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Arcade Fire :

Arcade Fire
- Formação: Montreal; Quebec, CA em 2003.

- Win Butler: vocais, guitarra, violão
- Régine Chassagne: vocais, vários instrumentos
- Richard Parry: órgão, piano, acordeão
- Timothy Kingsbury: baixo
- William Butler: xilofone, sintetizadores, percussão

outros integrantes:
- Howard Bilerman: bateria
- Sarah Neufeld: violino
- Owen Pallet: violino

Biografia:

Ao contrário do que nossos avós defendem, às vezes podemos afirmar que bons são os tempos cabulosos em que vivemos. A década atual vem nos proporcionando inovações que, na música, nos colocam em contato com uma infinidade de material. Hoje, a explosão de bandas novas atropela ouvintes, gravadoras e mídia. O Árcade Fire pode ser considerado um caso ideal onde as circunstâncias atuais colocaram uma banda nos computadores dos ouvintes antes que qualquer gravadora de grande porte ou veículo tradicional de mídia se desse conta. Quando os formadores oficiais de opinião ouviram falar nos músicos, eles já estavam lotando pequenos shows, suas músicas já tinham cruzado continentes e eram a banda mais escutada por muita gente.

O texano Win Butler cruzou a fronteira do Canadá em 2000, encontrando Régine Chassagne numa performance jazzística na Universidade de Concórdia, verão de 2003. A família Chassagne havia abandonado o Haiti na época em que o ditador François Duvalier comandou o país, deslocando-se entre Estados Unidos e, finalmente, Canadá. As primeiras músicas passaram a surgir com a consolidação da dupla que, com a ajuda de músicos da região, foram desenvolvidas e eventualmente gravadas. Richard Parry integrou-se à dupla gradualmente e, depois de oficialmente considerado membro da banda que se formava, trouxe consigo Tim Kingsbury. O quinteto foi completar-se com a chegada do irmão mais novo de Win, Will Butler, também oriundo dos EUA.

Quando o assunto é basquete, eles são excelentes músicos.

O nome da banda surgiu de uma estória relatada a Win, onde uma casa de fliperama teria incendiado, promovendo a morte de várias crianças. Mesmo desconfiado da veracidade do conto, ele passou anos acreditando nela. O primeiro registro do Arcade Fire saiu nos meses seguintes, um EP auto-entitulado disponibilizado pelos próprios membros e devidamente esgotado na região. Em agosto, Win e Régine encaminharam o inevitável: casaram-se e logo em seguida rumaram em busca da consolidação de um álbum de estréia. Com horários marcados nos estúdios Hotel2Tango, contaram com o dono dos mesmos, Howard Bilerman, para contribuir com as sessões de bateria e produção das gravações. Além disso, usaram a ajuda de uma série de músicos locais, como Sarah Neufeld e Owen Pallet, que seguiram com a banda nos seus shows.

O curso das gravações foi atingido por ocorrências externas. Régine havia perdido sua avó em junho e no ano seguinte, os irmãos Butler perderam um avô. Em maio de 2004, foi a vez de Parry perder uma tia. Tais acontecimentos acabaram atingindo a concepção do álbum de forma neural. Após propostas de selos independentes como Apple8, a banda decidiu assinar contrato com a canadense Merge Records ("me senti muito confortável em assinar com eles – lá não havia hype", afirmou Win). Em setembro, o resultado das sessões chegou às lojas americanas: "Funeral", o álbum de estréia.

A receptividade do público e a velocidade com que a banda foi divulgada pelos ouvintes foram ímpares. Quando muita gente já estava fechando suas listas de melhores de 2004, alguém recomendava "Funeral" como um disco a ser baixado, escutado e considerado. O álbum, é verdade, justifica muito do que a banda colheu no curtíssimo período.

Conceitualmente majestoso, coloca em música e palavras os questionamentos que se aplicam a quem abandona a adolescência e ingressa na fase adulta. Análises rancorosas das relações familiares se entrelaçam com o temor natural dos novos desafios e a saudosa nostalgia das etapas que ficaram para trás.


No palco: missa

As mesmas coisas que invadem a cabeça de qualquer um. E, claro, a tão presente morte ajuda a alicerçar as letras e o clima angustiado das composições. Musicalmente, a banda gravou um turbilhão de idéias muito bem agrupadas, onde se ouve ritmos variados com uma intensidade contagiante em comum. A atmosfera pulsante é resultado de um conjunto de músicos em fina sintonia. Múltiplos instrumentos, arranjos elaborados e vocais emocionados de Win e Régine fazem do álbum um item diferenciado do que se observa nos meios musicais, o que não surpreende o caráter de culto instantâneo associado ao conjunto.

Os meses seguintes denotaram uma avalanche de elogios ao trabalho, onde a mídia especializada não teve alternativa senão acompanhar a empolgação popular. Longe de figurarem em veículos de grande massa, o alcance do trabalho segue se desenvolvendo por meios alternativos, impulsionado pela acessibilidade da internet. Nos sites de leilão, cópias do esgotado EP são vendidas por mais de uma centena de dólares (uma nova prensagem deve ser disponibilizada pela Merge em 2005). Os shows mais recentes têm se esgotado em poucas horas e a banda deve seguir o ano de 2005 promovendo o disco pelo mundo. Funeral saiu em fevereiro de 2005 pela Rough Trade no Reino Unido, devendo contar com o auxílio de um single para a faixa "Neighborhood #2 (Laika)". A banda tem planos de promover dois vídeos de divulgação ("Rebellion (Lies)" e "Neighborhood#2 (Laika)") e estuda a possibilidade de editar um DVD com um de seus intensos e concorridos shows. Encontram-se num inédito ponto onde estão consagrados nos meios paralelos mas desconhecidos dos grandes veículos e, visto que cinco meses após seu lançamento "Funeral" já vendeu 60 mil discos nos EUA, as coisas podem avançar ainda mais à medida que atingir circuitos comerciais. Embora seja cedo para registrar, tudo indica que as pequenas, porém significativas conquistas da banda sejam os primeiros tijolos de uma grande construção.

Vicente Moschetti
março/2005

Álbums:
Discos Oficiais Ano
Funeral 2004 (Merge)
Singles, EPs Ano
Arcade Fire EP 2003 (independente)
Neighborhood #1 (Tunnels) 2004 (Merge)