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Mer de Noms é um belo álbum,
um dos melhores da atualidade, com uma qualidade incrível
(talvez pelo fato da maioria do A Perfect Circle ser
músicos de estúdio), mas que chega a estragar
um pouco pela falta de faixas mais empolgantes e excessos
de “perfeccionismo harmônico”. Tudo
parece devidamente calculado, desde os solos até
a duração das faixas. Mas este perfeccionismo
não tira o brilho inédito do álbum. |
“The Hollow”, faixa que abre o disco, é
circundada pelo riff hipnótico do verso, com um refrão
forte, para depois do segundo verso ignorar o refrão
e cair numa parte mais marcante e pesada (quebrando a fórmula
do “verso-refrão-verso-refrão”).
Música bastante original; pena que tem menos de 3 minutos...
“Magdalena” e “Thinking Of You” tem
um teor mais gótico, lembrando algumas coisas do Nine
Inch Nails pelos discretos sintetizadores e as guitarras mais
modeladas num som artificial. “Rose” é
uma música mais experimental, alternando rápidas
passagens acústicas com partes eletrônicas, sem
tirar o “suspense” e o peso das guitarras. A interpretação
de Maynard dá um ar mais “clautrofóbico”
à faixa.
“Judith”, música de trabalho do álbum,
traz a energia que falta no resto do disco, com um belíssimo
e pesado riff com slide de guitarra. É a faixa mais
empolgante do álbum.
Destacando as faixas que tem uma delicadeza melódica
incrível, “Orestes” e “Brena”
combinam um conjunto de melodia com partes singelas de guitarras,
revelando “atmosferas etéreas”, que acabam
alcançando seu “clímax sentimental”
ao longo das músicas. Quase nesta mesma linha, “3
Libras” é uma composição mais delicada,
com a bela voz de Maynard dando brilho a uma melodia graciosamente
cercada por discretos violinos e violões, que explode
no final com distorções mais sutis, mas que
não atrapalham o teor melódico da faixa. Perfeita!
“Sleeping Beauty” e “Thomas” tem um
clima mais “pesado” (no sentido mais amplo da
palavra), lembrando algo de Alice in Chains, exceto pelos
vocais mais melódicos de Maynard.
“Renholder” é a faixa mais viajante do
álbum, com instrumentos ditando um clima erudito e
com Maynard inserindo influências indianas em sua interpretação:
harmonia surpreendente. Tudo se encerra com “Over”
(apropriado, não?), e é apenas uma faixa em
que Maynard murmura palavras com um piano no fundo. No final
se pode ouvir pedaços das outras músicas do
álbum.
Mer de Noms pode assustar alguns fãs do Tool pelo fato
de Maynard explorar mais melodia do que peso, mas a verdade
é que neste álbum ele está cantando como
nunca. A parceria que ele cultivou com Billy Howerdel para
compor as faixas do A Perfect Circle chega a se destacar mais
do que o a composição mais “acessível”
do Tool. Mas isso também pode levar mais pessoas a
se interessar pela verdadeira banda de Maynard.
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