Na vitrola de V.M.
Queens Of The Stone Age / "Lullabies To Paralyze" (2005): "Ih mamãe, acho que entornou". É o que pensei ao terminar minha primeira audição do sucessor de "Songs For The Deaf". Muitos discos se revelam à medida que são sucessivamente escutados, mas não me parece que isso vá acontecer aqui. As últimas Desert Sessions fizeram um estrago no disco do QotSA, que tem muita coisa de lá, mesclada com o rockzinho do Eagles Of Death Metal. As faixas são rasas e incertas, os caminhos são bastante óbvios. Foi-se o peso e a lisergia verdadeira de outrora. As tentativas de experimentação são enfadonhas. Nick Oliveri não é o problema definitivo. Minha mais nova teoria afirma que se Mark Lanegan tivesse participado mais, o disco teria se saído menos pior. Para não cometer injustiças, menciono o riff de "Someone's In The Wolf" e o acerto de "Burn The Witch". Férias, por favor, para Josh Homme. (5,5/10)
(Recomendo o video de "Someone's In The Wolf". Os caras da banda mascarados e um show de mulher correndo pela floresta em um traje insinuante).
Arcade Fire / "Arcade Fire" EP (2003): Rapaz, consegui esse EP com um carinha em Amsterdam, que foi a um show deles e comprou um exemplar para mim. Eu, todo feliz com o item raro, vendido baratinho apenas nos shows da banda ou pela Ebay (a preços proibitivos). E não é que a gravadora Merge passou a vender um lote em seu site desde o começo da semana? Puerra, acabou a festa.
O disco não tem a profundidade e a intensidade de "Funeral", e sua produção é um pouquinho inferior. Mas em vários momentos dá para perceber que a banda tem algo mais, justificando as expectativas alçadas a "Funeral", quando este saiu em setembro de 2004. Destaque para o hit "No Cars Go" e a ótima performance de Régine Chassagne em "The Woodland National Anthem". O EP fica minimizado perto de "Funeral", mas destacado perto do que tem por aí. (8/10)
Fantômas / "Suspended Animation" (2005): Tá, eu mesmo que duvidava da possibilidade do Mike Patton sair um pouco da alto-indulgência e da dispersão de seus últimos projetos, caí para trás com "Suspended Animation". Vá para o inferno: esse cara fez O DISCO de pauleira de 2005. Pegue o primeiro disco da banda e inclua cinco anos de experiência com samplers e truques de mixagem. Noise eletrônico perfeitamente condensado com sujeira tradicional. Grind intercalado por inocentes vinhetas de animação infantil. Embale tudo num encarte em forma de calendário e o Fantômas conseguiu me surpreender. O disco é vivo, pulsante, surpreendente, interessante. Patton está no auge de seu domínio, controlando a festa com maestria. Para quem achava que música pesada tinha se restringido a cansativos riffs previsíveis. (10/10)
postado por V.M. em 13.4.05