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O que andamos ouvindo?


 
Na vitrola de Fabricio Boppré

Tom Waits - "Alice": Tenho ouvido esse "Alice" com frequência... suas canções foram compostas para uma encenação de "Alice no País das Maravilhas", então, mais do que nunca, a música fascinante do Tom Waits soa como trilha sonora de sonhos sombrios e delirantes. Para ouvidos que vez ou outra cansam de guitarras e barulho, esse é um álbum bastante indicado.

The Cure - "Three Imaginaty Boys": Dizem que o Robert Smith não gosta muito deste disco de estréia do Cure, pois na época foram muitas as concessões que a banda teve que fazer para que o seu selo (a Fiction) o lançasse. A presença do cover de Jimi Hendrix (Foxy Lady) e a capa do LP teriam sido alguns dos motivos de discórida. Pouco tempo depois, aproveitando o sucesso do single Boy's Don't Cry, o disco foi relançado com outra arte e outro tracklist. Eu acho essa segunda edição, "Boy's Don't Cry", de fato mais legal (devido as presenças de Jumping Someone Else's Train, Killing An Arab e a faixa-título), mas "Three Imaginaty Boys" também é muito bom. Não chega a entrar num top-5 do Cure, nem é muito representativo quanto ao tipo de música que o Cure forjaria mais adiante e pela qual ficaria famoso, mas é bem mais interessante do que, por exemplo, esse último disco, de 2004.




 
Na vitrola de Alexandre Luzardo

Golden Smog - Another Fine Day [2006]
O Golden Smog é aquilo que hoje em dia se chamaria de um "coletivo". Lá de vez em quando uma galera parceria se reune e o resultado é um disco, o último havia sido lançado oito anos atrás. A melhor qualidade do Golden Smog talvez seja um problema para outras bandas: embora os discos costumam ser um tanto irregulares pela diversidade de compositores, é justamente essa mistura de personalidades que faz a banda interessante. Gary Louris é meio que o patrono do grupo, o manda-chuva. Dan Murphy é o esforçado simpático, Jeff Tweedy é o brilhante que chega de canto e rouba a cena, e por aí vai. Ouvindo esse disco novo, imediatamente me chamou atenção uma música meio familiar, e tive que vasculhar por créditos para descobrir que era um cover do Kinks, "Strangers", ficou próximo do espetacular. Outras duas belas músicas são "Long Time Ago" e "Gone". Sinto que ainda vou ouvir esse disco por muito tempo.

Grant Lee Phillips - Nineteeneighties [2006]
A idéia é quase apelativa: um disco de covers de músicas dos anos 80. Mas ouvindo o disco, não dá para achar que não seja uma homenagem sincera. Até pela coragem na escolha das músicas, ele não se furtou em gravar canções absolutamente consagradas e aparentemente intocáveis. "The Killing Moon", "Boys Don't Cry" e "Wave of Mutilation", por exemplo, estão presentes. E ainda tem a fantástica "So. Central Rain" do R.E.M. e outros grandes nomes como Nick Cave, Joy Division e Smiths, além de "Under the Milky Way" que foi grande sucesso de uma banda que acabou não vingando (The Church). O resultado ficou legal, com o Grant Lee desfilando toda a sua característica hiper-sensibilidade. Ele sempre ele passou uma sensação de fragilidade tão grande que a impressão é que se pegar um disco na mão e assoprar, o CD quebra. Mas funciona. Belo disco, Senhor Buffalo.

Mike Johnson - Gone Out of Your Mind [2006]
A principal referência para quem não conhece o Mike Johnson é naturalmente o trabalho solo de Mark Lanegan. O clima é o mesmo, músicas sombrias (quase mórbidas) extremamente bem arranjadas. Normal para um cara que aprendeu a solar com J Mascis. Não é um disco muito fácil de digerir, talvez falte um pouco de carisma, não bate aquela identificação instantânea, mas boto fé nesse sujeito. Se o Lanegan ficar se bobeando, o Mike Johnson atropela.




 
Na vitrola de Fabricio Boppré

Echo and the Bunnymen - "Porcupine": Prestes a começar a implementação da tão solicitada seção do Echo, tô desenterrando os discos da banda, para entrar no clima. "Porcupine" é um dos preferidos desde sempre: inventivo, ótimas melodias, a voz de Ian McCulloch na melhor forma. Belo disco, gravado há 23 anos atrás. A sequência final é primorosa: Higher Hell, Gods Will Be Gods e In Bluer Skies, essa última com direito a barulhinhos de mar e tudo.

Braid - "Frame and Canvas": Outrora preferidaço da casa, voltou à cena recentemente. Todos os discos que eu conheço do Braid são ótimos, mas destaco esse devido sua espetacular música de abertura, New Nathan Detroits. Pra quem não conhece, a referência lógica é o instrumental nervosinho do At the Drive-In. Daí puxa um pouco de Fugazi, Archers of Loaf e outros assemelhados. Ou seja, biscoito fino.




 
Na vitrola de V.M.

Comecei a escutar no domingo, e achei melhor postar agora para não perder as idéias que surgiram nesses três dias:

Jesu / "Silver" EP (2006): Interessante que o Alan McGee apresentou "Mr. Beast", do Mogwai, como o lance mais poderoso que ele ouviu desde "Loveless". E que "TheFutureEmbrace" do Billy Corgan tenha sido exaustivamente atrelado ao shoegazing, assim como não páram de surgir bandas que celebram a sonoridade imaculada por Kevin Shields (Serena Maneesh e Guitaro, só para citar). Mais interessante ainda é que coube a um nome do som pesado efetivamente fazer o trabalho que melhor sintetizou o que muitos vêm tentando consolidar. Justin Broadrick (o cara por trás do cultuado Godflesh) aperfeiçoou o Jesu nesse EP, dando um passo além da sensação de desolação do projeto para assumir uma postura mais confiante. Mais estarrecedora é a delineação sonora perfeita, onde guitarras e mais guitarras emparedam com sons eletrônico, fazendo o híbrido perfeito que, provavelmente, deixou o Kevin Shields preocupado. "Star", por exemplo, é EXATAMENTE o que Billy Corgan deveria ter feito para livrar seu trabalho solo do fiasco público. "Wolves", por sua vez, marca novos paradigmas para Trent Reznor derrubar. Eletrônica e guitarras em extrema sintonia, composições no ponto, "Silver" é incontestável.

Ficam minhas expectativas para que Broadrick esteja consciente do EPzaço que gravou e que esse feito se consolide num LP seguinte.

http://www.avalancheinc.co.uk/jesusilver.html (com samples em MP3)




 
Na vitrola de V.M.

Isis / "Panopticon" (2004): Da série "voltando a discos que estavam esquecidos na prateleira", resgatei o último do Isis, queimei e deixei no carro. Que essa banda é massa e é das melhores dos novos sons pesados, eu já cansei de escrever. Mas eu redescobri com essas audições que "Panopticon" é o melhor disco deles, ainda que a discografia da banda não mereça ser ignorada em nenhum de seus itens anteriores. Da influência direta de Godflesh, A. Turner e cia. trazem riffs espessos e pesados. Com eles, priorizam o lado instrumental da coisa, desprezando técnica e velocidade, focando na puxada da bateria monstro e no clima arrastadão. Geralmente, intercalam momentos contidos de dedilhados de guitarras limpas e fortalezas arrasadoras de distorção, criando o estimado efeito calamaria-esporro-calmaria. Os vocais urrados são econômicos, uma decisão acertada que os valoriza quando acontecem. Daquelas bandas cujo som se destaca logo de cara, potencializando um espaço dedicado nas seleções sonoras.

John Zorn / "Masada vol. 1" (1994): Sigo na minha peregrinação pela obra de Zorn, sendo freqüentemente surpreendido por projetos muito interessantes que renovam meu escopo musical. Zorn se notabilizou como um dos grandes nomes do avant-garde mundial, embora seja também apontado como um compositor fraco que desvia o foco de sua incapacidade de construir grandes melodias ao puxar seu trabalho para os espasmos musicais. Em 1994, agrupou-se com Joey Baron, Greg Cohen e Dave Douglas, formando o Masada, uma de suas bandas mais respeitadas. Ali, Zorn explora justamente a verve composicional que tanto lhe é questionada, usando o formato do jazz para delinear composições relacionadas com a cultura judaica. Incrivelmente, o resultado se coloca no meio do caminho: não é jazz puro, mas também não é música étnica. Instrumentistas de primeiríssima linha em alto grau de entrosamento fazem da gravação uma experiência instigante - o interesse é preservado do início ao fim da gravação. Quebradeira e frenesi na hora certa, momentos de construção de climas e uma fluência irrepreensível justificam o status cult do Masada, que gravou mais nove discos nos anos seguintes, editou mais uma outra leva de discos ao vivo e ganhou de Zorn outras encarnações, como o Electric Masada, o Masada String Trio e o Masada Book, todas com o intuito de explorar as composições a partir de outras óticas sonoras.




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