A origem do Wellwater
Conspiracy remonta a 1992 quando o Soundgarden fez parte de
uma turnê ao lado do Monster Magnet. Matt Cameron e Ben Shepherd,
respectivamente o baterista e baixista do
Soundgarden conheceram o guitarrista do Monster Magnet
John McBain. Logo surgiu a afinidade que os três tinham pelo
som de garagem e a psicodelia dos anos 60 aliados a experimentalismo
puro e novas técnicas de gravação.
Ainda em 1992, John deixa o Monster Magnet, e com um convite
de Ben para morar em Seattle, seguiram-se novos encontros
e jam-sessions, culminando na idéia de gravar um álbum. A
A&M Records, gravadora do Soundgarden, bancou o projeto
e então alguns meses antes da gravação de "Superunknown",
clássico do Soundgarden, surgiu o Hater. McBain e Shepherd
comandavam as guitarras, com Matt na bateria. Para os vocais
foi chamado Brian Wood (irmão do falecido Andrew Wood, vocalista
do Mother Love Bone)
e Jason Waterman completava a formação tocando baixo.
O Hater sempre manteve o status de "projeto paralelo",
e praticamente encerrou as atividades imediamente após o lançamento
de seu disco de estréia (o auto-intitulado "Hater"
em 1993), até porque o Soundgarden naquele momento monopolizava
todas as atenções.

Hater: projeto paralelo que lançou seu
único disco em 1993
Mas paralelamente a trajetória do Soundgarden,
e mesmo com a finalização do álbum do Hater, o trio Matt Cameron,
Ben Shepherd e John McBain continuavam a tocar juntos esporadicamente,
e a partir daí passando a usar o nome Wellwater Conspiracy.
E assim foi, praticamente de 1993 a 1997, apenas em econtros
esporádicos e eventualmente lançando alguns singles em vinil
por minúsculas gravadoras de Seattle. A curiosidade é que
durante esse período, Matt e Ben seguiam com contratos vigentes
com a gravadora A&M, então, para os lançamentos do Wellwater
eram obrigados a usar pseudônimos: Matt Cameron era Ted (as
vezes Tad) Dameron enquanto que Ben Shepherd assinava apenas
como "Zeb". Nessa nova fase "pós-Hater",
Ben Shepherd (ou Zeb) assumiu os vocais.
Após o surpreendente final do Soundgarden em 1997, Ben e Matt
passam a ter tempo de sobra para se dedicar ao Wellwater e
foi assim que surgiu o primeiro álbum do grupo, ainda em 97,
"Declaration
of Conformity", que segue a sonoridade desenvolvida
no álbum do Hater, um som pesado de fortes referências a psicodelia
e ao rock de garagem da década de 1960. A crítica cita desde
The Who até Pink Floyd (da fase Syd Barrett) como referências
ao som da banda.
Mas mesmo após o fim do Soundgarden, o Wellwater Conspiracy
permaneceu quase anônimo, praticamente sem ser notado fora
do circuito de Seattle. (em parte devido a minúscula estrutura
da gravadora que lançou o disco, a Thrid Gear Records).

Wellwater com Ben Shepherd como vocalista
Um ano depois, Matt Cameron aceitou o convite
para assumir a bateria do
Pearl Jam. Inicialmente seria apenas durante a turnê de
divulgação do álbum "Yield"
mas a permanência de Matt no PJ acabou se estendendo e perdura
até hoje, embora estranhamente Matt Cameron ainda não seja
considerado um "integrante oficial" da banda.
O novo envolvimento com uma banda "grande" no entanto
não tirou o interesse de Matt Cameron pelo Wellwater e em
1999 é lançado o segundo álbum da banda, "Brotherhood
of Electric". O disco foi mais uma vez considerado
uma evidente evolução em relação ao trabalho anterior. Desta
vez, Ben Shepherd esteve mais afastado do processo de gravação
e produção do disco, e até hoje mantém um menor envolvimento
com o grupo, capitaneado agora somente por Matt Cameron (que
assumiu os vocais) e John McBain.
A partir de "Brotherhood Of Electric" o Wellwater
passou a fazer mais shows pela costa oeste americana e principalmente
na região de Seattle. As turnês dependiam da disponibilidade
de Matt Cameron no Pearl Jam. Com o passar do tempo, os shows
da banda foram se tornando mais regulares, ainda que imprevisíveis,
com diversos músicos convidados, setlists variadas e improvisações.
A "conspiração" chegou ao ponto des ser criado uma
espécie de Wellwater "alternativo"; ou seja, realizando
shows mesmo sem Matt Cameron, usando o nome de "Brotherhood
of Electric" e músicos convidados.

Matt Cameron e John McBain: desde 1999
os integrantes fixos da "conspiração"
Em 2001 sai o terceiro
álbum do grupo, intitulado "The
Scroll And Its Combinations", pela TVT Records, uma
gravadora um pouco maior, com mais facilidades de distribuição
pelas lojas americanas. O disco revela uma sonoridade cada
vez mais variada e criativa, com Matt e John se revezando
em diversos instrumentos. A banda participou de todo o processo
técnico das gravações, realizadas no recém-adquirido estúdio
articular de Matt Cameron. O Wellwater contou com algumas
participações especiais, como o próprio Ben Shepherd, o ex-guitarrista
do Soundgarden Kim Tahyl e os vocais de Wes C. Addle (leia-se
West Seattle), que não passa de um pseudônimo adotado por
Eddie Vedder em sua participação no disco.
Desde 2000 quem está tocando
baixo nos shows do Wellwater é o conhecido produtor Jack Endino.
Antes dele, outro músico conhecido a tocar baixo no Wellwater
foi o guitarrista Josh Homme (Queens of the Stone Age, Kyuss,
Screaming Trees), que tocou na banda em 1997, intercalando
com suas atividades de segundo guitarrista do Screaming Trees,
ainda antes de montar o QOTSA.
Em 2002,
Matt Cameron retoma suas atividades no Pearl Jam, que
lançou o álbum "Riot Act" naquele
ano. O Wellwater somente retornaria em 2003 com o lançamento
do álbum homônimo "Wellwater Conspiracy",
desta vez pela Megaforce Records (conhecido selo no
meio do metal). |
Convidados especiais: Ben Shepherd
e Jack Endino |
O disco foi gravado inteiramente por McBain e Cameron, com
teclados ocasionais por conta de Glenn Slater. Até
o último instante, o título do álbum
seria “Day Bed”, e chegaram a ser prensadas algumas
cópias promo, mas na última hora a banda optou
por um álbum auto-intitulado. Além da confusão
com o nome, o disco teve uma fraca divulgação
e o resultado foi uma repercussão pequena na mídia.
Para dificultar as coisas, não houve turnê, e
o resultado foi que apenas os fãs mais próximos
à banda chegaram até o disco, que é excelente
por sinal, aliando psicodelia e peso como nenhuma outra banda
faz hoje em dia. Durante 2004 Matt Cameron esteve envolvido
com as atividades do Pearl Jam, que planeja novo álbum
para 2005. Isso significa nada de novo para o Wellwater Conspiracy
num futuro próximo.
Alexandre Luzardo
agradecimentos: Mauro Klimel da
Silva
atualizado em Abril/2005 - AL
|