Na vitrola de V.M.
Red Hot Chili Peppers / "Stadium Arcadium" (2006): É... todos têm seus pontos fracos, não? Um dos meus é essa banda, que embora não seja das mais recorrentes no que escuto, foi acompanhada em todos os seus estágios e segue aguçando minha curiosidade. Na época do "Blood Sugar", em plena adolescência, a digestão era outra: não se avaliava muito, mas se curtia horrores. Hoje, apenas um ingrediente me mantém interessado em escutar um disco recente dos caras (coisa que não já faço com outros medalhões como o PJ e o Foo Fighters) - John Frusciante - e isso não é novidade alguma para os colegas da DD. Pois bem, eu gosto do "By The Way" e acho o "Californication" um bom disco de recomeço. Mas nenhum deles é uma refeição fina, todos estão na categoria "disco genérico para grandes massa que é muito bem executado". Entretanto, quem foi à pesca por boas idéias soterradas pelo ego do Anthony Kiedis acabou encontrando coisas legais naqueles discos, já que o trio dos instrumentos faz um trabalho competente, independente do estilo. E Frusciante sempre achou um espacinho para liberar parcelas de sua musicalidade. Mas em "Stadium Arcadium", justamente o disco que sucedeu a despirocada de Frusciante com a enxurrada de discos solo, mostra a banda inerte, óbvia, subproduto dela mesma. O consenso necessário para se gravar um disco duplo (!) acaba não tomando partido de nada. Quando querem ser experimentais, não são. Quando querem ser pop, não fazem hits tão grudentos como os anteriores. Quando querem parecer maduros, parecem defasados. Algumas faixas vão bem ("Charlie", "Torture Me", "Tell Me Baby", "21st Century"), mas não escondem o exagero na pretensão e a falta de conteúdo. Um disco que devia ter sido mais curto e mais elaborado, se quisesse apenas evitarque a peteca dos anteriores caísse.
Band Of Horses / "Everything All The Time" (2006): A SubPop parece voltar às raízes lançando esse disco. Uma mistura de Neil Young com Dinosaur Jr. (fase "Where You Been?"), pelo menos para meus ouvidos, onde a graça toda está no desenvolvimento das melodias (a.k.a. musicalidade) das faixas. Nada muito diferente do que nós, macacos velhos, já escutamos, mas é daquelas bandas que faz o lance bem feito. E isso faz do disco alguma coisa mais interessante que vale a apresentação. Comentar que ele tem menos de quarenta minutos já dá a idéia que a banda chega, dá seu recado, e sai fora sem ficar embromando. Um lance bom em tempos onde muita gente que não tem o que dizer fica enchendo espaço com coisas inócuas.
http://www.myspace.com/bandofhorsesKaada / "Thank You For Giving Me Your Valuable Time" (2003): Esse Kaada é um norueguês viciado em colagens sonoras. Tipo um Fatboy Slim que não quis brigar com sua banda e preferiu ficar isolado com os comparsas numa cabana nórdica sem pensar em pistas de dança. Ele pega sonoridades dos anos 50/60 que vão de trilhas sonoras a teclados kitsch e joga num liquidificador, cujos botões pilota magistralmente. O legal é que ele não perde o foco da canção, são músicas bem escritas embora conduzidas por colagens e samplers, ao contrário de mixtapes de outros artistas que não conseguem se desvencilhar do "efeito pista". Talvez o único porém seja a tendência à repetição que o disco tem, mas no todo a coisa acaba terminando muito bem.
O Kaada gravou um disco com o Mike Patton chamado "Romances", onde eles levam essa tendência para um ambiente mais lúgubre, complexo e menos imediato. O vídeo abaixo é uma amostrinha "anabolizada" pelo formato banda:
http://www.youtube.com/watch?v=ybFE68QqBhI&search=kaada
postado por V.M. em 18.5.06