abandoned Pools,
enquanto grava algum material solo. Troy Van Leeuwen monta
o The Enemy (onde é o compositor principal), e excursiona
com o Queens Of The Stone Age como músico de apoio.
Josh Freese lança seu disco entitulado "The Notorious
One Man Orgy", onde gravou a maioria dos instrumentos.
Paz Lenchantin lança de maneira independente "Yellow
My Sky Captain", coletânea de músicas que
ela compôs desde a adolescência, e participa de
projetos como a banda de seu irmão (Big Milk), Camerata
Tango, Firecrasher (com Melissa Auf Der Maur), e por fim,
a nova banda de Billy Corgan, o Zwan.
Depois de um longo período
ocioso, o A Perfect Circle resolve voltar ao estúdio
em 2003 para finalizar as músicas em cima dos esboços
de Billy Howerdel. Mas a banda deixaria de contar com Paz
Lenchantin, que ingressou permanentemente no Zwan, sem dar
mais explicações aos antigos companheiros de
banda. Billy e Maynard recrutam então Jeordie White,
mais conhecido como Twiggy Ramirez (baixista e compositor
do Marilyn Manson), o que em teoria deixará o álbum
mais agressivo que o anterior. Em meio a esta confusão,
Troy Van Leeuwen também não pode contribuir
efetivamente com o A Perfect Circle, sendo ocasionalmente
substituído pelo seu antecessor, Danny Lohner.
O segundo e esperadíssimo
disco do A Perfect Circle, que recebeu o título de
Thirteenth Step, sai na metade de 2003. Logo após o
lançamento do álbum, James Iha, ex-Smashing
Pumpkins, é anunciado como novo guitarrista. Nesse
mesmo ano, a banda participa do Lollapalooza ao lado de Audioslave,
Queens of the Stone Age e Jane's Addiction.
Em 2004, o A Perfect Circle resolve participar no embate contra
a reeleição do presidente George W. Bush nos
EUA. A banda lança Emotive, que é basicamente
um protesto em forma de disco conceitual, formado por músicas
inspiradas em "guerra, paz, e ganância" (como
a própria banda definiu). O tracklist do álbum
contém poucas músicas inéditas, como
"Passive" (a versão final de "Vacant",
que a banda tocava na turnê de Mer De Noms) e "Counting
Bodies Like Sheep To The Rhythm Of Our Drums" (esta basicamente
uma versão sampleada de "Pet", do disco anterior).
Dentre os covers, destacam-se as versões para "Imagine",
de John Lennon, e "What's So Funny About Peace, Love
And Understanding" de Elvis Costello. Com Emotive, o
APC distancia-se das nuances mais pesadas de seu som, adicionando
elementos eletrônicos que contribuem para o lado mais
lúgubre da banda. Duas semanas após o lançamento
de Emotive, o APC presenteia os fãs com o DVD Amotive,
contendo todos os videoclips e depoimentos da banda, acompanhado
de um CD de áudio com remixes.
Alexandre Lopes/ 2003
atualizado por Fabrício Boppré (10/03) e Alexandre
Lopes (02/05) |