O
Rage Against the Machine foi um dos grupos mais influentes
e polêmicos dos anos 90. Era uma banda que demonstrava, através
de letras e atitudes, sua revolta e luta por ideais políticos.
Eles sempre lutaram contra a censura, a favor da liberdade
e em prol dos menos favorecidos. Misturando hip-hop com o
hardcore "melódico", incendiava a todos que a ouviam. Sua
história começou em torno de 1991, mas, para ser melhor entendida,
é preciso que se conheçam seus integrantes e suas histórias.
Zack
de La Rocha (vocal) nasceu em 1970, em Long Beach, Califórnia.
Sua mãe era doutora em Antropologia, e seu pai era um
artista de um grupo político que fazia exposições
com fotos e a história de agricultores mexicanos.
Eles se separaram quando Zack tinha em torno de 1 ano.
Doze anos depois, seu pai sofreu um ataque nervoso devido
aos seu fanatismo religioso (ele carregava a bíblia
durante todo o tempo!). |
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Quando Zack ia visitar seu
pai nos finais de semana, em Los Angeles, ele era forçado
a fazer jejum à porta trancada e janelas fechadas.
Ele só comia na sexta, ficava o fim de semana inteiro de jejum
e voltava para a casa de sua mãe na segunda. Não suportando
mais isso, passou a morar somente com sua mãe, em Irvine,
uma das cidades com maior número de brancos do sul da Califórnia.
Isso foi um grande choque para Zack, pois ele perdeu contato
com a comunidade latina e estava numa cidade onde os mexicanos
só serviam para trabalhar para os brancos. "Eu morava em Irvine,
porém nunca me senti totalmente aceito como um desses garotos
brancos e ricos de subúrbio. Eu nunca tive problemas econômicos
como muitos dos meus irmãos e irmãs chicanos, mas eu sentia
a tensão e a rejeição - e então foi quando eu comecei
com o hip-hop." Zack formou o grupo "Inside Out", que lançou
um CD e depois acabou. Sobre isso, Zack disse certa vez: "O
Inside Out foi a primeira banda em que eu toquei. Eu espantei
toda minha dor através daquela banda. Tudo que fazíamos era
nos isolarmos completamente da sociedade para nos vermos como
espíritos, e não nos ajoelhando ao sistema para sermos somente
mais alguém."
Tim Commerford (baixo), conheceu Zack na escola, quando Tim
cursava a 6ª série, e Zack, a 5ª. Zack ajudou Tim a abrir
a embalagem da merenda, e foi assim que começaram uma grande
amizade. Foi Zack quem levou Tim ao baixo e à música. A mãe
de Tim era matemática, e morreu de cancêr cerebral quando
Tim tinha 20 anos. Seu pai, um engenheiro aeronáutico e espacial,
se separou dela assim que ela foi diagnosticada com cancêr,
e se casou novamente. Assim desintegrou-se sua família. Tim
adora jazz, poesia, textos e desenhos. Ele tem ódio da polícia
pela maneira com que ela trata as pessoas. Curiosamente, Tim
muda de sobrenome a cada álbum (Timmy C, Tim Bob, Simmering
T, Y Tim K, Tim Bob).
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Já
Tom Morello é sem dúvida um dos maiores guitarristas
que já existiu. Ele nasceu em 1964 em Nova York. Sua
mãe é a membro-fundadora do grupo "Parents for Rock
& Rap" (Pais pelo Rock & Rap), organização anti-censura.
Seu pai era membro do "Exército de Guerrilha Mau Mau",
que libertou o Kenya do comando britânico. |
Sobre a política, tudo "começou
desde o primeiro minuto em que você tem pele marrom e uma
caminha para brincar num parquinho inter-racial", afirma.
Na pré-escola havia uma pequena menina branca que sempre o
chamava de "negrinho" e outras palavras racistas. Então ele
contou à sua mãe, que lhe explicou sobre Malcom X e coisas
mais. No outro dia, a garota voltou a discriminá-lo,
e ele respondeu: "cala a boca, branquela!", acompanhado
de um soco na cara dela.
Morello morou em Libertyville
(subúrbio em Illinois) durante a maior parte de sua vida.
No segundo grau ele jogava Dungeons and Dragons (um jogo de
RPG), participava do clube de teatro e lia sobre política
marxista.
É engraçado a maneira de como
esse mestre conheceu a guitarra. Ele escutou uma música do
KISS e teve vontade de tocá-la. Pagou 5 dólares para um cara
ensiná-lo, mas a primeira coisa que este cara o ensinou foi
regular a guitarra. Ele voltou na próxima semana, deu mais
5 dólares, e o cara lhe ensinou a escala C. Depois dessa primeira
dificuldade, ele ficou muito tempo sem tocar. No entanto,
um belo dia Morello ouviu Sex Pistols e pensou que ele poderia
expressar seus sentimentos e idéias políticas também através
de uma guitarra, e então aprendeu a tocar de verdade.
Tom foi para Harvard, e se
graduou com honras em Sociologia. Durante a universidade,
ele praticava pelo menos de 2 a 4 horas por dia de guitarra.
Enquanto seus amigos saíram de Harvard para serem médicos
e advogados, ele foi para Los Angeles, considerado o lugar
para quem queria rock. Morello tocou em diversas bandas, que
não tiveram sucesso. Ele passou a dar aulas de guitarra para
se sustentar, e depois aceitou emprego de secretário de um
senador da Califórnia. Ele foi demitido quando uma mulher
ligou para o escritório reclamando que "pessoas de cor" estavam
se mudando para a vizinhança dela. Ele disse que o problema
não era os novos vizinhos, mas o fato de ela ser racista.
Ele conheceu Zack num bar de rap.
Brad Wilk (bateria) nasceu em Portland, Oregon, em 1968. Ele
morou em Chicago por algum tempo antes de ir para a Califórnia.
Ele estava na banda principalmente pela música e nem tanto
pela política como os outros membros. Brad é provavelmente
o músico mais completo da banda. Seu pai morreu durante
a temporada de Lollapalooza em 1994, e isto atormentou Brad.
Brad diz que não dá muito valor ao dinheiro, já que seu pai
era obcecado por ele e nunca deu valor ao que realmente interessava.
Ele mudou muito de residência enquanto criança, já que seu
pai seguidamente mudava de empregos. Ele provavelmente é a
pessoa na banda que mais se importa com os sentimentos dos
outros, não somente com os seus. Ele diz: "Algumas vezes eu
gostaria de ser só um baita filho da puta". Brad conheceu
Tom fazendo uma passagem de som para uma de suas bandas anteriores,
Lock Up.
Vamos agora à história da banda em si. Como
já foi dito, Zack e Tim eram amigos de infância,
e Zack encontrou Tim em um bar. Brad, apesar de já
ser conhecido de Tim, Brad chegou ao grupo por meio de um
anúncio em um mural de escola. Estava completo o line-up do
Rage Against the Machine. O interessante é eles já
começaram com a idéia politicamente correta
de não desperdício: "Rage Against the Machine"
era o nome do segundo e não lançado CD do Inside
Out.
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