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Entre
o estrondoso sucesso de “Facelift” e o ilícitamente
inspirado “Dirt”, o Alice in Chains resolveu
passar alguns dias num estúdio, gravando um material
semi-acústico. Foram destas sessões sem
compromisso que surgiu o EP “Sap”. |
O nome “Sap” foi tirado de um sonho do baterista
Sean Kinney, que havia sonhado com uma entrevista onde eles
diziam que o novo álbum da banda se chamava “Sap”.
É a partir deste EP que Jerry Cantrell vai se encorajando
a cantar as melodias principais, deixando Layne Staley meio
de lado. Tanto que a faixa de abertura, “Brother”,
Jerry canta os versos com um discreto efeito modulado, para
no refrão fazer a habitual harmonia vocal com Staley,
contando ainda com a participação de Ann Wilson,
vocalista do Heart, dando um ar mais intimista à faixa.
Em “Got Me Wrong”, Layne reassume os vocais principais,
mas ainda de uma maneira meio tímida. Esta faixa tem
alguns solos e partes mais pesadas de guitarra, realçando
as vozes mescladas da sempre brilhante parceria Staley/Cantrell.
“Right Turn” traz participações
ilustres; desta vez, Chris Cornell do Soundgarden e Mark Arm
do Mudhoney aparecem para cantar alguns versos, creditando
a performance da canção à “Alice
Mudgarden” uma banda fictícia batizada com palavras
do nome das bandas reais de cada integrante. Engraçado
que logo nas primeiras frases em que Mark Arm canta, sua voz
está num tom tão grave e com efeitos de eco
que chega a lembrar a voz de Ozzy Osbourne!
“Am I Inside” é o clima mais melancólico
do EP, com uma das letras mais sombrias e sem esperança
de Staley, sendo adocicada no refrão mais uma vez pela
presença de Ann Wilson. Sem dúvida, com esta
faixa Layne Staley reafirma sua posição de titular
no microfone, mesmo sem explorar os tons mais fortes de sua
voz; sua dramática e sincera interpretação
é o que conta.
“Sap” ainda traz uma surpresa: na quinta faixa,
uma voz (praticamente a de Sean Kinney) anuncia: “Love
song, take one”. Após isso, pode-se ouvir um
piano dando uma introdução a uma sinfonia bizarra,
formada por vozes fantasmagóricas e sons flatulentos
feitos com a boca -tudo na maior baixaria- para de repente
aparecer uma bateria death-metal e Sean berrar coisas como
“My gums are bleeding!!!” com um megafone (ele
está creditado pelo megafone no encarte). Um fim estranho
para um álbum tão soturno, mas serve pela distração...
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