A
formação da banda:
No fim dos anos 80, os irmãos Robert e Dean DeLeo se mudaram
de New Jersey para San Diego na California. Os dois já haviam
tocado juntos em New Jersey, numa banda de covers chamada
Tyrus. Robert conheceu o vocalista Scott Weiland durante um
show do Black Flag em 1986, quando ficaram amigos e começaram
a tocar guitarra e gravar algumas coisas num equipamento de
8 canais. A banda era chamada de Swing, mas nessa época não
havia nenhuma pretensão se seguir uma carreira ou se apresentar
ao vivo, era apenas diversão. Com a entrada do guitarrista
Corey Hicock e logo em seguida do baterista Eric Kretz, a
idéia começou a se solidificar e alguns meses depois eles
convidaram o irmão mais velho de Robert, Dean DeLeo para substiuir
Hicock na guitarra. Quando Dean DeLeo se tornou o novo guitarrista
da banda (1990), oficialmente estava formado o Mighty Joe
Young, nome tirado de um filme feito em 1949 similar ao King
King (esse mesmo filme ganhou uma nova versão nos anos 90
e teve o título em português "O Poderoso Joe").
O primeiro álbum e a conquista do sucesso:
O Mighty Joe Young tocou seu primeiro show abrindo para a
Rollins Band em agosto de 1990 no Whiskey-A-Go-Go em Los Angeles.
Eles logo se cansam da cena musical de Los Angeles e retornam
a San Diego, onde passam a compor músicas e tocar em bares
locais pelos próximos dois anos. Depois de algum tempo, a
banda conseguiu conquistar um público fiel na região e gravou
sua primeira demo em 1991. Em 1992, um empresário da Atlantic
Records foi a um dos shows da banda, e mostrou o interesse
da gravadora em assinar um contrato. Inicialmente a banda
hesitou em assinar até conversar com o empresário Danny Goldberg,
que então administrava a carreira do Nirvana. O contrato foi
assinado em 1º de abril de 1992.
A banda estava no estúdio para gravar seu primeiro álbum,
quando, para surpresa do grupo, eles receberam uma carta de
um octagenário bluesman de Chicago que também usava o nome
Mighty Joe Young. Ele havia feito música no início dos anos
70, e tinha sido convidado para integrar um grupo de cantores
de blues para fazer uma turnê pelos Estados Unidos. Era a
volta de Mighty Joe Young e ele queria usar seu nome artístico.
O pedido de Young era completamente legítimo e a banda sequer
contestou. Na verdade, foi quase uma honra para eles, que
aproveitaram a oportunidade para mudar de nome, já que Mighty
Joe Young soava muito parecido com Ugly Kid Joe, com
quem eles não queriam ser confundidos.
Eles decidiram usar um nome que tivesse a sigla STP, inspirado
na STP Motor Oil Company, que era um ícone "cool"
nos anos 80 (o próprio Scott Weiland tinha um adesivo da STP
na sua bicicleta). Eles escolheram vários nomes como Shirley
Temple's Pussy, Stinky Toilet Paper, ou ainda Stereo Temple
Pirates, antes de optar definitavamente por Stone Temple Pilots.
O álbum demorou muito pouco tempo para ser gravado, pois a
banda já tinha a maioria das músicas prontas. Em setembro
foi lançado o álbum Core, produzido por Brendam O'Brien, que
já havia tralhado com Black Crowes e Red Hot Chili Peppers.
Core começou sua escalada nas paradas logo após seu lançamento.
O vídeoclip do primeiro single, Sex Type Thing entrou em rotação
inicialmente no programa de metal da MTV americana Headbangers'
Ball para depois entrar em alta rotação na programação semanal
da emissora. A partir daí, o álbum Core passou mais de um
ano nas paradas, atingindo a marca de 3 milhões de cópias
nos EUA. A banda recebeu várias premiações: Grammy para melhor
performance hard rock por Plush; American Music Awards por
melhor artista novo pop/rock e melhor artista heavy metal/hard
rock, ambos em 1993; dois Billboard Video Awards e um Billboard
Music Award também para Plush; e um MTV Music Video Award
por melhor artista novo de 1993; a banda também foi votada
melhor artista novo e o vocalista Scott Weiland foi escolhido
melhor vocalista pela premiação da revista Rolling Stone escolhida
pelos leitores; os leitores da revista Guitar Player escolheram
Dean DeLeo melhor novo talento de 1993.
O STP passou praticamente todo o ano de 1993 em turnê, abriu
alguns shows do Megadeth e gravou um acúsitico para a MTV.
As críticas:
Apesar de todo o sucesso, o Stone Temple Pilots passou muito
tempo de sua carreira combatendo a percepção de que eles eram
um banda de Seattle. O seu álbum de estréia gerou muitas comparações
com a cena de rock alternativo do noroeste americano, quando
na verdade o Stone Temple Pilots passou toda a sua carreira
batalhando em pequenos bares no sul da California. O grupo
foi muitas vezes pejorativamente confundido com as histórias
de sucesso das bandas de Seattle como Pearl Jam e Alice In
Chains, onde é afirmado que o STP teria entrado "de carona"
na onda de sucesso do grunge. Na verdade, todas essas bandas
fazem parte de uma onda de bandas novas, cujas raízes são
a bizarra combinação do poderoso hard rock dos anos 70 e heavy
metal dessa época misturada com uma estética punk rock atual.
A partir da explosão do Nirvana, os críticos passaram a condenar
o sucesso de bandas que tinham atitude ou sonoridade similar,
alegando cópia ou ilegitimidade por esta ou aquela banda ser
ou não de Seattle. Acontece que o rock alternativo havia sido
por muito tempo uma indústria fechada onde as grandes gravadoras
não se aproximavam, e não havia o interesse nem das próprias
bandas em atingir um público maior. E, de repente estavam
todos comercializando o rock alternativo e todas as bandas
da cena, primeiramente de Seattle e depois de outros lugares,
foram colocadas no mercado.
Para o Stone Temple Pilots, a situação começou a piorar exatamente
quando foi lançado seu segundo single, Plush, que tinha guitarras
e vocal que podiam ser facilmente confundidos com Pearl Jam.
As discussões sobre o que é mainstream e o que é alternativo
e as críticas da imprensa especializada quase acabaram com
a banda, conforme admitiu Weiland em uma entrevista em 1995.
O segundo álbum e a crise:
Em 1994 o STP lança o seu segundo álbum, Purple, (também produzido
por Brendam O'Brien) que voltou a empilhar hits para a banda.
Vasoline, Interstate Love Song (que ficou 15 semanas em primeiro
lugar na parada de rock da Billboard) e Big Empty, que também
entrou para a trilha do filme The Crow são todas de Purple,
que chegou ao ao número 1 da Billboard e vendeu três milhões
de cópias nos EUA.
A reação da crítica desta vez foi dividida, algumas positivas
outras negativas, mas todos os críticos reconheciam a evolução
no som da banda. Mas nem tudo são boas notícias, chegam a
público rumores sobre o envolvimento do vocalista Scott Weiland
com heroína, e a banda é obrigada a cancelar vários shows
de sua turnê. Weiland passa um tempo envolvido com problemas
legais e clínicas de reabilitação. Em 1995, a banda volta
as paradas com uma versão de Dancin' Days para um disco em
tributo ao Led Zeppelin. Scott Weiland participa de um projeto
paralelo chamado The Magnificent Bastards, que grava algumas
músicas para a trilha do filme Tank Girls.
O
Stone Temple Pilots só volta a se reunir em 1996 com
o produtor Brendam O'Brien para a gravação de Tiny Music...
Songs From The Vatican Gift Shop. Foi o disco mais ousado
do STP até então, bastante elaborado musicalmente, misturando
vários estilos. O álbum teve relativo sucesso, atingindo
1 milhão de cópias vendidas nos EUA, apesar da impossibilidade
de uma melhor divulgação e de fazer shows devido aos
problemas do vocalista Scott Weiland. |
ao vivo em 1996, na California |
Diante da impossibilidade
de seguir sua carreira, os outros integrantes da banda unem-se
ao vocalista David Coutts, que tocava numa banda chamada Ten
Inch Man, para formar a banda Talk Show. Nesse ponto, o futuro
do Stone Temple Pilots é incerto. O Talk Show lança um álbum,
muito mal recebido pela crítica, em 1997 e sai em turnê pelos
EUA abrindo os shows do Foo Fighters.
Scott Weiland lança um álbum solo em 1998, mas no mesmo dia
do primeiro show de sua turnê solo, Scott é preso por posse
de drogas, e tem que passar mais um tempo entre clínicas e
tribunais.
O recomeço:
No fim de 98, os integrantes da banda resolvem trabalhar juntos
novamente. Um novo álbum, intitulado "Nº 4" é finalizado
em março de 1999 e tem lançamento previsto para outubro do
mesmo ano. Infelizmente, a poucos meses antes do lançamento
do álbum, Scott é novamente preso, e desta vez é condenado
a um ano de prisão por ter violado sua provação (uma espécie
de suspensão condicional da pena por posse e uso de drogas).
O álbum é lançado com pouca divulgação e a banda adia para
2000 os planos fazer uma turnê, o que não ocorre desde 1994.
No início de 2000, Scott Weiland deixa a prisão e banda retoma
o trabalho de promoção do álbum Nº4 com gravação de videoclips
e shows. O Stone Temple Pilots fatura um hit com a música
"Sour Girl" e o disco cresce nas paradas atingindo
1 milhão de cópias vendidas nos EUA no fim do ano. A turnê
também teve bastante sucesso, com vários shows para públicos
grandes no verão americano. Weiland finalmente mostrava sinais
concretos de sua recuperação definitiva. Em 2001 a banda começa
a gravar o seu quinto álbum, e para isso alugou uma mansão
em Malibu, onde o disco foi gravado com a produção de Brendan
O'Brien. Em julho é lançado Shangri-La Dee Da, um disco que
mistura todos os elementos presentes nos álbuns anteriores.
O fim?
Após o lançamento de Shangri-La Dee Da, o STP
embarcou uma turnê européia em agosto, retornando
aos palcos norte-americanos em novembro para participar do
festival Family Value, ao lado de bandas como Staind e Linkin'
Park. Nesse festival, a banda enfrentou um pouco de dificuldade
com o público, onde predominavam fãs do Linkin'
Park. Estranhamente, o STP pouco tocava as músicas
de seu novo trabalho, uma ou no máximo duas canções
novas eram apresentadas a cada show. Ao mesmo tempo, enquanto
o primeiro single do novo álbum, "Days of the
Week" teve boa aceitação pelo público,
nunca houve um segundo single para o disco, que acabou saíndo
de cena. A banda optou por lançar "Revolution",
cover dos Beatles como single, que teve a renda revertida
para instituições de apoio às vítimas
dos atentados de 11 de setembro.
Com o final do Family Values em novembro, a banda só
se apresentaria mais quatro vezes antes do final de 2001.
Uma turnê própria do STP nos EUA só aconteceria
em 2003, quando a banda se apresentou em 16 cidades entre
abril e maio. Em setembro a banda participou de alguns festivais
e em outubro intercalou datas próprias e alguns shows
como banda de abertura para o Aerosmith. Ao que tudo indica,
foram os últimos shows do Stone Temple Pilots.
Novidades sobre a banda só surgiriam em 2003. Oficialmente,
o STP iria dar uma nova parada, enquanto seus integrantes
iam anuncioando novos projetos. Em fevereiro, os irmãos
DeLeo assumiram a produção do álbum truANT,
da banda Alien Ant Farm. Em abril surge a notícia de
que Scott Weiland estaria trabalhando em seu segundo álbum
solo com o produtor Josh Abraham. O lançamento estaria
previsto para agosto pela Atlantic, o que acabou não
se confirmando.
Semanas depois, ainda em abril, surge o boato de que Scott
Weiland estaria ensaiando com o chamado The Project, banda
formada pelos remanescentes do Guns n' Roses (Slash, Duff
McKagan e Matt Sorum), que estavam a procura de um vocalista
e já haviam feito testes com Sebastian Bach (ex-Skid
Row) e Travis Meeks (Days of the New), entre outros.
Em maio foi revelado pelo próprio Weiland (e desmentido
pelos porta-vozes dos ex-integrantes do Guns) que ele realmente
seria o vocalista da nova banda. Weiland disse ainda que foram
gravadas duas músicas para inclusão em trilhas
sonoras: "Money", cover do Pink Floyd, para o filme
Italian Job e a inédita "Set Me Free", que
foi incluída nos créditos finais do filme The
Hulk. Nessa época, o nome provisório da nova
banda era Reloaded.
Ainda em maio, acontece mais uma reviravolta: Scott Weiland
é preso pela polícia de Los Angeles, que encontrou
drogas em seu carro. Weiland foi liberado sob fiança,
e a primeira audiência foi marcada pela justiça
americana para 2 de junho.
A notícia de que Weiland novamente estava envolvido
com drogas não surpreendeu aqueles que conviviam com
os integrantes do STP, e para os fãs serviu de explicação
para algumas notícias estranhas que vinham sendo divulgadas
há algum tempo (notadamente as entrevistas que davam
conta de um clima tenso durante as gravações
de Shangri-La Dee Da e um episódio em novembro de 2001
quando Weiland foi preso em Las Vegas por agressão
a sua esposa, que tentou evitar que ele deixasse o quarto
do hotel para comprar "medicamentos").
A esta altura, ninguém se arriscava a fazer qualquer
prognóstico sobre o futuro do Stone Temple Pilots.
Na primeira audiência, Weiland alega inocência
e uma nova data é marcada pelo tribunal. No dia 3 de
junho, foi confirmado oficialmente que Weiland é mesmo
o vocalista da nova banda, e no dia 6 surge nova notícia
de que o nome definitivo do projeto será Velvet Revolver.
Em meio a tantas notícias, no dia 12 de junho a Atlantic
anuncia o lançamento de um greatest hits da banda para
o final do ano.

Weiland na audiência |
Depois
de praticamente monopolizar os noticiários por
semanas, finalmente Weiland/Velvet Revolver/STP deixam
as manchetes, surgindo novidades apenas em agosto: Weiland
é sentenciado a três anos de probation,
ou "suspensão condicional" da pena,
onde ele será constantemente monitorado e se
reincidir cumprirá pena de um ano. |
Em outubro, mais um revés
para o vocalista: ele se envolve num acidente de trânsito
e é preso sob a alegação de dirigir sob
influência de narcóticos (não foi divulgado
qual substância). No entanto, a corte não executa
a pena, encaminhando Weiland para uma clínica de reabilitação,
com uma permissão especial supervisionada para sair
quatro horas por dia para gravar com o Velvet Revolver em
estúdio. O Velvet Revolver fechou com a RCA para o
lançamento de seu primeiro álbum no primeiro
semestre de 2004.
No dia 11 de Novembro é lançada a coletânea
"Thank You", com 15 faixas: 13 dos maiores sucessos
do Stone Temple Pilots, a inédita "All In The
Suit That You Wear" (gravada em 2002) e uma versão
acústica para "Plush". O disco foi lançado
também em edição limitada acompanhado
por um DVD com todos os videoclips da banda e material inédito.
Só pelo nome do disco, já era fácil imaginar
que já não haveria muito futuro para o Stone
Temple Pilots...
E a confirmação demorou apenas cinco dias. No
dia 16 de novembro, Robert e Dean DeLeo confirmaram em entrevista
para a revista Guitar One que o Stone Temple Pilots havia
encerrado as atividades, desejando a Weiland e Eric Krets
sucesso em seus futuros projetos.
É o fim de uma grande banda, que não se intimidou
com as críticas e tampouco se acomodou com o sucesso
de seu primeiro álbum, partindo para uma evolução
que calou muitos de seus detratores pelo caminho.
Apesar do fim da STP ter sido apontado como praticamente certo
em 1997, dessa vez parece ser realmente irreversível,
nunca antes um integrante havia admitido oficialmente.
STP: 1989-2003
É de se esperar que
o Velvet Revolver traga junto com o sucesso, a motivação
para que Scott Weiland supere seus problemas pessoais, enquanto
Eric Kretz planeja montar um estúdio. Já os
irmãos DeLeo seguem como produtores, tendo trabalhado
com o já citado Alien Ant Farm e a banda Monterey,
e, recentemente surgem novos boatos: Robert e Dean estariam
se juntando aos ex-Black Crowes Chris Robinson (vocal) e Steve
Gorman (bateria) para formar uma nova superbanda. Será?
Alexandre Luzardo
última atualiação:
dez/2003 |