O
Screaming Trees foi formado aproximadamente na metade da década
de 80 em Seattle, pelos amigos Mark Lanegan, Van Conner e
Gary Lee Conner (sendo estes dois últimos irmãos), em Ellensburg,
cidadezinha a 300Km de Seattle. A banda inicialmente foi idealizada
na escola onde esses três jovens amigos amantes do punk rock
e da música independente se conheceram. Depois de algum tempo
sem se verem, Lanegan volta a encontrar os irmãos, que a essa
altura, tinham formado uma banda com o baterista Mark Pickerel.
Lanegan é então convidado a participar da banda, e este é
o início do Screaming Trees (nome tirado de um pedal de distorção).
Lee fica com a guitarra, Van no baixo, Lanegan nos vocais
e Pickerel na bateria.
Em 1984, a banda grava uma
demo com seis músicas, e acaba
chamando a atenção de Steve Fisk, produtor com certa influência
na iniciante gravadora local Velvetone Records. Ele consegue
que o selo contrate a recém formada banda, e em 1985, o Trees
encara a estrada de carro e desce até Los Angeles para
a gravação de seu primeiro disco. O resultado sai em 1986,
sob o título "Clairvoyance". Hoje em dia, a Velvetone
já não existe mais, mas "Clairvoyance"
foi relançado pela Hall of Records em 2005. Cópias
do vinil original são disputadas a tapa em sites como
o E-Bay. Com a boa repercussão do disco na época, a
banda consegue um contrato melhor com o selo SST Records.
A SST sem dúvida foi a gravadora independente mais
importante dos anos 80, tendo em seu catálogo nomes
como Black Flag, Soundgarden, Sonic Youth, Dinosaur Jr, Hüsker
Dü e Meat Puppets, entre outros.
O primeiro disco pela nova
gravadora é o excelente "Even If and Especially When",
que foi lançado em 1987. A essa altura, a banda já tinha seu
estilo e característica própria: o som feito grupo era uma
mistura bem dosada e harmônica da psicodelia dos anos 60 e
do hard rock do anos 70, com toques do rock de garagem mais
agressivo feito por muitas bandas nos anos 70 e 80. Lançaram
ainda mais três álbuns pela SST: "Other Worlds",
que possuia aquelas seis músicas demos gravadas pela banda
antes de entrar para a Velvetone e "Invisible Lantern",
ambos em 1988 e produzidos por Steve Fisk; e em 1989, "Buzz
Factory", sob a produção de Jack Endino.
A banda chega a lançar um EP
pela gravadora Sub Pop, chamado "Change Has Come",
antes de se separem por um tempo. Durante quase todo o ano
de 1990, os membros da banda participam de projetos paralelo,
como, no caso de Lanegan, um disco solo pela Sub Pop chamado
"The Winding Sheet", que conta com as participações
dos ainda não muito conhecidos Kurt Cobain e Krist Novoselic.
É um belo disco, quase todo acústico, que possui como destaque
o cover do Lead Belly "Where Did You Sleep Last Night?",
que ficaria imortalizada na voz de Cobain no disco "Unplugged
in New York" do Nirvana.
Os irmãos Conner também embarcam em seus próprios
projetos. O baixista Van Conner assume baixo, guitarra e vocal
no Solomon Grundy, lançando um álbum auto-intitulado
em 1990. No mesmo ano, Gary Lee monta o Purple Outside, lançando
o álbum "Mistery Lane". Ambos os projetos
foram lançados pelo selo New Alliance (de propriedade
da SST) e são dissidentes da sonoridade do Screaming
Trees, mergulhando ainda mais fundo na psicodelia garageira
dos anos 60.
No
final de 1990, o Screaming Trees retoma as atividades, assinando
com a gravadora Epic. As bandas de Seattle nessa época estavam
começando a entrar em evidência, e o Trees foi uma das
primeiras a conseguir um contrato com uma grande gravadora.
Debutando em sua nova casa, a banda lança um EP intitulado
"Something About Today" e no ano seguinte, solta
o LP "Uncle Anesthesia", contando com Terry Date
e Chris Cornell (vocalista do Soundgarden) como produtores.
Antes do início da turnê de divulgação do álbum, o baterista
Pickerel deixa a banda e retorna a Ellensburg onde abre a
loja de discos Rodeo Records.
A turnê segue-se com dois bateristas convidados, e apenas
do final de 1991 a banda consegue achar um membro efetivo
para a posição: Barrett Martin, ex-Skin Yard (banda de Jack
Endino, onde também tocou Matt Cameron do Soundgarden).
Em 1992, a banda lança o excelente disco "Sweet Oblivion",
produzido por Don Fleming, que acentua o lado melódico
da banda, contando com uma produção mais caprichada
e grandes músicas como "Dollar Bill", "Julie
Paradise" e "Winter Song". Mas coube a "Nearly
Lost You" o papel de carro-chefe do disco. Essa música,
além de fazer parte da trilha sonora do filme "Singles"
(trilha esta que possui outras bandas de Seattle como Soundgarden,
Mudhoney e Pearl Jam), é também a responsável por fazer do
Screming Trees um nome mais conhecido ao redor do mundo, devido
a exposiçã massva do clip na MTV. O disco vendeu
cerca de 300.000 cópias.
Após a turnê de
divulgação deste novo trabalho, a banda gravou o sucessor
de Sweet Oblivion, novamente com o produtor Don Fleming, mas
ficou descontente com o resultado e o material foi descartado.
Depois de alguns desentendimentos, acentuados durante a turnê
de Sweet Oblivion, a banda volta a se separar temporariamente.
Mais uma vez, os integrantes da banda voltam-se aos seus trabalhos
paralelos: Martin toca no Mad Season, banda que também é um
projeto paralelo de Mike McCready (Pearl Jam) e Layne Staley
(Alice in Chains), e Lanegan lança seu segundo disco solo,
em 1994, chamado "Whiskey For The Holy Ghost".
O
Screaming Trees só retomaria as atividades em 1995,
se reunindo novamente para a gravação de um novo álbum. Com
a produção de George Drakoulias (Black Crowes), "Dust"
é lançado no verão de 1996. É mais um excelente disco, que
apresenta a banda mais madura, sem perder a qualidade e a
característica que os transformaram em um dos grandes nomes
de Seattle. O disco possui excelentes canções como "All
I Know", "Look at You" (dedicada a Kurt Cobain)
e a belíssima "Sworn and Broken". Mesmo com críticas
bastante favoráveis, "Dust" não repete
o sucesso comercial do álbum anterior, muito em função
da banda ter estado afastada da mídia por quatro anos.
Ainda em 1996, a banda participa do festival alternativo Lollapalooza.
Para os shows, a banda passou a contar com o reforço
do guitarrista Josh Homme (ex-Kyuss), que deu condições
de recriar ao vivo a grandeza do som de "Dust" com
duas guitarras. Homme seguiu com a banda a partir dali.
Após o final do Lollapalooza
a banda seguiu excursionando, mas na época Lanegan
enfrentrava problemas de dependência de heroína,
chegando a ser preso por porte de drogas, e esses problemas
acabaram por detonar o restante da turnê. Lanegan se
recuperou por volta de 1998, após ter lançado
seu terceiro álbum solo, "Scraps at Midnight".
Nessa época, Van Conner participou da banda Gardener,
ao lado de Aaron Stauffer (ex-Seaweed), enquanto Josh Homme
montou o Queens of the Stone Age. Por sua vez, Barrett Martin
montou a banda instrumental Tuatara, junto a Peter Buck do
R.E.M.
Desde então, o Trees voltava a se reunir esporadicamente
para um ou outro show. A banda chegou a gravar uma demo na
intenção de o fechar uma nova gravadora (eles
haviam rompido com a Epic após "Dust). Mas na
metade do ano 2000, depois de lançar o single de "One
Way Conversation" pela Internet, o grupo resolve anunciar
seu fim. O próprio Mark Lanegan, que está bastante envolvido
com sua carreira solo, faz o anúncio para a tristeza de milhares
de fãs.
Não estão descartados planos de um último
lançamento do Screaming Trees com material inédito,
sobras de gravação e singles, mas por enquanto são
apenas boatos. Após o final do Screaming Trees, Lanegan
seguiu como artista solo, tendo tocado com o Queens of the
Stone Age ao lado de Josh Homme por um tempo e participado
de inúmeros projetos de outros artistas. Van Conner
montou a banda Valis, jutamente com seu irmão Patrick
Conner, Dan Peters (Mudhoney) e Kurt Danielson (ex-Tad). Gary
Lee se afastou da música, enquanto Barrett Martin segue
no Tuatara e hoje comanda o selo Fast Horse Recordings.
De concreto, após o
fim da banda, somente a coletânea "Ocean of Confusion
- Songs of Screaming Trees 1989-1996", longamente discutida
e adiada, e finalmente lançada em 2005.
Fabrício Boppré
atualizado por Fabricio Boppré
em outubro/2006 |